Política

'Precisamos construir o PT para quando Lula não estiver mais nas urnas', diz presidente do partido

Após tomar posse, Edinho Silva chamou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de 'maior líder fascista'

Edinho Silva, presidente do PT: "Essa eleição [de 2026] é de fato a eleição mais importante da nossa vida. Nós teremos tarefas fundamentais"

Edinho Silva, presidente do PT: "Essa eleição [de 2026] é de fato a eleição mais importante da nossa vida. Nós teremos tarefas fundamentais"

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 3 de agosto de 2025 às 13h32.

Recém empossado como dirigente nacional do PT, o ex-prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva afirmou, neste domingo, que é preciso preparar o projeto do partido para quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não puder mais disputar as eleições. Edinho afirmou que não surgirá um nome equivalente e que a resposta para a sucessão é uma legenda forte.

— Essa eleição [de 2026] é de fato a eleição mais importante da nossa vida. Nós teremos tarefas fundamentais. Temos a responsabilidade de construir o partido quando o presidente Lula não estiver mais nas urnas disputando o projeto. Ele nos deixa um legado que será fundamental para o resto da nossa existência, mas nós sabemos que ele sempre disputou as eleições nas crises. Após 2026, por direito ao descanso, nós não teremos mais. O seu substituto não será um nome, mas o PT — disse.

Edinho também criticou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pela imposição de uma tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros, elevando o total da taxação para 50%, e chamou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de fascista.

— Nós estamos enfrentando o maior líder do fascismo, que é Donald Trump. (...) Se o Trump que representa o fascismo, nega a urgência climática. Nós temos que dizer não a isso — afirmou.

O presidente nacional do PT deu as declarações durante o encontro nacional do partido, o lado do presidente Lula (PT). Onze ministros estão presentes. São eles Jorge Messias (AGU), Camilo Santana (Educação), Anielly Franco (Igualdade Racial), Luiz Marinho (Trabalho) Waldez Goés (Desenvolvimento Regional), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral) Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) , Luciana Santos (Tecnologia) , Wellington Dias (Assistência Social) e Macaé Evaristo (Direitos Humanos).

O evento contou também com a participação do ex-ministro José Dirceu, condenado durante o Mensalão, que foi ovacionado pela militância com gritos de "Dirceu guerreiro do povo brasileiro". Ele ensaia um retorno à cena política e deve concorrer à Câmara dos Deputados no próximo ano.

Soberania e 2026

Após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter decretado o tarifaço contra os produtos brasileiros, a solenidade foi marcada por reações. A ministra Gleisi Hoffmann criticou a família do ex-presidente Jair Bolsonaro. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) é investigado por articular sanções à autoridades brasileiras.

— Agora temos que lutar ainda pela soberania. Nunca achei que a gente fosse passar por isso. Ainda pela família de um ex-presidente que entrega nosso país ao estrangeiro. Uma gente traidora que nos vende, que tentou dar um golpe e agora quer um golpe continuado — disse Gleisi.

O tom eleitoral também permeou a cerimônia. O senador Humberto Costa (PE), que presidiu a sigla interinamente nos últimos cinco meses, disse que Lula disputará as eleições mais difíceis de sua vida.

— A extrema-direita continua viva e disposta a destruir os valores. A mentira e ódio tentam se impor. Temos pela frente eleições decisivas, as eleições das nossas vidas. Elas podem consolidar um projeto civilizatório. O PT precisa mais do que nunca ser um projeto enraizado na vida real das pessoas — afirmou.

Posse de Edinho

O encontro reafirma o papel de Edinho como figura de confiança do núcleo mais próximo a Lula. Além de ter comandado campanhas presidenciais do petista, Edinho também atuou como ministro da Secretaria de Comunicação Social no segundo mandato de Dilma Rousseff e como tesoureiro do partido.

Sua vitória refletiu um desejo do Planalto de alinhar ainda mais a atuação institucional do partido com a estratégia de governo, especialmente num momento em que Lula tenta reforçar a base no Congresso e ampliar o diálogo com movimentos sociais e setores organizados da sociedade.

Desde sexta-feira, cerca de mil delegados de todos os estados, eleitos previamente nas instâncias estaduais do partido, participaram das discussões em torno do novo regimento interno e das diretrizes políticas da legenda.

Apesar de disputas internas e da tentativa de grupos menores de alterar o equilíbrio de forças, a corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB), à qual pertencem tanto Lula quanto Edinho, manteve o controle da maioria do Diretório Nacional. A hegemonia da CNB, consolidada nas eleições internas, reduz as chances de mudanças profundas na linha política ou nas regras de funcionamento do partido.

O 17º Encontro Nacional também é palco de debates sobre as perspectivas eleitorais do PT para 2026, a relação com os aliados da frente ampla e o fortalecimento da presença digital do partido nas redes sociais, um dos temas considerados centrais pela nova direção. A expectativa é que Edinho assuma um papel na reorganização da militância digital e na construção de pontes com setores do eleitorado ainda resistentes ao projeto petista.

Recentemente, a legenda teve bom desempenho nas plataformas digitais com campanhas temáticas que furaram a bolha da militância, como a defesa da taxação dos super-ricos e a mobilização em torno da soberania nacional, reacendida após o tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A expectativa da nova gestão é intensificar esse tipo de atuação, investindo em linguagem mais popular, engajamento com criadores de conteúdo e maior capilaridade entre os militantes digitais.

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