Crescimento da popularidade do desenho se deu também pelo fato de pais assistirem a animação junto dos filhos (Cuangyuwando/AFP)
Repórter
Publicado em 19 de agosto de 2025 às 18h09.
Última atualização em 19 de agosto de 2025 às 18h14.
Quando Bob Esponja estreou na Nickelodeon em 1999, poucos poderiam prever que a série se tornaria um fenômeno mundial. Na época, as aventuras subaquáticas de uma esponja do mar otimista se encaixavam no estilo irreverente das animações da emissora nos anos 1990 e início dos 2000, como A vida moderna de Rocko e Ren & Stimpy.
Embora muitos desses títulos sejam familiares apenas para quem cresceu naquela geração, Bob Esponja transcendeu o tempo. Vinte e cinco anos após sua estreia, a série alcançou um nível de reconhecimento comparável a ícones como Mickey Mouse, Looney Tunes e Hello Kitty, segundo reportagem da Fast Company.
Segundo o banco de dados de letras de músicas Genius, personagens da série foram mencionados centenas de vezes em letras de hip-hop. Na internet, memes e GIFs inspirados no desenho circulam constantemente.
A influência também se estende à moda e à arte. A série já foi tema de coleções com a marca Ice Cream de Pharrell Williams (2014), Moschino (2015), e colaborações com Vans (2021), Nike (2019) e Puma (2023).
Em 2019, o artista visual Louis De Guzman e o cantor J Balvin lançaram uma linha de roupas e itens para casa inspirados no personagem. Marcas como Supreme, Cactus Plant Flea Market, Uniqlo e Stella McCartney também lançaram coleções temáticas.
O resultado? Uma esponja amarela que se tornou musa da cultura pop e um império global avaliado em US$ 16 bilhões, segundo a Fast.
Pam Kaufman, presidente da Paramount para mercados internacionais, produtos de consumo e experiências, ingressou na Nickelodeon em 1997 como vice-presidente de marketing. Ela acompanhou de perto a estreia de Bob Esponja, que inicialmente teve recepção modesta.
Vincent Waller, produtor executivo da série, entrou para a equipe em 2000 como roteirista. Durante uma viagem a Xangai, na terceira temporada, ele presenteou uma criança com um desenho de SpongeBob, sem esperar reconhecimento. A reação foi surpreendente: o garoto gritou “Bob Esponja!” em chinês e atraiu outras crianças, que pediram mais desenhos.
Nos Estados Unidos, Kaufman começou a receber ligações de fãs pedindo produtos da série. Na época, ela liderava uma pequena divisão de produtos de consumo que havia surgido com o sucesso de Rugrats. A demanda por itens de Bob Esponja começou a cresceu rapidamente.
O primeiro produto oficial foi uma camiseta amarela com o rosto do personagem, vendida na loja Hot Topic, conhecida por seu estilo alternativo. A escolha foi estratégica: a série tinha alta taxa de co-visualização entre pais e filhos, o que ampliava seu alcance.
O universo da Fenda do Biquíni, lar de Bob Esponja, foi inspirado na formação em biologia marinha do criador da série, Stephen Hillenburg.
Essa abordagem de Hillenburg atraiu fãs do mundo da moda e da arte. Após a colaboração com Pharrell Williams, outras parcerias surgiram, incluindo um console personalizado da Xbox e uma série de selos lançada pelo Serviço Postal dos EUA.
Apesar da flexibilidade da marca, Kaufman afirma que muitas propostas ainda são recusadas. Algumas diretrizes, como evitar parcerias com restaurantes de frutos do mar, foram estabelecidas por Hillenburg, que morreu em 2018 devido à esclerose lateral amiotrófica (ELA).
As relações entre os personagens secundários e o protagonista trazem um humor excêntrico. Essa base permanece intacta, mesmo com a expansão da franquia para parques temáticos, restaurantes e até a Broadway.
Ramsey Naito, presidente da Paramount Animation e Nickelodeon Animation, disse à Fast que a natureza de Bob Esponja é o principal atrativo. “Fenda do Biquíni é um espelho divertido e lúdico do nosso mundo. Isso nos permite refletir e encontrar alegria na vida.”
“Você ouve isso repetidamente nas pesquisas: ‘Eu simplesmente amo ele. Ele me faz feliz’”, diz Kaufman. “Nosso objetivo sempre foi levar Bob Esponja ao mundo de forma que as pessoas se sintam alegres. Essa foi a estratégia: criar experiências que permitam que o público participe.”