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Como Taylor Swift e Billie Eilish fizeram dos filmes uma nova mina de ouro

Artistas transformam turnês em sucessos audiovisuais, conquistando novas audiências e aumentando suas receitas

Billie Eilish e Taylor Swift: cantoras fazem parte de negócio lucrativo para os cinemas e streaming (Montagem/EXAME/Getty Images)

Billie Eilish e Taylor Swift: cantoras fazem parte de negócio lucrativo para os cinemas e streaming (Montagem/EXAME/Getty Images)

Publicado em 28 de novembro de 2025 às 05h01.

Última atualização em 28 de novembro de 2025 às 06h11.

Existe uma explicação científica para fãs que saem de shows e não conseguem se lembrar do que viram, mesmo tendo passado horas diante de seus artistas preferidos. A euforia gera um efeito neurológico de “amnésia de show” — termo popular que descreve a falha na formação de memórias detalhadas após experiências emocionais extremas. Para muitos fãs, os filmes de turnê ajudam a preencher essas lacunas. E, para artistas, cinemas e plataformas de streaming, se tornaram uma mina de ouro.

No próximo mês, estreia no Disney+ uma série documental de seis episódios e também uma nova versão do filme da turnê de Taylor Swift, The Eras Tour. O pacote faz parte de um acordo de US$ 100 milhões entre a artista e a plataforma, que inclui cenas inéditas do último show e bastidores da turnê.

Billie Eilish, por sua vez, adotou o modelo de venda antecipada: recebeu US$ 25 milhões da Apple TV+ por The World’s A Little Blurry e prepara, ao lado de James Cameron, um filme de sua última turnê Hit Me Hard and Soft em 3D com estreia marcada para 2026.

As duas artistas transformaram seus shows em ativos audiovisuais de longo alcance, com margens de lucro que superam as de muitas turnês físicas.

De show em show

Em 2023 não era difícil entrar em um shopping e dar de cara com uma série de pessoas usando pulseiras da amizade e roupas que representavam as "eras" de Swift. O filme Taylor Swift: The Eras Tour, antes de entrar para o catálogo do Disney+, foi exibido em mais de 8.500 salas de cinema, em mais de 110 países.

Mundialmente, o filme faturou US$ 261 milhões em bilheteria, segundo o Box Office Mojo. Com a venda dos direitos para o Disney+, que pagou cerca de US$ 75 milhões, segundo estimativas do mercado, o total ultrapassou a casa dos US$ 336 milhões. O custo estimado da operação foi de apenas US$ 15 milhões, segundo a Variety.

O resultado: lucro bruto superior a 2.000%. A distribuição direta permitiu à artista reter 57% da bilheteria, segundo o Hollywood Reporter, e posicionou o filme como o maior sucesso comercial da história entre produções do gênero.

Naquele mesmo ano, a cantora Beyoncé lançou Renaissance: A Film by Beyoncé, outro sucesso comercial, com um faturamento de US$ 44 milhões globalmente.

Eilish optou por um modelo diferente. Em vez de explorar o circuito comercial, vendeu os direitos de The World’s A Little Blurry para a Apple TV+ por US$ 25 milhões. O valor foi pago antecipadamente, blindando a artista de riscos de bilheteria. Sessões limitadas no cinema renderam outros US$ 2,1 milhões.

Agora, ela aposta em um novo projeto. Hit Me Hard and Soft: The Tour (Live in 3D), com estreia prevista para 2026. Codirigido por James Cameron, de Titanic e Avatar, o filme será lançado em formatos premium (IMAX, Dolby Cinema) nos Estados Unidos.

Billie Eilish

Billie Eilish: cantora lançará novo filme de turnê no ano que vem (Arturo Holmes / Equipe/Getty Images)

Multiplicação de receita e de audiência

A lógica dos filmes de turnê resolve um gargalo da indústria: a demanda reprimida por ingressos presenciais. A combinação de preços altos, limitação de datas e cidades fora das rotas tradicionais exclui milhões de fãs do espetáculo ao vivo.

Essas produções funcionam como salas de transbordo: oferecem a experiência do show por uma fração do custo — no caso de Swift, US$ 19,89 — e ampliam o alcance do artista para regiões fora da rota dos palcos.

Plataformas de streaming relatam picos de engajamento após lançamentos do gênero, com aumento na execução de faixas antigas, reedições de álbuns e tráfego orgânico nas redes sociais.

Após o lançamento do filme da turnê de Swift no Disney+, a plataforma registrou mais de 4,6 milhões de visualizações em apenas três dias. Dados da Nielsen mostraram que, na primeira semana após a estreia, o filme gerou 677 milhões de minutos de visualização nos Estados Unidos. Não demorou para que a gravação da turnê virasse o filme musical mais visto da história do streaming da Disney.

Swift como ativo estratégico

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