Bezos: bilionáruio (Andrew Harrer/Bloomberg/Getty Images)
Karina Souza
Publicado em 16 de agosto de 2021 às 19h17.
Última atualização em 18 de agosto de 2021 às 10h04.
Jeff Bezos e Warren Buffett têm carreiras admiráveis, para muitas pessoas. Eles superaram alguns obstáculos, identificaram tendências, construíram empresas de sucesso e se tornaram bilionários. Mas, como garantir que o legado seja passado para as próximas gerações? Para ambos os executivos, a resposta está em um fator específico: estratégia para pensar em longo prazo.
Trazendo a discussão para um ponto de vista mais prático com um exemplo: Bezos identificou ainda em 1997 que a internet estava crescendo a uma taxa de mais de 2 mil por cento ao ano e resolveu montar a Amazon. Buffett teve uma estratégia semelhante, ao longo da carreira, tentando identificar setores com alto crescimento.
Mesmo não sendo bilionário, é possível seguir em média três passos para adotar uma estratégia como essa. O primeiro seria observar o crescimento geral e entender melhor a sociedade em que se vive, entender quais setores dentro desse universo estão crescendo e, dentro desses setores, encontrar quais são as estatísticas relacionadas ao campo em que se pretende atuar. Ou seja, estudar o potencial de crescimento de um setor e encontrar maneiras de entrar nele antes do ápice.
Apesar de a lição parecer um tanto intuitiva, a maior parte dos jovens parece não seguir completamente essa direção, optando principalmente por profissões tradicionais. Um exemplo disso foi constatado na última edição do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), pesquisa realizada pelo Fórum Econômico Mundial com adolescentes em idade escolar como avaliação de desempenho.
De acordo com os dados, 53% dos adolescentes mirava em uma carreira tradicional -- como medicina, direito ou engenharia -- ante 49% em 2000. Durante a apresentação dos últimos resultados, em 2020, Andreas Schleicher, diretor de educação da OCDE e criador do Pisa, demonstrou preocupação com esse resultado.
“As pesquisas mostram que muitos adolescentes estão ignorando ou simplesmente desconhecendo novos tipos de empregos que estão surgindo, sobretudo como resultado da digitalização”. Ainda durante a apresentação, ele afirmou que 39% dos empregos tradicionais citados pelos estudantes correm o risco de desaparecer nos próximos 10 a 15 anos.
O fato de que muitos empregos tradicionais estão sob o risco de desaparecer deveria orientar os estudantes somente para profissões que estejam em ascensão? Não necessariamente. A mistura entre coisas que se gosta de fazer e profissões em crescimento deve trazer melhores resultados ao longo do tempo.
No caso de Buffett, por exemplo, o bilionário nunca fez nenhum tipo de pressão para que seus filhos seguissem uma determinada carreira. “Eu sou eu mesmo e sei o que conquistei na minha vida”, afirmou o filho do magnata à Reuters. “Prosperidade econômica é algo que vem e vai, mas valores são uma moeda estável que nos garante todas as recompensas que realmente importam.”
Certo é que novas opções -- para todos os gostos -- surgem constantemente. No início do ano passado, o Fórum Econômico Mundial fez uma lista de 96 profissões do futuro, o que pode ajudar jovens indecisos. Entre as dez principais habilidades necessárias para o futuro, estão: administração de projetos, administração de negócios, alfabetização digital e de desenvolvimento web.