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Médica é acusada de mentir diagnóstico de câncer para cobrar por cirurgia; veja como se previnir

Carolina Biscaia Carminatti trabalha em clínica de Pato Branco, interior do Paraná

Carolina Biscaia: médica é investigada por golpe com falsos diagnósticos de câncer (Redes Sociais/Reprodução)

Carolina Biscaia: médica é investigada por golpe com falsos diagnósticos de câncer (Redes Sociais/Reprodução)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 18 de março de 2024 às 17h36.

A Polícia Civil do Paraná está investigando 22 queixas feitas contra a médica Carolina Biscaia Carminatti, de 35 anos, que atende na cidade de Pato Branco. Ela é acusada por pacientes de realizar golpes ao fornecer falsos diagnósticos de câncer de pele, com o propósito de lucrar através da realização de procedimentos cirúrgicos desnecessários.

Segundo os investigadores, uma das vítimas teria sido prejudicada em cerca de R$ 13 mil, além de sofrer trauma e cicatrizes decorrentes dos procedimentos.

Caso seja indiciada, Carolina poderá enfrentar acusações de estelionato, lesões corporais e falsificação de documento particular. A polícia recebeu uma série de denúncias dos pacientes, que só descobriram após passarem por exposição física e psicológica que os diagnósticos de câncer fornecidos pela médica eram falsos.

Após a divulgação do caso, o número de supostas vítimas aumentou, com pessoas relatando perdas financeiras que variam de R$ 5 mil a R$ 13 mil em procedimentos fraudulentos. Os investigadores realizaram um mandado de busca e apreensão no consultório da médica, onde foram recolhidos computadores, celulares e documentos, que estão passando por perícia.

"As vítimas contam que procuravam a médica para uma consulta dermatológica por conta de algum problema e, já na primeira consulta, a médica olhava pintas, manchas na pele e indicava que podia ser câncer. Com isso, ela recolhia o material para mandar para exame e, na sequência, marcava uma nova consulta onde mostrava um laudo supostamente falsificado onde constava que aquela pessoa estava com câncer", disse o delegado Helder Andrade Lauria, responsável pela investigações, ao jornal "O Globo".

E acrescentou: "Nesse mesmo momento ela já realizava procedimentos cirúrgicos para retirada dessas manchas e cobrava os valores. Algumas vítimas procuraram outro laboratório, onde acabaram recebendo um laudo original, onde não constava nenhuma doença. Ao contrário do que havia dito a médica, elas não tinham câncer".

De acordo com o investigador, os pacientes relataram que, em situações de desespero, perguntavam à médica se os altos custos dos procedimentos poderiam ser cobertos pelo plano de saúde, mas, ela negava essa possibilidade. Os pacientes também afirmaram que eram pressionados a efetuar o pagamento, seja em dinheiro ou cartão, de forma imediata, no consultório. Aqueles que hesitavam em prosseguir com a cirurgia enfrentavam a insistência da profissional. Carolina Biscaia Carminatti era responsável por realizar as cirurgias pessoalmente.

Como o golpe foi descoberto?

Os pacientes começaram a suspeitar de Carolina quando solicitaram os resultados dos exames, que indicavam a presença do suposto câncer, e a médica retornava através do WhatsApp com um documento repleto de erros. Ao comparecerem ao laboratório mencionado no documento para confrontar as informações, descobriram que a empresa também era vítima do suposto esquema.

"Ela pegava um trecho do diagnóstico de alguém que realmente tinha a doença e fazia uma sobreposição no papel. Xerocava e depois apresentava às vítimas, como sendo de fato o exame verdadeiro", detalhou o advogado André Luiz Rodrigues Hamera, que representa esses pacientes.

"Algumas vítimas tiveram que costurar 10, 12 pontos por procedimentos sem nenhuma necessidade. Uma paciente ficou com uma cicatriz gigantesca na perna. Quem olha as fotografias fica impressionado", disse. "Fora os danos psicológicos. Porque uma coisa é você receber um diagnóstico de gripe, outro é ouvir que você tem câncer. Quando as famílias recebiam essas notícias, se desestruturavam".

Ao longa investigação, o Conselho Regional de Medicina do Paraná também revelou que Carolina não possui registro de especialidade em demartologia. O CRM-PR instaurou um procedimento sindicante que corre sob sigilo.

A Sociedade Brasileira de Dermatologia no Paraná também informou que "a médica já havia sido denunciada e julgada anteriormente por divulgar indevidamente uma especialidade médica".

O que diz a defesa da médica?

Ao "O Globo", o advogado de Carolina Biscaia, Valmor Antonio Weissheimer, declarou em nota que não há qualquer acusação formal contra sua cliente e que aguarda a conclusão da perícia técnica. Ele também frizou que não existem provas do crime cometido pela médica.

"Sobre as possíveis ações cíveis entendemos que não existem quaisquer provas cabais que possam induzir o juízo a julgá-las procedentes. Com relação ao CRM, iremos comprovar que não restam evidências que possam levar o órgão de classe a qualquer punição em face da profissional. Nossa cliente está calma, porque é sabedora que tudo será esclarecido no momento certo".

Procurada pela EXAME, Carolina Biscaia ainda não respondeu sobre as acusações.

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