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A Culpa é do Cabral: o humor na visão de Fabiano Cambota (e spoilers da nova temporada)

Em entrevista exclusiva à EXAME, Fabiano Cambota detalha sua carreira como humorista e traz informações inéditas sobre a nova temporada de "A Culpa é do Cabral"

Humorista e músico, Fabiano Cambota é apresentador do programa "A Culpa é do Cabral" (Fabiano Cambota/A Culpa é do Cabral/Divulgação)

Humorista e músico, Fabiano Cambota é apresentador do programa "A Culpa é do Cabral" (Fabiano Cambota/A Culpa é do Cabral/Divulgação)

Em junho de 2016, um novo programa de humor surgia para entreter o público brasileiro no canal do Comedy Central: "A Culpa é do Cabral" vinha com um elenco de peso: Rodrigo Marques, Rafael Portugal, Thiago Ventura, Nando Viana e apresentação de Fabiano Cambota. Esse último, vale dizer, já vinha de uma carreira de peso: de músico a humorista, passando por programas como StandUp Presents e Programa do Porchat.

Sete anos mais tarde, o mesmo programa — já bem mais recheado de audiência e com talentos reconhecidos no campo do humor — chegou, na última segunda-feira, 3, ao primeiro episódio da sua 12ª temporada. E "A Culpa é do Cabral" e promete ainda mais risadas dessa vez, com as próprias dinâmicas do programa e seus convidados especiais, sob apresentação mais uma vez de Fabiano Cambota.

Para ficar por dentro do programa e conhecer melhor o icônico músico e humorista que tem esgotado os teatros Brasil afora com seus shows, Fabiano adiantou, em entrevista exclusiva à EXAME, algumas novidades desta temporada do programa e contou um pouco sobre sua carreira na área de humor no Brasil.

Mas antes, para quem não conhece, quem é Fabiano Cambota?

(Fabiano Cambota/A Culpa é do Cabral/Divulgação)

Hoje apresentador do programa de humor "A Culpa é do Cabral", aos 45 anos, Cambota também é músico e humorista solo. Ele iniciou a carreira escrevendo crônicas de humor e depois seguiu para tocar em bares na cidade de Goiânia (GO). Nessas idas e vindas aos bares, fundou a banda Pedra Letícia (também de humor) e veio para São Paulo quando o grupo musical ganhou mais notoriedade.

Na terra da garoa, em meados de 2009, Cambota mergulho, de fato, na comédia. "Na verdade, eu acabei sendo salvo pela comédia: meus primeiros amigos eram comediantes que iam ao show do Pedra Letícia — Cris Paiva, Rogério Morgado", explica ele.

No começo, a carreira no humor era hobby. Mais tarde, ela se tornou notória e rentável: dos bares ele migrou para o Comedy Central para apresentar o StandUp Comedy. Em 2016, ele integrou a banda Pedra Letícia no Programa do Porchat e, no mesmo ano, tornou-se apresentador do "A Culpa é do Cabral".

Hoje, além de se manter no cargo, é também humorista solo e continua com a banda Pedra Letícia, que se apresenta em São Paulo, no Teatro Gazeta, na próxima terça-feira, 11, para depois prosseguir pela turnê no Brasil.

Humor no Brasil e nova temporada do programa: um papo com Cambota

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Confira abaixo a entrevista exclusiva de Fabiano Cambota à EXAME:

EXAME: Com essa nova temporada que estreou nesta semana, como que você vê a sua trajetória dentro do programa? Qual é o futuro do A Culpa é do Cabral?

Fabiano Cambota: No começo, eu confesse que tinha medo, porque, ao mesmo tempo, eu estava entrando no programa do Porchat, na época da RecordTV. Foi estranho até, porque no "A Culpa do Cabral" eu era apresentador e, no Programa do Porchat, eu era músico, cantor da banda. Em lugar nenhum eu era humorista! Eu pensava comigo: 'gente, onde é que eu vou vender meu show?'.

Obviamente no começo a gente não imaginava o tamanho do sucesso que o programa teve, mas em um primeiro momento, ele realmente deslocou as pessoas sobre o que eu fazia, elas não sabiam direito quem eu era, mas hoje eu vejo que elas compreendem: eu sou humorista, mas meu papel no programa muito mais é organizar, como um técnico dos craques — deixa que eles brilham, eles fazem os gols — e eu também sou músico.

Eu tenho toda a liberdade do mundo para fazer minhas piadas, para fazer meus comentários, mas eu também tenho muito cuidado em não atropelar, ficar querendo aparecer, porque aí eu vou ser chato e não engraçado. Todo mundo ali trabalha em prol do programa e isso fica muito claro na evolução de cada um de nós. Eu vejo assim: a evolução pessoal tem muito a ver também com a evolução do programa, de nós cinco juntos. Nos engrandecemos juntos e individualmente, isso é muito legal.

Existe uma coisa que a gente tem e que é muito importante: a certeza que temos, essa confiança que você precisa ter para fazer humor, sabe? Se assegurar de que você é engraçado, de que aquela piada funciona e, principalmente, de que você tem o direito e pode falar aquilo.

