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Canadense é condenado na China — e por que a Huawei pode estar envolvida

Michael Spavor ficará preso por 11 anos por espionagem e Robert Schellenberg foi condenado a morte por tráfico de drogas. Canadá acusa China de "represália política". Entenda o porquê

 (Jason Alden/Bloomberg/Getty Images)

(Jason Alden/Bloomberg/Getty Images)

Nessa semana, a relação entre oriente e ocidente parece ter estremecido um pouco, graças a uma disputa jurídica e possivelmente política entre Canadá e China.

Na última terça-feira, 10, um tribunal chinês da cidade de Dandong, a cerca de 800 km da capital Pequim, condenou o canadense Michael Spavor a 11 anos por acusações de espionagem. Spavor "foi declarado culpado de espionagem e de roubar segredos de Estado", segundo o tribunal chinês e será banido do país após cumprimento da pena.

Michael Spavor é um conhecido do governo norte-coreano, já que o canadense atuava como intermediário entre estrangeiros e as autoridades do país, que é totalmente isolado no cenário internacional. Spavor chegou a organizar um encontro entre o ditador coreano Kim Jong-un e o ex-jogador de basquete americano Dennis Rodman.

Spavor foi detido em 2018, dias depois que o governo canadense prendeu uma executiva da gigante chinesa de tecnologia Huawei. Enquanto a justiça chinesa defende a acusação do canadense, entidades ocidentais acreditam que a condenação possa ter sido motivada por uma represália política.

Meng Wanzhou, a diretora financeira da Huawei e filha do fundador da empresa, foi presa em 1º de dezembro de 2018 em Vancouver, no Canadá, sob a acusação dos EUA de mentir para o braço de Hong Kong do banco britânico HSBC sobre possíveis negociações com o Irã, o que viola as sanções comerciais impostas pelos EUA.

A diretora financeira da Huawei Technologies, Meng Wanzhou, pega uma máscara facial em sua bolsa ao deixar sua casa para participar de uma audiência em Vancouver, British Columbia, Canadá, em 15 de março de 2021. (Jennifer Gauthier)

Como os EUA possuem sanções econômicas ativas com o país do oriente médio, empresas que possuem negócios nos EUA ficam proibidas de se relacionarem comercialmente com companhias que possuam negócios no Irã.

O veredicto de quarta-feira é a última indicação de como Pequim está aumentando a pressão sobre o Canadá antes de uma decisão do tribunal sobre a entrega da executiva, Meng, para enfrentar acusações criminais nos EUA. Spavor e outro canadense foram detidos na China no que os críticos rotularam de "política de reféns", após a prisão da executiva em 2018.

Outro canadense condenado

Enquanto Spavor deve enfrentar mais de uma década de prisão na China. outro canadense não teve a mesma "sorte".

Robert Schellenberg foi preso por tráfico de drogas em 2014 e condenado a 15 anos de prisão em 2018. Entretanto, o tribunal julgou os recursos em 2019 e decretou a pena de morte, decisão que foi confirmada em segunda instância na última terça-feira, 10.

O canadense, que já foi condenado por tráfico de drogas em seu país, se declarou inocente na China, disse que viajou à China a turismo e recorreu da condenação em maio do mesmo ano.

A Justiça chinesa demorou mais de dois anos para anunciar a decisão, e a sentença coincide com o comparecimento de Meng Wanzhou a um tribunal canadense.

O embaixador canadense Dominic Barton na China esteve presente na audiência na cidade de Dandong, na fronteira com a Coréia do Norte. Nenhuma palavra foi dada sobre a data do julgamento do ex-diplomata canadense Michael Kovrig, que também foi detido em dezembro de 2018 e acusado de espionagem.

"Condenamos o veredicto nos termos mais fortes e apelamos à clemência da China", disse Barton. "Transmitimos em várias ocasiões à China a nossa firme oposição a esta pena cruel e desumana e continuaremos fazendo isto"

O governo da China denunciou a prisão como parte dos esforços dos EUA para impedir seu desenvolvimento de tecnologia e exigiu a libertação imediata de Meng.

China pressiona, mas Canadá deve responder

As coincidências entre a influencia da Huwaei na justiça chinesa, no entanto, ficaram ainda mais explicitas, já que Meng deve comparecer a um tribunal canadense nos próximos dias para a última série de audiências que devem definir se a diretora financeira da Huawei será extraditada aos Estados Unidos.

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, considera as prisões como represália — o que a China nega veementemente.

"O veredicto de hoje contra Spavor acontece após mais de dois anos e meio de detenção arbitrária, de falta de transparência no processo judicial e de um julgamento que não cumpriu nem sequer com as normas mínimas exigidas pelo direito internacional", disse Trudeau em comunicado oficial.

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