Criado por Thiaguinho, projeto já virou modelo para shows de pagode (bsfotografias/Tardezinha/Divulgação)
Estagiária de jornalismo
Publicado em 22 de maio de 2025 às 14h55.
Última atualização em 22 de maio de 2025 às 15h05.
Quanto vale um sonho? O do cantor Thiaguinho pode até custar caro, mas compensa: com a Tardezinha, que completa 10 anos em 2025, o cantor faturou R$ 300 milhões na última turnê e corre para se aproximar da receita de grandes festivais, que pode chegar a até R$ 500 milhões.
Só a turnê de 2023, por exemplo, vendeu mais de 750 mil ingressos, e superou o recorde da turnê de Sandy & Junior, que arrecadou R$ 567 mil.
Desde o início do projeto, a Tardezinha já faturou cerca de R$ 1,8 bilhão, considerando os R$ 1,6 bilhão arrecadados até 2019 e os R$ 200 milhões faturados em 2023 na retomada da turnê.
Com mais de 6 milhões de ouvintes no Spotify, Thiaguinho se tornou um dos artistas brasileiros de maior sucesso da atualidade. Sua última turnê da Tardezinha chegou a lotar o estádio Nilton Santos, também conhecido como Engenhão, que tem capacidade para 44.661 pessoas.
O projeto, idealizado por Thiaguinho, Rafael Liporace e Rafael Zulu, transformou rodas de samba em megashows que lotam estádios por todo o Brasil — e agora, até no exterior.
Uma das estratégias que mais auxiliaram no crescimento da turnê é a bilheteria digital, parceira do projeto na venda dos ingressos, que tem papel essencial no alcance do público e gestão das vendas. Para Guilherme Feldman, CEO da Bilheteria Digital, o desafio está em manter a experiência original mesmo com a expansão dos shows.
“Entregar estádios lotados toda semana com a mesma energia e carinho de um show para 2 mil pessoas, para 65 mil, é complexo, mas é isso que fazemos”, afirma.
O projeto que começou em 2015 como uma roda de samba intimista, idealizada por Thiaguinho, com o objetivo de reunir amigos e fãs. Rapidamente ganhou popularidade, transformando-se em uma turnê de sucesso que mistura pagode, samba e música popular brasileira.
A Tardezinha conta com mais de 30 mil integrantes na produção e gera mais de 100 mil empregos em cada turnê.
Hoje, a equipe da turnê viaja o país em ritmo de maratona: enquanto um show acontece em Curitiba, outra equipe já prepara o palco no Espírito Santo, e logo depois seguem para Recife, Belém e até para datas internacionais, como em Lisboa e Luanda.
Para fazer a máquina rodar, a turnê criou um modelo de expansão baseado em parcerias locais e estratégias de venda com meses de antecedência. De acordo com a Bilheteria Digital, em geral, as vendas começam cerca de 6 meses antes das apresentações, com capacidade máxima que varia entre 8 e 44 mil.
"A maioria dos grandes projetos do segmento hoje seguem o modelo criado pela Tardezinha, desde a divisão de receitas até o calendário de vendas por fases", afirma Rafael Liporace, produtor da turnê.
É certo que o universo do pagode é amplo, mas o impacto da Tardezinha vai além dos números. O projeto ajudou a profissionalizar o mercado de eventos do gênero, criou uma nova referência para grandes turnês nacionais e abriu portas para outros artistas e formatos. A exemplo do Numanice, show de pagode da cantora Ludmilla, que traz um modelo parecido com o de Thiaguinho e já chegou a faturar R$185 milhões.
Nomes consagrados do samba e pagode, como Jorge Aragão e Belo, também já participaram da turnê.
Se não bastasse conquistar o mercado brasileiro, o Tardezinha também foi pioneiro ao expandir o conceito para fora do Brasil, levando o samba e o pagode atuais a palcos internacionais — uma forma de mostrar a força da cultura brasileira, dizem os criadores.
O modelo de negócio, a logística e a capacidade de gerar experiências únicas para o público são apontados como fatores-chave para o sucesso dentro e fora do Brasil.