Chupeta para adultos: itens chegam ao valor de R$ 380 (Imagem gerada com auxílio de Inteligência Artificial)
Redação Exame
Publicado em 13 de agosto de 2025 às 17h55.
Chupetas são destinadas ao público infantil, é senso comum. Mas uma tendência peculiar nos EUA e na China tem feito pequenos empreendedores lucrarem com chupetas anatômicas — dessa vez, feitas para os adultos. E a culpa é do TikTok.
Uma porção de vídeos virais na plataforma chinesa mostram usuários usando chupetas, sob o pretexto de que o produto ajuda a aliviar o estresse e a ansiedade. Sites chineses já vendem versões personalizadas do acessório, feitas especificamente para o público adulto.
Os preços variam entre R$ 5 e R$ 380, a depender do formato. Jornais chineses também mostraram vendedores que já comercializaram mais de 2 mil chupetas para adultos por mês desde julho deste ano.
O problema é que, além de estranho, o produto pode causar uma série de problemas de saúde a quem os usa por muito tempo — e não há comprovação científica que prove que ele tem o efeito desejado de melhorar os sintomas de transtornos mentais.
Mas o ato de levar objetos à boca quando estamos nervosos não é novo. Não à toa, roer as unhas, puxar aquela "pelinha" dos lábios são sintomas da ansiedade: ainda que agressiva, é uma forma de lidar com o estresse. O uso da chupeta para suprir esses impulsos, entretanto, não é o mais recomendado para impedir esses gatilhos, posto que oferece um alívio momentâneo e não efetivo.
Ao longo do tempo, uso da chupeta por adultos pode causar danos à saúde bucal. Especialistas alertam para problemas odontológicos e dependência emocional, e destacam que o uso do acessório é um mecanismo paliativo, posto que não resolve as causas profundas do estresse ou da ansiedade.
Segundo o Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o uso de chupetas durante a primeira infância é essencial para bebês no primeiro ano de vida. "Esse reflexo é vital para a sobrevivência, crescimento e desenvolvimento psíquico do bebê. A criança, especialmente em seu primeiro ano de vida, tem necessidade de sugar", explica o órgão em comunicado público.
No entanto, o acessório traz alguns contras com o passar dos anos, sobretudo relacionados à falta de higienização correta. "A chupeta pode conter fungos e bactérias que causam doenças. Aftas e candidíase oral, conhecida popularmente como “sapinho”, por exemplo, são muito comuns em crianças que usam chupeta".
Outra possibilidade é que o uso contínuo cause dependência emocional — e evolua para outros tipos de vício, como o cigarro ou o vape. "O uso prolongado da chupeta por mais de 2 anos pode ser substituído, mais tarde, por outros hábitos orais como fumar, comer excessivamente ou outros transtornos compulsivos", explica a SBP.