A noite deste domingo, 5, pode até não parecer, mas é uma das mais importantes na história do cinema brasileiro dos últimos 26 anos. O país inteiro segura no peito a esperança — e a emoção — de ver Fernanda Torres e "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles, entre os vencedores da 82ª edição anual do Globo de Ouro, feito inédito para a indústria cinematográfica do Brasil.
Torres foi indicada à premiação na categoria de Melhor Atriz em filme de Drama, a segunda brasileira na história a concorrer à estatueta. Ela repete o feito da própria mãe, Fernanda Montenegro, a primeira, que disputou a premiação em 1999, pelo trabalho em "Central do Brasil" (1998), também de Walter Salles. Naquele ano, a atriz perdeu o prêmio para Cate Blanchett ("Elizabeth"), mas o Brasil levou seu primeiro — e único — troféu de Melhor Filme em Língua Não-Inglesa do Globo de Ouro.
Neste ano, Torres concorre com o papel de Eunice Paiva em "Ainda Estou Aqui" (2024), também de Walter Salles, e disputa o prêmio com grandes atrizes da indústria cinematográfica norte-americana: Angelina Jolie (“Maria Callas”), Pamela Anderson (“The Last Showgirl”), Nicole Kidman (“Babygirl”), Tilda Swinton (“O Quarto ao Lado”) e Kate Winslet (“Lee”), esta última vencedora do Oscar de Melhor Atriz por “Titanic” (1998).
O filme de Walter Salles concorre na categoria de Melhor Filme de Língua Não-Inglesa e tem, assim como Torres, grandes chances de fazer história na noite deste domingo — e isso é um consenso na opinião não só dos 100 maiores críticos de cinema consultados pela EXAME, que o categorizaram como o melhor filme de 2024, como também das principais revistas de cinema norte-americanas, especializadas no assunto.
A revista Variety, uma das mais reconhecidas da indústria, concluiu suas apostas para a premiação na última sexta-feira, 3. Fernanda Torres estava em primeiro lugar para receber o prêmio de Melhor Atriz. O filme de Salles é o terceiro listado para a estatueta de Melhor Filme de Língua Não-Inglesa, atrás de "Tudo o que Imaginamos como Luz" (Índia) e "Emília Pérez" (França). Já diz o ditado: "só acaba quando acaba".
Corrida não, maratona
Ao mesmo tempo em que é bonito ter esperança no novo, há um aperto no peito pelo medo de ver a história se repetir. O Brasil já chegou perto, mas nunca levou para casa uma estatueta do Globo de Ouro de Melhor Atriz em filme de Drama. Só que a situação atual e a campanha feita em torno de "Ainda Estou Aqui" está longe de ser a mesma de "Central do Brasil", quase três décadas atrás.
Quando Fernanda Montenegro e "Central do Brasil" foram indicados à premiação em 1999, na 56ª edição do Globo de Ouro, o Brasil não era visto como é hoje. Naquela época não existia TikTok, X (Twitter), Instagram para que o filme percorresse o mundo no "boca a boca", para que os críticos fizessem vídeos em inglês e em português explicando as curiosidades, bastidores e detalhes da atuação da atriz principal. Não tinha a internet avançada de hoje para circular em streamings, em cinemas internacionais. Tampouco mais de 3 milhões de brasileiros "invadindo" a foto da Academia do Oscar no Instagram na torcida por Fernanda Torres.
Também naquela época não existia o que hoje é uma das nossas maiores chances de levar o prêmio para casa: o júri. Globo de Ouro mudou — e muito — seus votantes desde 1999. Na edição de 2025, dos 310 avaliadores, 22 são brasileiros. Entre os 76 países que compõem o júri, uma parte considerável é latina. Faz diferença.
A campanha dos dois filmes, por mais que parecida, teve outras diferenças significativas.
"Central do Brasil" foi lançado em menos festivais de cinema que "Ainda Estou Aqui", assim como Fernanda Montenegro participou menos em outras premiações, festas, revistas e redes sociais do que a filha. O filme de 1998 ganhou dois prêmios em Berlim e teve distribuição internacional feita pela Sony Pictures Classics nos EUA e Miramax na Europa, em não tantas salas de cinema. Ainda assim, saiu do Globo de Ouro com a estatueta em mãos.