EXAME: Com A Culpa do Cabral e essa transposição do humor que saiu da TV e hoje fica mais mesclado no Youtube, na internet, você sentiu diferença de público?

Fabiano Cambota: Cada um de nós cinco possui um público incomum, mas também tem um público bem específico. No meu show, por exemplo, existe uma média de idade que é bem mais alta do que o show do [Thiago] Ventura. A gente acha isso natural e gostamos dessa diferença, inclusive quando nos apresentamos juntos.

Lá com o Pedra Letícia, a gente não tinha simplesmente fãs de música, a gente tinha fãs de diversão. Eu sempre falei que essa é uma banda muito "sem paralelo". Mesmo que você queira comparar com alguma banda de humor — Mamonas Assassinas, Ultraje a Rigor, Raimundos —, a gente é uma banda muito "sem paralelo", porque não somos nada. Veja, a gente não é rock, a gente não é forró, não somos reaggae. Só que a gente toca de tudo, porque a gente propõe diversão.

Quando você vê a plateia, não tem como colocar uma tribo. Tem todo tipo de gente, e essa plateia, por acaso, em seguiu — agregando obviamente outras pessoas — na trajetória na televisão e na internet. Eu não sou um grande social media, porque não sou esse cara (e se eu aparecer sendo, vai soar meio falso). Ou seja, ainda tem essa: ali, na A Culpa é do Cabral, a gente é muito genuíno.

É diferente eu acho para cada pessoa. O Ventura para nós é a referência em rede social, mas ele é assim, sempre foi. Eu, por outro lado, sou mais 'o nerd', o cara fechado dentro do meu quarto.

Sobre meu público, nunca teve unidade e continua não tendo, o que aconteceu foi que as pessoas vão me seguindo e isso independe de ser TV ou internet.

EXAME: Essa questão do humor no Brasil, ela também passou por muitas mudanças. Como você vê a trajetória do humor hoje no País, tendo em vista que muita coisa mudou e que as piadas agora precisam ser outras?

Fabiano Cambota: Ai, tem tanta coisa para falar a respeito disso... Mas acho que, primeira coisa: mudanças sempre existiram. Todo mundo que fez humor por muito tempo passou por mudanças. A diferença agora é que a gente pegou, nesses últimos anos, uma revolução — digital e das redes sociais — que a gente vê mais as opiniões das pessoas, onde elas "destilam amor e ódio" ao humorista.

Na verdade, a gente teve acesso. E, hoje, a gente passa por um momento de intolerância. Se a gente faz uma piada que não agrada, desqualifica uma carreira inteira. Por causa disso — e isso é uma opinião minha, falando por mim e não pelos meninos do programa —, eu me tornei um cara mais cuidadoso, até porque a minha proposta é divertir as pessoas.

Se eu quero que as pessoas deem risada do que eu falo, porque eu me arrisco falando algo que pode ferir (minha opinião), se o meu objetivo era fazer essa pessoa se divertir? Para mim, isso soa como um contrassenso. É claro que para todo mundo há um limite, um limiar. Eu digo coisas no meu show que pode ser que desagrade algumas pessoas, mas eu acho leve.

Enfim, eu ando como eu acho que devo andar: de acordo com o meu bom-senso. Tem coisas que não falo nos meus shows, mas isso é uma questão pessoal. E aí, se você analisar de outra forma, você pode ver isso como uma covardia minha: tem assuntos que eu poderia levantar um bom debate, mas como meu objetivo é só fazer as pessoas rirem, eu prefiro não entrar nesses temas.

E mesmo assim, por causa da internet também, eu sofro 'hate' e aí existe um bom-senso de olhar o que de fato é ofensivo e o que não é, porque, se isso pautar tudo, não existe mais humor. Tem um comediante americano que diz uma frase que eu considero muito: o fato de você ter se ofendido com uma piada, não significa que ela não seja engraçada.

Para mim é isso, o filtro está no ouvido de cada um, de seguir ou não aquele humorista. É claro que tudo tem limite, tem toda a questão do bom-senso, mas, no palco, isso não pode pautar o show.

(Fabiano Cambota/A Culpa é do Cabral/Divulgação)

EXAME: O primeiro episódio d'A Culpa é do Cabral chegou às telas nesta segunda-feira, 3. Tem algo que você possa compartilhar conosco e com o público?

Fabiano Cambota: Tem tanta coisa legal nessa temporada! A gente grava tudo de uma vez, então, eu confesso que fico com um sentimento mais próximo dos últimos gravados.

Mas entre os momentos mais marcantes, posso citar que Marco Luque foi muito legal; João Pimenta foi sensacional, rimos muito. Cristina Rocha foi muito engraçado.

Tivemos convidados que realmente marcaram o programa nessa temporada. Hoje, a gente tem a tranquilidade de levar convidados que sabem o que está acontecendo, que já viram o programa antes. Isso tudo deixa a coisa mais natural, mais dinâmica, nos dá mais liberdade.

Acho que essa temporada está bastante especial, estamos mais soltos, rimos muito e nos divertimos demais.

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