Thiago Achatz, Mateus Craveiro, Sophie Secaf e João Pedro Thompson, fundadores da Z1: banco dos jovens capta R$ 55 milhões (Z1/Divulgação)
A Z1, startup brasileira que oferece conta digital para adolescentes, anunciou um aporte de 10 milhões de dólares (55 milhões de reais) nesta quarta-feira, 24. Com o cheque, a proposta da empresa é expandir a educação financeira para jovens da geração Z, especialmente aqueles com idades entre 13 e 17 anos. A rodada foi liderada pelo fundo latino Kaszek, que também já participou de grandes aportes em unicórnios como Nubank, Kavak, Creditas e QuintoAndar.
Além de Kaszek, também participaram os fundos MAYA Capital, Homebrew, Clocktower e Mantis, o fundo da dupla de DJ’s The Chainsmokers.
A Z1 foi fundada em 2020 pelos empreendedores Thiago Achatz, Mateus Craveiro, Sophie Secaf e João Pedro Thompson com a missão de facilitar o acesso às finanças para jovens da geração Z. Para isso, a startup oferece conta digital e cartão com taxas reduzidas e linhas de crédito mais acessíveis a esse público. O propósito, segundo os fundadores, é fazer com que os adolescentes alcancem a independência financeira sem percalços no meio do caminho.
Por trás do desejo de incentivar a autonomia financeira de adolescentes e jovens está também o olhar atento ao potencial que esse público tem de ditar as novas regras do mercado. Até 2031, eles devem ultrapassar os millennials em renda, mostram estimativas do Bank of America. Atualmente, os jovens da geração Z também correspondem a 30% da população brasileira. Juntas, essas pessoas movimentam 15 bilhões de dólares ano a ano.
“Nosso cliente é o adolescente, e não seus pais. Nosso produto é diferente pois é pensado nesse adolescente, suas maneiras de pensar e no que realmente precisam para aprender a lidar com dinheiro e com responsabilidades financeiras”, diz Thompson, um dos fundadores.
Em essência, o que a Z1 oferece, desde janeiro de 2021, é o primeiro contato com o universo financeiro, com uma conta digital e um cartão pré-pago. A mensalidade de 10 reais, que era cobrada apenas nos meses em que há utilização do serviço, agora deixará de existir.
Segundo Thompson, essa decisão vai de encontro com a percepção de que a marca deve acompanhar o pedido dos jovens que estão em contato, (muitas vezes pela primeira vez), com o próprio dinheiro. “É sobre autonomia e independência. O acesso já é, por si só, um propulsor da educação financeira, mas queremos ir além”, diz. “Hoje são 70 milhões de pessoas dessa idade e queremos chegar a todas elas. As taxas não impossibilitavam isso, mas sem elas, dialogar com todos é muito mais simples”, diz.
Em outra frente, a startup também aposta na criação de conteúdos sobre educação financeira em parceria com influenciadores e membros da comunidade nas redes sociais, como TikTok e Instagram, e deve expandir ainda mais esse esforço, levando os conteúdos educativos para dentro do aplicativo do banco.
A aproximação com o Kaszek vem acontecendo há alguns meses, mas a Z1 não tinha intenção de estender a rodada anterior, feita em março deste ano e que levantou 14 milhões de reais. Naquela rodada, a startup conquistou a aceleradora Y Combinator, famosa por trabalhar com gigantes tecnológicos como Airbnb e Rappi. Antes disso, outros investidores de peso, como o fundo MAYA Capital e também Ariel Lambrecht e Renato Freitas, fundadores da 99, também já investiram na fintech.
“Agora com a Kaszek, encontramos o parceiro certo para o nosso momento atual. Vamos colocar o pé no acelerador de vez”, diz o fundador.
Com o novo aporte, a principal intenção da Z1 é fazer disparar o número de clientes na base — pelo menos em 10 vezes no próximo ano, pelos cálculos da empresa. Os empreendedores não divulgam a base de usuários atual. "Falamos em um patamar de milhões de usuários em breve”, diz.
Excluir as taxas, ao que tudo indica, deve ajudar a startup a chegar lá. Mesmo sem parte dos ganhos financeiros que vinham dessas cobranças, a Z1 deve manter sua rentabilidade apenas com base na taxa de 1,5% paga pela bandeira do cartão (no caso, Mastercard) a cada transação realizada por intermédio do banco.
Mesmo assim, a empresa não vai esquecer a importância de ter ganhos pelo que oferece. Segundo o empreendedor, haverá times dedicados a encontrar novas fontes de receita dentro da Z1. “O que faz sentido para nós é crescer a base agora, e é o que faremos com o capital da Kaszek”, diz.
Em boa medida, a nova leva de “milhões de usuários” deve permitir à Z1 um novo leque de produtos financeiros no futuro, como crédito e investimentos, mas também produtos que não envolvam pagamentos, como parcerias com marcas que ofereçam benefícios para os usuários.
O salto no número de clientes deverá vir acompanhado de um crescimento no time. A intenção é dobrar o número de funcionários, de 60 para 120 até o final do primeiro trimestre de 2022, com contratações nas áreas de marketing, produto e tecnologia. Até o final do ano que vem, esse número deve chegar a 250. “Essa rodada nos coloca num outro patamar. Queremos ser a marca da geração Z e a que mais fala a língua dessa geração”, diz Sophie Secaf, uma das fundadoras.