"Ainda Estou Aqui" recebeu o prêmio de Melhor Roteiro em Veneza e estreou em mais de 50 festivais internacionais de cinema do mundo. Desde setembro, Torres participa das estreias de diversos países europeus e cidades norte-americanas, foi homenageada pelo Critics Choice Awards Latino, entrevistada pelas maiores revistas de cultura. Com distribuição mundial da Sony Pictures, o longa estreou e estreará em mais salas nos Estados Unidos e Europa.
Claro, prever quem ganha o prêmio é mero "chute". Mas é inegável que as chances estão melhores para o Brasil em 2025.
Onde assistir ao Globo de Ouro 2025?
A premiação será transmitida pela TNT na TV por assinatura e no streaming Max, ao vivo, a partir das 22h.
Veja a lista completa de indicados ao Globo de Ouro 2025
CINEMA
Melhor filme em língua não-inglesa
- “Tudo o que Imaginamos como Luz”, Índia
- “Emilia Pérez”, França
- “The Girl With the Needle”, Dinamarca/Polônia
- “Ainda Estou Aqui”, Brasil
- “A Semente do Fruto Sagrado”, Irã
- “Vermiglio”, Itália
Melhor filme de drama
- “O Brutalista”
- “Um Completo Desconhecido”
- “Conclave”
- “Duna: Parte Dois”
- “Nickel Boys”
- “Setembro 5”
Melhor ator em filme de drama
- Adrien Brody, “O Brutalista”
- Timothée Chalamet, “Um Completo Desconhecido”
- Daniel Craig, “Queer”
- Colman Domingo, “Sing Sing”
- Ralph Fiennes, “Conclave”
- Sebastian Stan, “O Aprendiz”
Melhor atriz em filme de drama
- Pamela Anderson, “The Last Showgirl”
- Angelina Jolie, “María”
- Nicole Kidman, “Babygirl”
- Tilda Swinton, “O Quarto ao Lado”
- Fernanda Torres, “Ainda Estou Aqui”
- Kate Winslet, “Lee”
Melhor direção (filme)
- Jacques Audiard, “Emilia Pérez”
- Sean Baker, “Anora”
- Edward Berger, “Conclave”
- Brady Corbet , “O Brutalista”
- Coralie Fargeat, “A Substância”
- Payal Kapadia, “Tudo o que Imaginamos como Luz”
Melhor roteiro (filme)
- “Emilia Pérez”, Jacques Audiard
- “Anora”, Sean Baker
- "O Brutalista”, Brady Corbet, Mona Fastvold
- “A Verdadeira Dor”, Jesse Eisenberg
- “A Substância”, Coralie Fargeat
- “Conclave”, Peter Straughan
Melhor filme de comédia ou musical
- “Anora”
- “Rivais”
- “Emilia Pérez”
- “A Verdadeira Dor"
- “A Substância”
- “Wicked”
Melhor ator em filme de comédia ou musical
- Jesse Eisenberg, “A Verdadeira Dor”
- Hugh Grant, “Herege”
- Gabriel LaBelle, “Saturday Night”
- Jesse Plemons, “Tipos de Gentileza”
- Glen Powell, “Assassino por Acaso”
- Sebastian Stan, “Um Homem Diferente”
Melhor atriz em filme de comédia ou musical
- Amy Adams, “Canina”
- Cynthia Erivo, “Wicked”
- Karla Sofía Gascón, “Emilia Pérez”
- Mikey Madison, “Anora”
- Demi Moore, “A Substância”
- Zendaya, “Rivais”
Melhor ator coadjuvante em filme
- Yura Borisov, “Anora”
- Kieran Culkin, “A Verdadeira Dor”
- Edward Norton, “Um Completo Desconhecido”
- Guy Pearce, “O Brutalista”
- Jeremy Strong, “O Aprendiz”
- Denzel Washington, “Gladiador II”
Melhor atriz coadjuvante em filme
- Selena Gomez, “Emilia Pérez”
- Ariana Grande, “Wicked”
- Felicity Jones, “O Brutalista”
- Margaret Qualley, “A Substância”
- Isabella Rossellini, “Conclave”
- Zoe Saldaña, “Emilia Pérez”
Melhor trilha sonora original (filme)
- “Conclave”
- “O Brutalista”
- "Robô Selvagem"
- “Emilia Pérez”
