Tech-fin Aarin: plataforma de pagamento foi desenvolvida e exclusivamente para PIX e open banking. (Aarin/Divulgação)
Mariana Martucci
Publicado em 2 de julho de 2021 às 14h00.
Com mais de 230 milhões de chaves cadastradas, o Pix vem se tornando símbolo mundial do avanço tecnológico no setor financeiro e está desbancando os tradicionais DOC, TED e o boleto. Em apenas quatro meses foram feitas mais de 1 bilhão de transações que movimentaram quase R$ 787 bilhões. Com o objetivo de emancipar empresas brasileiras das burocracias de grandes bancos, a techfin Aarin surge com a missão de ser a primeira infraestrutura tecnológica financeira especializada em Pix e open banking.
Co-fundada por uma liderança feminina, Ticiana Amorim, que também é CEO, a techfin anunciou aporte de R$ 2 milhões, liderado pela RB3 Participações, Cubos Venture Studio, executivos do Brasil, Estados Unidos e Espanha, e obtido com exclusividade pela Exame. O negócio, que nasceu em Salvador, e começou a operar em janeiro deste ano, já transacionou cerca de R$ 5 milhões em pagamentos. A estimativa é faturar, até o final do ano, cerca de R$ 750 mil.
Diferentemente das fintechs, que são voltadas para os usuários, as techfins são empresas de tecnologia que têm como objetivo melhorar e modernizar soluções e serviços já existentes no setor financeiro, bem como facilitar as transações bancárias. Através do Smart Core, arquitetura tecnológica customizável, as empresas podem ofertar seus próprios serviços financeiros sem que precisem ser um banco.
A tecnologia desenvolvida pela techfin possibilita, dentre outras funções, um ERP (sistema de gestão integrado) para que estabelecimentos comerciais possam prestar serviços financeiros para a sua base de clientes. “Não só solucionamos processos burocráticos de recebimento, como ajudamos as empresas no controle e repasse, conciliação bancária, estorno, mas, principalmente possibilitando uma nova linha de receita para as empresas”, explica Ticiana.
A Aarin já soma mais de 100 clientes no portfólio, como Desinchá, Dobra, Gregory, Zigpay, Quero Delivery (presente em 250 cidades), Vamo app, Pede Aí, Latam Gateway, CRK, Hard Rock Café no Brasil, além de outros 30 colaboradores.
Com as soluções para o varejo, é possível realizar vendas e ter a confirmação, em tempo real, de quando o dinheiro cai na conta, sem a necessidade do acesso à conta bancária. Isso permite que a operação aconteça sem a exigência de ter que confirmar com o gerente da loja (quem geralmente tem acesso às contas bancárias) ou ter que pedir para o cliente enviar o comprovante de pagamento, por exemplo.
As empresas também podem usar o sistema para fazer "pagamentos em lote", pagando em um clique só milhares de funcionários, fornecedores, afiliados ou parceiros. “O Pix é commodity, a tecnologia criada em cima dele é o verdadeiro diferencial”, diz a empreendedora. De acordo com Ticiana, o propósito é construir as pontes necessárias para o que chamam de Invisible Banking, ou banco invisível. “As pessoas não precisam mais ir em agências para terem acesso a todos os serviços financeiros disponíveis. Agora, o cliente pode encontrar essas possibilidades nas próprias lojas, sendo possível financiar e parcelar as compras”, ressalta.
A tecnologia desenvolvida pela Aarin vai até a ponta do consumidor, por meio de um aplicativo para frente de caixa, e criado especificamente para o varejo. “Ajuda varejistas e trabalhadores informais, uma vez que o sistema Pix não é gratuito para operações entre pessoas jurídicas. Os clientes crescem em média 10% a 20% no mês em quantidade de transações, o que mostra o potencial e adesão ao Pix. Acreditamos que é um caminho sem volta e mais que um meio de pagamento, pois possui características que vão alterar de uma vez por todas a gestão de pagamento e a experiência do usuário no ato de comprar”, afirma.
Além disso, a tecnologia também reduz fraudes, uma vez que dispensa o cartão e a transferência do dinheiro é instantânea, bem como a principal queixa de golpe com os cartões de crédito: o chargeback, que é quando uma cobrança é contestada pelo titular do cartão e o valor é devolvido, quando identificada uma transação fraudulenta. “O risco das fraudes por NFC é menor, pois os cartões, hoje, têm a função de passar compras por aproximação, sem pedir a senha, o que possibilita qualquer pessoa utilizar o seu cartão, ou que alguém aproxime uma máquina da sua carteira e consiga realizar uma transação”, conclui.
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