James Cameron: diretor fala sobre a participação dos streamings em premiações (Axelle/Bauer-Griffin/FilmMagic/Getty Images)
Estagiária de jornalismo
Publicado em 25 de novembro de 2025 às 15h30.
O diretor James Cameron, nome por trás de filmes de sucesso como "Titanic" e "Avatar", se posicionou contra a presença dos serviços de streaming nas maiores premiações do cinema internacional, como o Oscar. "O streaming realmente prejudicou nosso negócio", disse Cameron em entrevista ao podcast The Town.
A polêmica começou quando o jornalista Matthew Belloni questionou o cineasta sobre a possível venda da Warner Bros Discovery. Cameron respondeu que "acha que a Paramount é a melhor escolha. A Netflix seria um desastre. Ted Sarandos [co-CEO da Netflix] já declarou publicamente que os filmes exibidos nos cinemas estão mortos."
Belloni rebateu dizendo que a proposta de Sarandos prevê investimento em cinema caso a Netflix adquira a Warner mas, para Cameron, isso é apenas uma "isca para trouxas." O diretor acredita que o serviço de streaming planeja lançar alguns filmes no cinema apenas para ganhar o Oscar e, na visão dele, "isso é fundamentalmente podre."
Cameron ainda defendeu que devem existir outras condições para que filmes de streaming concorram às premiações. "Eles deveriam ter permissão para competir [no Oscar] se lançarem o filme em uma exibição significativa em 2.000 cinemas durante um mês", afirmou.
Na última edição do Oscar, em 2025, "Emília Perez", um filme da Netflix, foi líder em indicações. "As pessoas ainda vão ao cinema, mas é apenas 75% do que era nos anos 1990", disse Cameron.
A Warner enfrenta uma das maiores crises da história recente do setor de mídia. Desde a fusão entre WarnerMedia e Discovery, em 2022, a companhia perdeu quase 60% de valor de mercado e viu seu braço de televisão linear — que inclui CNN, TNT e Discovery Channel — encolher diante do avanço do streaming.
Em 2024, a empresa registrou um prejuízo contábil de US$ 9,1 bilhões com desvalorização desses ativos e sofreu novo baque em 2025 com a perda dos direitos de reprodução dos jogos da liga americana de basquete, a NBA.
O cenário piorou com a queda de receitas no primeiro semestre de 2025 e o rebaixamento da nota de crédito pela agência S&P para grau especulativo. É esperado que as receitas de publicidade e TV paga continuem a cair até 2026.
Apesar da deterioração financeira, a WBD recusou três propostas de aquisição da Paramount até o momento, incluindo uma oferta final estimada em US$ 75 bilhões, que prevê a transferência da obrigação da dívida para a companhia.
Para a Warner, especialmente para o CEO David Zaslav, o valor oferecido é uma subavaliação dos ativos, e mostra uma "incompatibilidade estratégica". Há também o temor sobre riscos regulatórios com agências americanas.
Em vez de fechar a oferta com a Paramount diretamente, a empresa iniciou um processo formal de leilão, buscando atrair lances parciais de grupos como Netflix e Comcast, interessados apenas nos estúdios e na plataforma HBO Max.
Como alternativa à venda total, a WBD também estuda a divisão da empresa em duas até 2026: uma unidade com foco em streaming e produção cinematográfica, sob comando de Zaslav, e outra com os ativos de televisão linear, liderada pelo CFO Gunnar Wiedenfels. Desse modo, a Warner conseguiria vender partes separadas de sua companhia e, assim, ter mais controle sobre a aquisição.