Os roedores ajudaram a restaurar solos e promover a volta da vegetação do monte Saint Helens após a erupção de 1980 (Rachel Titiriga/Creative Commons/Flickr)
Publicado em 19 de novembro de 2024 às 16h43.
Última atualização em 19 de novembro de 2024 às 17h11.
A devastadora erupção do Monte Saint Helens, em 1980, destruiu florestas, habitats e a microbiota do solo em uma área de mais de 350 km² no estado de Washington, Estados Unidos. Enquanto a maioria da vida foi aniquilada pela força do evento, pequenos roedores subterrâneos, como esquilos, desempenharam um papel fundamental na recuperação ecológica da região, revelou um estudo publicado na revista Frontiers.
Esses animais, conhecidos por sua habilidade de escavar túneis, sobreviveram ao desastre, protegidos por camadas de neve e solo. Sua atividade de escavação se tornou um agente crucial para misturar camadas de cinzas vulcânicas estéreis com o solo rico em nutrientes. Além disso, os roedores transportaram sementes, microrganismos e matéria orgânica para a superfície, criando ilhas férteis que serviram como pontos de partida para a regeneração da vegetação.
Leia também: Música "mais misteriosa da internet" é finalmente identificada após 17 anos de buscaO estudo apontou que a movimentação de solo realizada pelos roedores facilitou a dispersão de microrganismos essenciais para o ciclo de nutrientes e para a formação de novos agregados de solo. Esse processo também ajudou a aumentar a proporção de carbono e nitrogênio na camada superficial, favorecendo o estabelecimento de plantas pioneiras, como o tremoceiro.
Plantas associadas ao tremoceiro, como fungos micorrízicos arbusculares, foram encontradas em maior diversidade nas áreas onde os roedores estavam presentes. Esses fungos formam simbioses com as raízes das plantas, ajudando-as a obter nutrientes essenciais em solos pobres, como os que foram formados após a erupção.
Além de melhorar as condições do solo, os roedores ajudaram a impulsionar o retorno de comunidades vegetais que, por sua vez, atraíram outros animais para a região. O estudo também revelou que áreas onde os roedores estavam ativos apresentaram maior biodiversidade microbiana e vegetal, em comparação com áreas sem sua presença.
Esses resultados destacam o papel essencial dessas espécies em desastres naturais. Pesquisadores sugerem que a compreensão desses processos pode ajudar no manejo e na recuperação de ecossistemas degradados ao redor do mundo.