Eloá Pimentel: a adolescente foi sequestrada e mantida em cárcere privado em 2008 (Netflix/Divulgação)
Redação Exame
Publicado em 13 de novembro de 2025 às 23h20.
O Caso Eloá permanece como um dos mais polêmicos de como a mídia cobriu um crime em tempo real no Brasil. Em Santo André, na região metropolitana de São Paulo, o sequestro de 100 horas e o assassinato, de Eloá Pimentel, uma adolescente de 15 anos, teve grande repercussão nacional em 2008.
Uma das ações mais polêmicas foi a ligação ao vivo que o programa "A Tarde é Sua", da RedeTV, comandado por Sonia Abrão, fez ao sequestrador Lindemberg Alves.
Com o novo documentário true crime da Netflix, 'Caso Eloá: Refém ao Vivo', a discussão da atuação da mídia durante o caso volta à tona.
A nova produção sobre o tema estreou nesta quarta-feira, 12, e reconstrói o caso a partir de depoimentos inéditos de familiares, amigos e jornalistas. O documentário também teve acesso ao diário da própria vítima. Segundo os produtores, esse foi o grande diferencial para mostrar o que não havia sido revelado pela mídia na época e tentar dar voz a Eloá.
Diversos telejornais fizeram transmissão ao vivo do lado externo do cativeiro. A imagem de Eloá, chorando, debruçada na janela, circulou pela maioria das emissoras de televisão.
Apesar da forte cobertura da mídia em geral, a ligação de 7 minutos no programa de Sônia Abrão é até hoje uma das maiores controvérsias envolvendo o caso.
O repórter Luiz Guerra conversou com Lindemberg por telefone. Ele se apresentou como repórter do programa da Sônia Abrão, diz que era amigo da família e que a mãe do sequestrador queria saber como ele estava.
"A gente quer saber se está tudo bem com você, a nossa preocupação é com você”, disse o repórter durante a entrevista.
Depois de cerca de sete minutos de entrevista, Sônia Abrão disse que Lindemberg estava prestes a se entregar e que a imprensa deveria evitar que algo ruim acontecesse a ele.
Finalizada a ligação, o advogado Ademar Gomes, um dos convidados do programa, disse que estava otimista com a situação e que esperava que tudo "terminasse em pizza", com um casamento entre o sequestrador e sua "namorada apaixonada".
A polícia disse que a entrevista, na quarta-feira, 15 de outubro, bloqueou a linha telefônica que estava sendo usada para as negociações.
Apesar das críticas, em entrevista à Quem em 2023, Abrão disse que faria tudo de novo. "Sem dúvida foi o momento mais dramático da minha carreira! Fui a única pessoa com quem ela falou, ainda no cativeiro, três dias antes de ser morta. Fiquei muito tensa e emocionada", afirmou.
Nayara disse, em seu depoimento durante o julgamento de Lindemberg em 2012, que o sequestrador assistia às reportagens na televisão enquanto mantinha as meninas em cativeiro. Ela também disse que ele queria se vingar de Eloá.