"O Mágico de Oz": atores eram submetidos a condições de trabalho duvidosas (EXAME.com)
Estagiária de jornalismo
Publicado em 24 de novembro de 2025 às 23h23.
A estreia de "Wicked: Parte 2" nos cinemas na última semana reacende o fascínio pelo universo de Oz e pelo clássico de 1939 que deu origem a tudo. Enquanto o novo filme celebra a magia da Terra de Oz com tecnologia de ponta, a produção original de "O Mágico de Oz" foi marcada por condições de trabalho inesperadas.
Confira 10 curiosidades sombrias do set de filmagem de "O Mágico de Oz":
Com apenas 16 anos quando começou a filmar, Judy Garland, a atriz que interpretou a Dorothy, foi colocada em uma dieta restrita e seu consumo de alimentos era severamente monitorado. O chefe do estúdio MGM, Louis B. Mayer, a chamava de "porquinha gorda com tranças" e exigia que ela consumisse apenas caldo de galinha, café preto e, supostamente, 80 cigarros por dia, além de pílulas para reduzir seu apetite, conhecidas como "pep pills" na indústria.
Para parecer mais jovem, Judy também era forçada a usar um espartilho apertado e tinha os seios enfaixados. A dependência de anfetaminas iniciada nesse período a acompanhou até sua morte, aos 47 anos, em 1969.
A "neve" da icônica cena do campo de papoulas era feita de amianto, um material altamente tóxico. Apesar dos riscos à saúde já serem conhecidos desde 1897, os estúdios de cinema começaram a usar uma das formas mais puras de amianto porque era à prova de fogo e se parecia com neve real sob as luzes do Technicolor, série de processos cinematográficos a cores. A neve de amianto era vendida comercialmente na época sob nomes como "White Magic" e "Snow Drift" para decoração de Natal.
Em 23 de dezembro de 1938, Margaret Hamilton, que interpretava a Bruxa Má do Oeste, sofreu queimaduras de segundo grau no rosto e de terceiro grau na mão durante uma cena. As chamas subiram antes que ela conseguisse descer pelo alçapão do palco. Seu processo de recuperação durou seis semanas.
Sua dublê, Betty Danko, também sofreu queimaduras graves em outra cena quando o mecanismo de fumaça da vassoura voadora explodiu. A maquiagem verde de Hamilton era feita de cobre, material altamente inflamável e tóxico, e ela só podia comer ou beber por um canudo para não remover a maquiagem.
Buddy Ebsen foi originalmente escalado para o papel do Homem de Lata, mas teve que ser substituído depois que a maquiagem de alumínio o deixou gravemente doente. Após 10 dias de filmagem, os médicos determinaram que o pó de alumínio estava revestindo seus pulmões e impedindo a oxigenação do sangue. Ele ficou duas semanas em uma tenda de oxigênio no hospital.
Jack Haley o substituiu, usando pasta de alumínio em vez de pó. Mas Haley também desenvolveu uma infecção ocular grave causada pela aplicação da pasta em seu rosto. A voz de Ebsen, no entanto, ainda pode ser ouvida na trilha sonora.
A fantasia de Bert Lahr, o ator que fez o Leão Covarde, pesava quase cerca de 45 kg e era extremamente quente. O ator suava sob as luzes necessárias para filmar em Technicolor, com o set chegando a quase 40°C.
A prótese facial grudada em seu rosto impedia que ele comesse, tendo que beber seu almoço por um canudo. Entre as tomadas, Lahr e Haley tinham que se deitar em tábuas porque não conseguiam se sentar com o peso dos figurinos.
No romance original de L. Frank Baum, de 1900, Dorothy usa sapatos de prata. A cor foi mudada para vermelho para aproveitar o processo de filme Technicolor.
Os sapatos eram feitos de sapatilhas brancas de seda tingidas de vermelho e decoradas com cerca de 2.400 lantejoulas cada. Um feltro laranja foi colado na sola para abafar o som dos passos de Garland na estrada de tijolos amarelos. Curiosamente, "Wicked" voltou aos sapatos prateados originais do livro.
O icônico tornado foi criado com uma meia de musselina de 10 metros de comprimento pendurada do teto do estúdio. A equipe girava a meia enquanto soprava pó e terra através dela para criar o efeito. Era um dos muitos efeitos práticos revolucionários e perigosos do filme.
Para dar ao set indoor um ar mais natural, vários pássaros de diversos tamanhos foram emprestados do Zoológico de Los Angeles e autorizados a circular pelo cenário. Um pavão pode ser visto vagando perto da cabana do Homem de Lata.
A suposta figura de um munchkin (anão) enforcado em "O Mágico de Oz" não é um munchkin. A silhueta é de um pássaro no estúdio abrindo suas asas. O mito ganhou força em 1989, quando o filme foi relançado em VHS e as pessoas puderam pausar e analisar a cena quadro a quadro.
As cenas da floresta foram filmadas antes das cenas da terra dos Munchkins. Nenhum dos atores que os interpretavam estava presente no set naquele momento. Nenhum ator morreu durante as filmagens, e todos os envolvidos na produção sempre negaram veementemente a história.
Mais de 100 atores com nanismo foram contratados para interpretar os Munchkins. Vários tinham sobrevivido à Grande Depressão trabalhando em circos, enquanto outros haviam fugido da perseguição nazista na Europa.
Embora existam histórias sobre comportamento inadequado nos bastidores, muitas dessas alegações foram exageradas ou inventadas. Jerry Maren foi o último ator munchkin sobrevivente. Ele morreu em 2018 aos 97 anos e sempre negou as histórias sensacionalistas.