O enredo da Viradouro foi focado na apresentação da Dangbé (PABLO PORCIUNCULA/AFP/Getty Images)
Repórter de POP
Publicado em 14 de fevereiro de 2024 às 17h57.
Última atualização em 14 de fevereiro de 2024 às 19h11.
Depois de homenagear a força da mulher preta e o culto ao vodum serpente, a Escola de Samba Viradouro superou as expectativas e conquistou o título do Carnaval 2024 no Rio de Janeiro, com 270 pontos. A apuração das notas foi divulgada nesta Quarta-Feira de Cinzas, 14, em votação realizada na Marquês de Sapucaí. O segundo lugar ficou com a Imperatriz (269,3) e o terceiro com a Grande Rio (269,2). Porto da Pedra foi rebaixada.
Esse é o terceiro título da história da escola de samba, que nasceu na cidade de Niterói. O enredo da Viradouro foi focado na apresentação da Dangbé, cobra mítica cultuada no Noroeste da África. A escola cantava por “Arroboboi, Dangbé”, pedindo proteção ao símbolo dos jejes. Na crença africana, a figura da cobra é vista com o poder da regeneração, da vida e do recomeço.
O principal objetivo da Viradouro era descontruir a palavra "Vudum", que é malvista por muitas pessoas que desconhecem a religião de matriz africana.
A escola de samba vermelha e branca foi a última das 12 a desfilar na Marquês de Sapucaí, na madrugada da última terça-feira, 13. Além do culto à Dangbé, a Viradouro também apresentou temas sobre as crenças vuduns dos povos africanos e focou na da irmandade de guerreiras das mulheres pretas da Costa da Mina.
As alegorias da Viradouro encheram a Sapucaí de cor. Além dos carros temáticos — incluindo um que carregava uma imensa cobra dourada — e das fantasias com temas africanos, a escola surpreendeu o público ao trazer, na comissão de frente, uma enorme serpente que deslizou pelo chão do sambódromo entre os dançarinos. O samba enredo representou a Revolta dos Malês, e incluiu atabaques em seus instrumentos.
Parte dos carros e fantasias foi feita de material reciclado, com ferro-velho do barracão da escola de samba. As fantasias e os carros continham componentes que brilhavam no escuro, posto que o início da apresentação da Viradouro começou de noite e terminou com o nascer do dia. Outras fantasias incluíam fios de barbante, que recriaram a beleza das tribos africanas.
A vitória da Viradouro foi quase inteira de notas 10. A escola de samba só não gabaritou nas categorias de alegorias, mestre-sala e porta-bandeira e enredo, nas quais recebeu a pontuação de 9.9.