Pato-de-papuda (Musk Duck): pato australiano é capaz de imitar sons humanos. (Lip Kee/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 8 de setembro de 2021 às 10h00.
Patos-de-papuda criados em cativeiro são capazes de imitar sons que ouviram quando eram filhotes, como uma porta batendo, um homem tossindo e até a expressão "you bloody fool", que em português seria algo como "seu idiota".
Os animais aquáticos, que são de coloração cinza, geralmente aprendem a assobiar com seus companheiros mais velhos. Porém, indivíduos criados em cativeiro, longe de outros patos-de-papuda, são capazes de reproduzir sons associados à vida humana.
A descoberta, publicada no site New Scientist, coloca o pato-de-papuda ao lado de outros animais como os papagaios, beija-flores, baleias, focas, morcegos, elefantes e humanos (mas não outros primatas) como seres capazes de aprender a linguagem vocal, ou seja, conseguem adquirir "expressões" com base no que eles ouvem quando são crianças, segundo o pesquisador Carel ten Cate, da Universidade de Leiden na Holanda, e que conduziu o estudo. “A aprendizagem vocal é um traço raro, o que torna este pato particularmente especial”, afirma.
Cate já estuda o tema há anos e recentemente ficou encantado ao se deparar com uma história sobre um "pato falante da Austrália". O pesquisador foi atrás de quem tinha percebido tal façanha. Trata-se do cientista australiano, agora aposentado, Peter J. Fullgar, que já tinha presenciado a habilidade do pato há 30 anos atrás.
Fullagar compartilhou seus arquivos de áudio de Ripper, um pato-de-papuda macho criado em cativeiro em uma reserva natural sem outros patos da mesma espécie. Nos áudios, Ripper fala palavrões ao agir de forma agressiva e imita o som de uma porta batendo ao tentar atrair mulheres, segundo informações do site.
Depois de Cate verificar a autenticidade das gravações, ele usou um software para confirmar que as aves estavam repetindo ruídos de seu ambiente, em alguns casos sons que haviam ouvido apenas nas primeiras semanas de vida. Nas gravações, os patos emitiram esses sons dezenas de vezes em questão de minutos, em intervalos de cerca de 4 segundos.
“Quando ouvi essas histórias pela primeira vez, pensei: 'Oh, isso deve ser uma piada muito boa'”, disse Cate. “Mas, na verdade, eles vêm de cientistas e cuidadores de pássaros respeitados, e os relatórios são muito confiáveis. Aparentemente, esses patos estão aprendendo algo sobre vocalizações desde muito jovens”, afirmou o cientista ao News Scientist.