Veja como funciona (Paula RAMON/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 27 de outubro de 2023 às 17h50.
Última atualização em 27 de outubro de 2023 às 17h55.
Quando Scout Frank perdeu a mãe, ela decidiu colocar algumas de suas cinzas em um colar para se sentir próxima dela. Mas, em seu processo de luto, encontrou uma forma de realmente carregar isso sob a pele: com uma tatuagem.
Com a caixa de madeira onde guardava as cinzas de sua mãe, Frank chegou emocionada ao estúdio da tatuadora Kat Dukes, na cidade costeira californiana de Oceanside.
"É impressionante", disse Frank com a voz embargada, sentada em uma cadeira preta, enquanto Dukes retira as cinzas da caixa.
A artista, que tatua cinzas de entes queridos na Califórnia, pegou uma pequena fração do material e as entregou à jovem para que, em uma espécie de momento cerimonial, ela pudesse adicioná-las à tinta.
"Vamos, mãe!", disse Frank, cujas lágrimas se transformaram em um sorriso.
"É uma forma diferente de respeitá-la, em vez de ter [as cinzas] somente na minha casa", comentou.
Dukes, que conquistou clientes fiéis em seu estúdio Steel Honey graças ao seu estilo de tatuagem manual, incorporou a prática das cinzas há três anos e meio, quando um de seus clientes lhe disse que queria homenagear seu cachorro de uma forma ainda mais íntima.
"Ouvi dizer que isso poderia ser feito, mas não sabia como", disse a artista de 32 anos. "Foi muito simples, basta adicionar as cinzas à tinta. Foi o que fizemos e isso tornou tudo muito mais especial", contou.
A tatuadora viu seus vídeos viralizarem nas redes sociais. E, com a exposição, veio o tsunami de críticas.
"Recebo muitas críticas por fazer isso. Muitas pessoas argumentam que não é higiênico", disse Dukes, que abraçou tanto a prática que tatuou as cinzas do pai em si mesma. "Isso é um pouco malvisto aqui nos Estados Unidos, porque as pessoas não ouvem falar disso com frequência. E as pessoas rejeitam imediatamente o que é estranho para elas", opinou.
Dukes afirma que não há risco de contaminação ou infecção pelo uso de cinzas de cremação e que uma inspeção sanitária constatou que seu trabalho é seguro e que seu estúdio não viola nenhuma regulamentação.
A artista explicou que isso a ajudou a superar o impacto psicológico da avalanche de críticas, assim como a reação de seus clientes, "não importa o ódio que eu receba".
"É muito especial poder fazer algo assim com uma pessoa como Kat", disse Frank, que perdeu a conta de quantas tatuagens tem, enquanto olha para o desenho finalizado em seu tornozelo.
A silhueta de uma pomba, de asas abertas, foi o desenho que a jovem dona de uma loja de roupas vintage escolheu para homenagear sua mãe que, para dizer "i love you" (eu te amo), trocava as palavras "love" por "dove" ("amor" por "pombo" em inglês).
"Tê-la realmente ligada a mim é uma sensação muito diferente. É algo que não posso perder, que não pode ser tirado de mim", sorriu. "Ela já faz parte de mim, mas agora ela realmente fará parte de mim para sempre."