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Chefe do Instagram é criticado por comparação entre carros e redes sociais

Adam Mosseri fez a afirmação depois de matérias no The Wall Street Journal afirmarem que alguns usuários foram afetados de forma negativa pela plataforma

“Tudo o que for usado em escala terá resultados positivos e negativos. Carros têm resultados positivos e negativos". disse o executivo. (Paul Morris/Getty Images)

“Tudo o que for usado em escala terá resultados positivos e negativos. Carros têm resultados positivos e negativos". disse o executivo. (Paul Morris/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 16 de setembro de 2021 às 21h32.

Última atualização em 17 de setembro de 2021 às 12h06.

Uma série de reportagens do The Wall Street Journal mostrou, recentemente, que o Facebook tem dados que mostram que o Instagram torna a vida de alguns de seus usuários pior — garotas adolescentes, por exemplo. As matérias foram feitas com base em dados vazados ao jornal e mostram, em resumo, que a plataforma está ciente dos efeitos negativos — como depressão e ansiedade — que é capaz de causar, na pressão pela "vida perfeita".

Em resposta a esses questionamentos, o CEO do Instagram, Adam Mosseri, fez uma afirmação polêmica recentemente ao podcast Recode Media, em que afirma que há similariedade entre redes sociais e carros.

"Acredito que qualquer coisa que for usada em escala terá resultados positivos e negativos. Carros têm resultados positivos e negativos. Nós entendemos isso. Sabemos que mais pessoas acabam morrendo porque existem acidentes de carro. Mas em geral, os carros criam muito mais valor no mundo do que destroem. E eu acho que as redes sociais são similares", disse Mosseri.

A fala aconteceu depois de o apresentador do podcast, Peter Kafka, perguntar ao executivo se a rede social deveria ser restringida, caso houvesse um risco de prejudicar a vida das pessoas assim como o cigarro faz. Em resposta, Mosseri se posicionou abertamente contra, defendendo que as redes sociais ofereceriam mais vantagens.

“Absolutamente não, e eu realmente não concordo com a comparação com drogas ou cigarros, que têm vantagens muito limitadas, se houver”, disse Mosseri.

Ainda na entrevista, Mosseri afirma acreditar que alguma regulação é necessária sobre o setor -- ainda seguindo as analogias apresentadas no podcast -- mas que é necessário regular redes sociais, porque isso poderia causar ainda mais problemas.

Instagram e saúde mental

Todas as falas surgiram depois de uma reportagem do The Wall Street Journal mostrar, a partir de arquivos internos enviados ao veículo, que o Instagram sabe o quão mal a ferramenta pode fazer a adolescentes. Em um trecho destacado pelo veículo, slides contêm as afirmações: "Uma em cada cinco adolescentes afirma que o Instagram as faz sentir pior sobre si mesmas, com as britânicas tendo o sentimento mais negativo" e "Jovens culpam o Instagram pelo aumento da taxa de ansiedade e depressão", afirma outro.

Os resultados dessas pesquisas, segundo o WSJ, foram obtidos após uma pesquisa de 18 meses, em uma dinâmica chamada de "mergulho profundo na saúde mental dos adolescentes". Além dos resultados apresentados, os pesquisadores também concluíram que alguns dos problemas com os quais os jovens lidavam não eram das redes sociais em geral, mas sim específicos do Instagram.

"Enquanto o TikTok está relacionado a uma percepção de desempenho e o snapchat chama a atenção para os filtros no rosto, o Instagram se concentra fortemente no corpo e no estilo de vida", diz a reportagem.

Os resultados estão em linha com uma pesquisa divulgada em 2017, que mostrou que o Instagram era a rede social mais nociva para a saúde mental. Na época, a pesquisa foi realizada pela instituição de saúde pública do Reino Unido, Royal Society for Public Health, em parceria com o Movimento de Saúde Jovem.

Os resultados mostraram que 90% das pessoas entre 14 e 24 anos usam redes sociais – mais do que qualquer outro grupo etário, o que os torna ainda mais vulneráveis a seus efeitos colaterais.Sete em cada 10 voluntários disseram que o app fez com que eles se sentissem pior em relação à própria autoimagem.

O que o Instagram tem a dizer?

Recentemente, o Facebook anunciou algumas medidas para melhorar a saúde mental dos usuários, como retirar o número de curtidas de cada publicação. Mas, ainda assim, a plataforma ainda não havia feito nenhum tipo de pronunciamento a respeito de como os usuários se sentiam tão pior do que em outras redes sociais dentro da plataforma.

Em resposta à matéria do The Wall Street Journal, Karina Newton, chefe de Políticas Públicas do Instagram, defendeu a pesquisa e afirmou que ela representa um compromisso da rede social em lidar com questões difíceis. "Isso demonstra nosso compromisso com a compreensão de questões complexas com as quais os jovens podem lutar e a pesquisa informa todo o trabalho que fazemos para ajudar aqueles que estão enfrentando essas questões".

Ainda no pronunciamento, a executiva afirma que a plataforma está "cautelosamente otimista" de que essas descobertas ajudarão a plataforma a direcionar as pessoas para o conteúdo que as "inspira e eleva, o que, em maior medida, pode mudar a cultura do Instagram centrada na aparência das pessoas".

Correção: este texto foi atualizado na sexta-feira, 17, às 12h03 para deixar claro os termos utilizados por Adam Mosseri em sua declaração ao podcast Recode Media

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