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Esta cidade do Japão tem primeira criança em décadas — e dezenas de bonecos para preencher o 'vazio'

Ichinono, cidade japonesa com população idosa, celebra nascimento de bebê e espera revitalização com novas políticas

Ichinono: primeira criança nascida em décadas traz esperança à cidade japonesa em declínio demográfico (Tomohiro OSAKI/AFP)

Ichinono: primeira criança nascida em décadas traz esperança à cidade japonesa em declínio demográfico (Tomohiro OSAKI/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 25 de outubro de 2024 às 09h19.

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Kuranosuke Kato pedala seu triciclo tranquilamente por Ichinono. É a primeira criança nascida em décadas nesta pequena cidade japonesa, decorada com bonecos em tamanho natural para compensar a sensação de vazio. Situada a cerca de 60 quilômetros de Osaka, Ichinono é um dos 20.000 municípios do país onde a maioria dos moradores tem 65 anos ou mais, segundo dados do governo.

A revitalização das zonas rurais é um dos principais compromissos do novo primeiro-ministro Shigeru Ishiba, que luta para manter a maioria parlamentar nas eleições antecipadas deste domingo.

Crise demográfica no Japão

Ishiba definiu a baixíssima taxa de fertilidade no Japão como uma "emergência silenciosa", algo evidente em lugares como Ichinono, com menos de 60 habitantes. Muitos países desenvolvidos enfrentam uma crise demográfica, mas o Japão, com uma política de imigração restritiva, tem a segunda população mais idosa do mundo, atrás apenas de Mônaco.

Para compensar o vazio, as ruas de Ichinono são decoradas com bonecos em tamanho real, simulando atividades cotidianas. Alguns estão em balanços, outros empurram um carrinho de lenha ou lançam sorrisos aos visitantes.

A primeira criança da cidade em décadas (Tomohiro OSAKI/AFP)

Esperança para o futuro

"Os bonecos provavelmente são em maior número do que nós", brinca Hisayo Yamazaki, uma viúva de 88 anos. O cultivo de arroz e a destilação de saquê já foram atividades prósperas na cidade, mas o êxodo de jovens em busca de emprego em grandes cidades acabou esvaziando o local.

A família Kato, no entanto, fez o caminho inverso: em 2021, Rie e Toshiki (33 e 31 anos) mudaram-se de Osaka para Ichinono, onde nasceu seu filho Kuranosuke. O casal optou por trocar a vida urbana pelo campo durante a pandemia, aproveitando a flexibilidade do trabalho remoto.

Kuranosuke, o morador mais jovem de Ichinono, é mimado pelos vizinhos, que oferecem refeições caseiras e cuidam dele coletivamente. "Ele é nosso orgulho", afirma o prefeito Ichiro Sawayama, de 74 anos. “É como se fosse meu bisneto”, diz Yamazaki.

Desafios e Tradições

Apesar da acolhida calorosa, o isolamento de Ichinono pode desencorajar novos moradores. Regras desatualizadas, como a exigência de aprovação por moradores antigos e a oferta de sacos de arroz ou dinheiro para se mudar para a cidade, ainda existem, embora não sejam mais aplicadas.

O declínio das zonas rurais é agravado pela topografia do Japão, que enfrenta riscos frequentes de desastres naturais, tornando áreas remotas menos atraentes para a moradia, diz Taro Taguchi, professor de desenvolvimento comunitário na Universidade de Tokushima.

O novo primeiro-ministro prometeu "regenerar o Japão" com políticas que incluam subsídios para regiões em declínio. Enquanto isso, Toshiki Kato trabalha em um projeto de renovação de casas centenárias, com o objetivo de agregar valor às propriedades e evitar a extinção de Ichinono.

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