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Como a Netflix transformou Stranger Things em máquina de fazer dinheiro

Com apenas uma temporada desde 2020, série impulsionou 2 milhões de assinantes e lidera mercado de produtos licenciados

Stranger Things: sucesso global da Netflix gerou milhões em receitas (Canva/Montagem/Exame)

Stranger Things: sucesso global da Netflix gerou milhões em receitas (Canva/Montagem/Exame)

Publicado em 25 de novembro de 2025 às 05h55.

Última atualização em 25 de novembro de 2025 às 07h24.

Tudo começou há quase 10 anos com a história um menino desaparecido, uma garota de nariz sangrando, luzes piscantes e um monstro esquisito no porão. Mas o que parecia só mais uma série nostálgica dos anos 1980 virou o maior fenômeno comercial da história da Netflix (NFLX). Entre bikes, demogorgons e maratonas de Dungeons & Dragons, Stranger Things transformou a cidade fictícia de Hawkins em uma máquina de fazer dinheiro.

Desde 2020, a série gerou mais de US$ 1 bilhão em receita e atraiu cerca de 2 milhões de novos assinantes para a gigante do streaming, segundo dados da Parrot Analytics. Com a temporada final chegando na quarta-feira, 26, a expectativa é que o valor total supere os US$ 2 bilhões, o que deve consolidar a produção como marca global. E não só uma série de TV.

Assinantes, audiência e maratonas gigantes

A quarta temporada, lançada em 2022 após três anos de espera, não só quebrou recordes internos como se tornou a série mais assistida do ano no mundo: foram mais de 52 bilhões de minutos assistidos, segundo a Nielsen.

Em menos de um mês, ultrapassou 1,15 bilhão de horas vistas, algo inédito para uma série em inglês no catálogo da plataforma.

A força do título se mantém: mesmo sem episódios novos desde 2022, as quatro temporadas acumulam 404 milhões de horas assistidas apenas no primeiro semestre deste ano, segundo a Netflix. A cada novo lançamento, os assinantes voltam — e maratonam.

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Orçamento de blockbuster, retorno de franquia

O sucesso de público impulsionou também o investimento. Se na primeira temporada o custo por episódio era de US$ 6 milhões, agora o valor estimado para a quinta temporada gira entre US$ 50 e US$ 60 milhões por capítulo, segundo rumores do mercado.

Ao todo, a temporada final deve custar US$ 480 milhões, acima até de Os Vingadores: Endgame, que teve um orçamento de US$356 milhões, segundo o Box Office Mojo.

O modelo tem orçamento de cinema, retorno de franquia. E isso se estende além da tela.

Produtos, pizza e Hellfire Club

A marca Stranger Things já ultrapassa a narrativa da série. Estima-se que o faturamento com produtos licenciados tenha superado US$ 200 milhões, com parcerias com Nike, Converse, Target, Pandora e até fabricantes de pizza congelada.

Stranger Things

Stranger Things foi da ficção de Hawkins ao mercado bilionário de produtos (Canva/Montagem/Exame)

A estratégia da Netflix é buscar o mesmo nível de impacto comercial de franquias como Barbie, com mais de 150 produtos exclusivos, entre roupas, brinquedos, álbuns de vinil e itens colecionáveis.

O universo da série ganhou também peças de teatro premiadas, projetos animados e ao menos um spin-off confirmado.

Mais do que uma série, uma propriedade intelectual

Nos últimos anos, o sucesso de Stranger Things tem sido comparado com a saga de Star Wars.

Não por causa dos sabres de luz ou das batalhas no espaço, mas pela forma como as duas propriedades foram estruturadas para transcender o formato original e se tornar marcas de longo prazo com presença em múltiplos setores da indústria do entretenimento.

A comparação faz sentido porque ambas operam como ecossistemas narrativos e comerciais. Em vez de se limitarem à exibição de episódios ou filmes, são exploradas em produtos, experiências, jogos, espetáculos e narrativas derivadas.

Mesmo sem o vasto universo ficcional de Star Wars, Stranger Things aposta em elementos reconhecíveis — personagens, estética visual, trilha sonora, ícones como o Hellfire Club ou o Demogorgon — que sustentam uma cadeia contínua de consumo e engajamento.

Como em Guerra nas Estrelas, a base de fãs de Stranger Things não consome apenas a história, mas o que ela representa. É essa transferência de valor simbólico que permite a Netflix transformar uma série de TV em uma propriedade intelectual durável. A estratégia é manter a marca ativa mesmo após o fim da série, exatamente como a Lucasfilm fez após o Episódio VI.

A força dessa abordagem está em tratar o conteúdo não como um fim, mas como um ponto de partida para monetização em larga escala. Foi assim com os Jedi, e é assim agora com Hawkins.

O fim da série é só o começo da marca

Com a temporada final marcada para estrear em 26 de novembro e os dois últimos episódios programados para 25 e 31 de dezembro, a despedida de Stranger Things não representa o encerramento da sua operação comercial.

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Pelo contrário: marca o início de uma nova fase de exploração da marca, com spin-offs, animações, eventos ao vivo, produtos de varejo e experiências temáticas ganhando mais espaço.

Stranger Things

Stranger Things virou ativo estratégico da Netflix (Canva/Montagem/Exame)

A série cumpriu sua função como ponto de partida. Agora, com os direitos, personagens e símbolos consolidados no imaginário coletivo, a Netflix aposta em longevidade de marca — exatamente como Disney faz com suas maiores franquias. Stranger Things sai do catálogo como conteúdo episódico e entra para o portfólio como ativo de geração contínua de receita.

O mundo invertido pode até ter um fim. O ciclo de monetização, não.

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