Veja o que achamos do filme da Barbie (Warner Bros./ Barbie/Divulgação)
Repórter de POP
Publicado em 18 de julho de 2023 às 20h01.
Última atualização em 19 de julho de 2023 às 17h26.
Na próxima quinta-feira, 20, estreia "Barbie", um dos filmes mais aguardados do ano. A produção, que conta com orçamento de US$ 100 milhões e traz um elenco de peso, chega às telonas com altas expectativas — especialmente após a intensa divulgação de marketing do filme, feita tanto pela Mattel (dona da boneca Barbie) quanto por outras marcas.
A Exame já assistiu ao "Oppenheimer", leia a crítica e saiba o que esperar da produção.
Com direção assinada por Greta Gerwig ("Lady Bird") e protagonistas como Margot Robbie, Ryan Gosling e America Ferreira, o longa-metragem entrou de cabeça no mundo cor-de-rosa da Mattel e conseguiu ir além do aspecto plástico da boneca. Está classificado para 12 anos e traz uma boa mescla entre o lar da Barbie — a "Barbielândia" — e o mundo real, complexo e distante do confortável "faz de conta".
Encoberto pelo humor e sem medo de se jogar no "ridículo", a produção entra em uma temática mais complexa, bastante feminista, que se revela um tanto quanto surpreendente no final.
Já reconhecida pelos filmes feministas, Gerwig tem neste longa-metragem talvez um de seus trabalhos mais desafiadores. Além de reviver o sentimento de nostalgia em gerações de mulheres, a diretora teve nas mãos a possibilidade de desenvolver a importância e o impacto da Barbie na vida das pessoas — seja como inspiração ou como padrão de beleza inalcançável.
Mas será que vale a pena ver no cinema? A EXAME Pop assistiu ao filme com antecedência e traz uma visão de público comum para saber se vale a pena ou não investir na bilheteria. Confira:
Greta Gerwig tinha uma linha de entrada pouco aproveitada nos demais filmes da boneca quanto decidiu dirigir "Barbie", que era transformá-la em comédia, com tudo para virar um grande "meme". O que ninguém esperava era que a piada fosse terminar tão boa: ao adaptar o mundo cor-de-rosa para live-action, a diretora conquistou uma verdadeira casa e cidade da Barbie em tamanho real, que tem aspecto de plástico e beira ao ridículo, dando um ar sem igual para o mundo da boneca.
Esse cenário pink, somado ao estilo de vida utópico da "Barbielândia" e o contraste com o mundo real, criaram uma dinâmica de humor de fato muito engraçada. E todo o filme segue com essa sátira agridoce, que ora critica e faz o público rir dos absurdos da sociedade moderna relacionados ao comportamento das mulheres, ora faz refletir sobre vários dos problemas reais que elas enfrentam.
Em resumo, a comédia, em si, em tom de piada, é um dos pontos mais fortes do filme. Mais do que a própria Barbie, ela é o fio condutor de uma jornada de autoconhecimento, que mistura bem a nostalgia e a ilusão de um mundo cor-de-rosa perfeito a uma dura e insensível visão da realidade, que pode ser mais encantadora do que aparenta.
- (Warner Bros./ Barbie)
Sem dúvidas a escolha de Ryan Gosling como "Ken" foi acertada. O ator pode ter participado de um de seus melhores papéis até o momento, e trouxe um dinamismo ao "Ken" que era necessário não somente para a jornada do roteiro, como também para o desenvolvimento da Barbie. E esse segundo aspecto abriu precedentes, inclusive, para uma profunda avaliação do papel das mulheres na definição de vida e carreira dos homens.
Ainda que sejam dispostos propositalmente no filme como um "problema" para a Barbie, o desenvolvimento do personagem de Gosling chamou a atenção. Desde a descoberta do patriarcado à inversão de papeis entre homens e mulheres (e Barbies e Kens), foi brilhante a forma como Gerwig criou no ator a complexidade da figura masculina, deixando claro que apenas apontá-lo como "vilão" é insuficiente.
A resolução da trajetória de desenvolvimento do personagem não termina, no entanto, tão positiva. Falta algo ali, que talvez tenha começado simples e se tornado complexo demais para ser encaixado em uma "solução".
