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Disponível na Netflix, filme 'Mal que Nos Habita' é baseado em problema real; entenda

Filme de terror argentino aclamado pela crítica traz à tona a questão do uso abusivo de agrotóxicos

'O Mal que nos habita' está disponível na Netflix desde último dia 14 de junho. (Reprodução/Divulgação)

'O Mal que nos habita' está disponível na Netflix desde último dia 14 de junho. (Reprodução/Divulgação)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 18 de junho de 2024 às 09h22.

"O Mal que Nos Habita", um dos filmes de terror mais elogiados do último ano, acaba de ser disponibilizado no catálogo da Netflix. O longa-metragem leva o público a uma tranquila cidade do interior da Argentina, onde dois irmãos encontram um corpo mutilado ao lado de itens que indicam uma tentativa de eliminar um demônio. A trama se desenrola com os irmãos tentando libertar o corpo possuído, agravando a situação ao envolver outras pessoas.

Escrito e dirigido por Demián Rugna, o filme é ambientado em um universo próprio, repleto de cenas gráficas. Embora fictício, o diretor se inspirou em um problema real: o uso abusivo de agrotóxicos em regiões agrícolas na Argentina. Rugna explicou que a ideia surgiu após ler sobre os problemas de saúde enfrentados por moradores dessas regiões, causados pela contaminação das terras com glifosato, um pesticida. Muitas pessoas que trabalham nesses campos acabam diagnosticadas com câncer, incluindo crianças.

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Reflexão de problema real

"O Mal que Nos Habita" não é apenas um filme de terror, mas uma reflexão sobre os problemas reais enfrentados por trabalhadores rurais na Argentina. A narrativa de possessão demoníaca serve como uma metáfora para as dificuldades e a luta pela sobrevivência em um ambiente contaminado e negligenciado. A obra destaca a importância de abordar questões sociais e de saúde pública através do cinema, trazendo visibilidade para problemas frequentemente ignorados.

Durante o evento Fantastic Fest, no Texas, Rugna detalhou como a situação alarmante das terras contaminadas o levou a criar a narrativa do filme. Ele substituiu a doença por possessão demoníaca, colocando os personagens em um cenário rural e isolado, onde a ajuda é escassa. A paisagem das áreas rurais argentinas e a dificuldade de acesso a recursos básicos serviram como base para a construção do enredo.

Rugna também quis explorar o tema do exorcismo em um contexto diferente dos tradicionais filmes ambientados em grandes cidades ou mansões. Ele imaginou o desafio enfrentado por pessoas em regiões remotas ao tentar lidar com possessões demoníacas sem acesso fácil a um padre. Essa abordagem visou retratar a realidade de muitas comunidades argentinas que enfrentam negligência e abandono.

O filme, que chegou ao catálogo da Netflix em 14 de junho, já estava disponível para aluguel em plataformas como Apple TV e Google Play Filmes & TV. Agora, sem custos adicionais para os assinantes, a obra prima do terror argentino está acessível a um público ainda maior. Rugna também sugeriu que uma sequência do filme pode estar a caminho, embora ainda não haja produção ou roteiro confirmados.

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