Maurício Kubrusly: jornalista foi diagnosticado com demência (Altas Horas/Reprodução)
Redação Exame
Publicado em 21 de agosto de 2023 às 16h57.
Última atualização em 21 de agosto de 2023 às 19h47.
O jornalista Maurício Kubrusly, de 77 anos, homenageado na série especial do aniversário do "Fantástico", chamou a atenção pela sua condição progressiva de saúde, após ter sido diagnosticado com demência frontotemporal (DFT) há alguns anos.
A demência frontotemporal afeta normalmente indivíduos entre 45 e 60 anos e é causada por diversos fatores, como genéticos.
De acordo com o Pós Ph.D. em neurociências, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, a genética e alterações cerebrais podem influenciar o desenvolvimento da doença.
“Modificações em genes importantes para o funcionamento cerebral também podem desencadeá-la, como GRN, que tem como função a codificação da progranulina, alterações nesse gene causam sintomas diferentes em membros da família e faz com que a doença surja em diferentes faixas etárias, ou o C9ORF72, que quando alterado se torna um fator de alerta para o surgimento de demência frontotemporal e outras condições, como o ELA — Esclerose Lateral Amiotrófica”.
“O distúrbio atinge os lobos frontais e temporais do cérebro, responsáveis, respectivamente, pela execução de ações com intencionalidade, “freios sociais” e linguagem, memória, capacidade visual e auditiva” Afirma Dr. Fabiano.
Os principais sintomas da demência frontotemporal variam de acordo com as áreas do cérebro afetadas. Na fase inicial, podem incluir alterações comportamentais, como impulsividade, desinibição, apatia ou perda de empatia. Dificuldades de linguagem também são comuns, manifestando-se como problemas de compreensão, produção verbal e nomeação, mudanças emocionais, como oscilações de humor e falta de autocontrole, podem ser evidentes.
À medida que a doença progride, a deterioração cognitiva torna-se mais perceptível, afetando a memória e o pensamento abstrato.
“A demência frontotemporal tem causas multifatoriais, indo desde causas biológicas, ambientais, como consumo de álcool, à genética, em geral estão relacionados a perda de neurônios ou quantidades anormais e pelo acúmulo anormal da proteína Tau, substância que tem como função estabilizar os microtúbulos pela agregação de tubulina, o excesso dela está ligado a diversas doenças neurodegenerativas, como Alzheimer”.
“O histórico familiar também influencia o transtorno, estima-se que cerca de 10% a 30% dos casos derivam de causas genéticas”, afirma o dr. Fabiano de Abreu.
“O diagnóstico da doença é baseado na avaliação médica e exames físicos, como exame neurológico ou teste de estado mental, a Tomografia por emissão de pósitrons (PET) com deoxiglicose marcada com flúor-18 (18F) (fluorodesoxiglicose, ou FDG) também pode ser usada para identificar a demência através da análise das regiões anteriores nos lobos frontais, córtex temporal anterior e córtex cingulado anterior”.
“O tratamento da demência frontotemporal é complexo, não há cura definitiva, mas terapias farmacológicas podem ajudar a gerenciar sintomas comportamentais e emocionais, embora com resultados variáveis”.
“Terapias não farmacológicas, como terapia ocupacional e psicoterapia, podem auxiliar na adaptação a mudanças na vida diária. Uma abordagem multidisciplinar, com envolvimento de médicos, neuropsicólogos, fonoaudiólogos e assistentes sociais, é essencial para o tratamento eficaz”, explica o dr. Fabiano.