- (Warner Bros./ Barbie)
Outro aspecto que surpreende no trabalho de Greta Gerwig é a escolha da narração, que faz parte da história tanto quanto os personagens. Fica aí o aviso: quem for assistir à "Barbie" precisa prestar atenção em todos os detalhes, porque a narrativa vai bem além da imagem. Os diálogos da narradora com o público — e com os personagens — são mais um ponto acertado do enredo.
Vale também o destaque à forma como a Gerwig escolheu "quebrar" a quarta parede. Há personagens no filme que não necessariamente são humanos ou bonecas, mas instituições. E conversam o o espectador, seja por influência de edições limitadas das bonecas, seja com seus acessórios.
Como nem tudo sempre funciona dentro de um filme, o novo "Barbie" tem alguns problemas. Ainda que o marketing fosse previsto como parte do longa — afinal, não há como ignorar a boneca mais vendida do mundo —, em certos momentos, ele deixa de ser piada e se torna excessivo.
A participação da Mattel e de seus personagens por vezes se mostra exagerada, ao ponto de se tornar exaustiva ao longo do filme. Ao final dele, em uma das cenas mais importantes para o desenvolvimento da personagem principal, é possível notar que a marca se envolveu até demais no roteiro — em determinados momentos, o papel da Mattel se assemelhou a uma grande propaganda da história da marca — e o levou em uma direção distante do objetivo principal da diretora.
- (Warner Bros./ Barbie/Divulgação)
Outro problema do filme está ligado ao envolvimento dos personagens secundários no enredo, assim como seus desfechos. Ariana Greenblatt (Sasha) parece perder o brilho depois de seus cinco minutos de "rebeldia" e, ao final, se torna tão secundária quanto a cantora Dua Lipa no longa-metragem.
O encerramento dos bonecos "Ken" também deixa a desejar. Com uma complexidade aberta maior do que a resolução ao final, a sensação que fica é que os personagens passam por um arco de redenção irresolvido.
Para fechar, vale o destaque de um cenário e figurino fantásticos. A Barbielândia é mesmo mágica e tão nostálgica para quem já brincou com uma Barbie que até o cheiro do plástico retorna ao subconsciente nos primeiros minutos do filme.
Toda a composição de cores, os acessórios e os mínimos detalhes da boneca estão ali, ora representando um mundo perfeito, ora relembrando que a perfeição pode se tornar enjoativa. Em suma, a escolha do cenário e dos figurinos da Barbie e dos Kens é um verdadeiro espetáculo aos olhos, e torna o filme em uma experiência ainda mais rica.
Margot Robbie em evento de promoção de Barbie (Hanna Lassen/Getty Images)
Essa aventura louca e cor-de-rosa tem tudo para se tornar o filme do ano: traz um roteiro surpreendente, que cativa o público feminino e conscientiza o masculino, mas vai além. O filme tem total capacidade de fazer o público rir e chorar, e mistura os sentimentos do espectador de forma brilhante.
Seguindo as altíssimas expectativas, "Barbie" vale a pena cada centavo do ingresso do cinema — e merece um 'look' cor-de-rosa para entrar de cabeça no mundo da boneca.
"Barbie" ainda não têm a avaliação do público no IMDb e no Rotten Tomatoes.
O filme estreia oficilamente no dia 20 de julho, quinta-feira, nos principais cinemas do país. A pré-estreia acontece no dia 18, terça-feira.
Fazem parte do filme Margot Robbie, Ryan Gosling, Dua Lipa, Hari Nef, Emma Mackey, Ana Cruz Kayne, Sharon Rooney, Issa Rae, Kate McKinnon, Nicola Coughlan e Alexandra Shipp.
Dirigido por Greta Gerwig (Lady Bird), o filme promete uma comédia romântica voltada para a diferença entre o "mundo da Barbie" e o mundo real, em um roteiro que se afasta do conto infantil sobre a boneca mais famosa do mundo. E tudo, é claro, em uma paleta 100% cor-de-rosa.
Para quem espera levar as crianças para assistir Barbie, fica aqui o aviso: o filme não é infantil e a classificação etária está marcada para maiores de 12 anos. Embora o longa trate da história de uma boneca, o roteiro vai muito além de uma simples jornada da Barbie em busca da salvação da "Barbielândia".
No filme estão dispostos a busca por autoconhecimento, as reflexões sobre o papel da mulher na sociedade e piadas que exigem certa maturidade para serem compreendidas.