- “Rivais”
- “Dune: Parte Dois”
Melhor canção original (filme)
- “The Last Showgirl”, “Beautiful That Way” de Miley Cyrus, Lykke Li e Andrew Wyatt
- “Compress/Regress”, de “Rivais”
- “Emilia Pérez”, “El Mal”, de Clément Ducol, Camille e Jacques Audiard
- “Better Man”, “Forbidden Road”, de Robbie Williams, Freddy Wexler e Sacha Skarbek
- “Kiss the Sky”, de “Robô Selvagem”
- “Emilia Pérez”, “Mi Camino”, de Clément Ducol e Camille
Melhor animação em longa-metragem
- “Flow”
- “Divertida Mente 2”
- “Memoir of a Snail”
- “Moana 2”
- “Wallace & Gromit: Vengeance Most Fowl”
- “Robô Selvagem”
Conquista cinematográfica e de bilheteria
- "Alien: Romulus"
- “Beetlejuice Beetlejuice”
- “Deadpool & Wolverine”
- “Gladiador II”
- “Divertida Mente 2”
- "Twisters"
- "Wicked"
- “Robô Selvagem”
SÉRIES DE TV E STREAMING
Melhor série de drama
- “O Dia do Chacal”
- “A Diplomata”
- “Sr. and Sra. Smith”
- “Shōgun” (FX)
- “Slow Horses”
- “Round 6” (Netflix)
Melhor ator em série de drama
- Donald Glover, “Sr. and Sra. Smith”
- Jake Gyllenhaal, “Presumed Innocent”
- Gary Oldman, “Slow Horses”
- Eddie Redmayne, “O Dia do Chacal”
- Hiroyuki Sanada, “Shōgun”
- Billy Bob Thornton, “Landman”
Melhor atriz em série de drama
- Kathy Bates, “Matlock” (CBS)
- Emma D’Arcy, “A Casa do Dragão”
- Maya Erskine, “Sr. and Sra. Smith”
- Keira Knightley, “Black Doves”
- Keri Russell, “A Diplomata”
- Anna Sawai, “Shōgun”
Melhor ator coadjuvante em série de TV
- Tadanobu Asano, “Shōgun“
- Javier Bardem, “Monstros”
- Harrison Ford, “Shrinking”
- Jack Lowden, “Slow Horses”
- Diego Luna, “La Maquina”
- Ebon Moss-Bachrach, “O Urso”
Melhor atriz coadjuvante em série de TV
- Liza Colón-Zayas, “O Urso”
- Hannah Einbinder, “Hacks”
- Dakota Fanning, “Ripley”
- Jessica Gunning, “Bebê Rena”
- Allison Janney, “A Diplomata”
- Kali Reis, “True Detective: Terra Noturna”
Melhor série de comédia ou musical
- “Abbott Elementary” (ABC)
- “O Urso” ‘(FX)
- “The Gentlemen”
- “Hacks”
- “Nobody Wants This”
- “Only Murders in the Building”
Melhor ator em série de comédia ou musical
- Adam Brody, “Nobody Wants This”
- Ted Danson, “A Man on the Inside”
- Steve Martin, “Only Murders in the Building”
- Jason Segel, “Shrinking”
- Martin Short, “Only Murders in the Building”
- Jeremy Allen White, “O Urso” (FX)
Melhor atriz em série de comédia ou musical
- Kristen Bell, “Nobody Wants This”
- Quinta Brunson, “Abbott Elementary”
- Ayo Edebiri, “O Urso”
- Selena Gomez, “Only Murders in the Building”
- Kathryn Hahn, “Agatha Desde Sempre”
- Jean Smart, “Hacks”
Melhor minissérie, antologia ou filme para TV
- “Babê Rena”
- “Disclaimer”
- “Monstros"
- “Pinguim”
- “Ripley”
- “True Detective: Terra Noturna”
Melhor ator em minissérie, antologia ou filme para TV
- Colin Farrell, “Pinguim”
- Richard Gadd, “Babê Rena”
- Kevin Kline, “Disclaimer”
- Cooper Koch, “Monstros”
- Ewan McGregor, “A Gentleman in Moscow”
- Andrew Scott, “Ripley”
Melhor atriz em minissérie, antologia ou filme para TV
- Cate Blanchett, “Disclaimer”
- Jodie Foster, “True Detective: Terra Noturna”
- Cristin Milioti, “Pinguim” (HBO/Max)
- Sofía Vergara, “Griselda” (Netflix)
- Naomi Watts, “Feud: Capote vs. the Swans”
- Kate Winslet, “O Regime”