O radiotelescópio ASKAP que descobriu o estranho sinal de rádio
Redação Exame
Publicado em 11 de junho de 2024 às 09h36.
Última atualização em 12 de junho de 2024 às 12h47.
Os astrônomos estão intrigados. Descobriram recentemente uma transmissão de rádio que não se parece com nada daquilo que já tenham visto alguma vez. Além de ter um ciclo de quase uma hora de duração (o mais longo já visto), ao longo de várias observações os cientistas perceberam que flashes longos e brilhantes eram emitidos, às vezes pulsos rápidos e fracos e, às vezes, nada.
O mais provável é que seja uma estrela de nêutrons muito incomum, mas não se pode descartar outras possibilidades. A descoberta foi publicada na revista Nature Astronomy.
O ASKAP J1935+2148 (os números no nome indicam sua localização no céu) é a transmissão de rádio descoberta com o radiotelescópio ASKAP da Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO) em Wajarri Yamaji Country, no interior da Austrália.
O ASKAP J1935+2148 pertence à classe relativamente nova de transmissão de rádio de longo período. Apenas dois outros já foram encontrados, e o período de 53,8 minutos do ASKAP J1935+2148 é de longe o mais longo.
A origem de um sinal com um período tão longo permanece um mistério, sendo uma estrela de nêutrons de rotação lenta a principal suspeita. No entanto, não se pode descartar a possibilidade de o objeto ser uma anã branca – as “cinzas” do tamanho da Terra de uma estrela como o Sol que esgotou seu combustível nuclear.
Ainda não se sabe há quanto tempo o ASKAP J1935+2148 está emitindo sinais de rádio, pois as pesquisas da área não costumam procurar objetos com períodos tão longos. Além disso, as emissões de rádio dessa fonte só são detectadas durante apenas 0,01% a 1,5% de seu período de rotação, dependendo de seu estado de emissão.
Logo, os cientistas tivemos muita sorte de avistar o ASKAP J1935+2148. É bem provável que existam muitos outros objetos como esse em outras partes da nossa galáxia.