São Paulo – Farinha de trigo, chocolate em pó, manteiga, ovos e leite. Esta, que poderia ser a receita básica para um bolo, é a forma de preparar os whoopies, sanduíches da foto acima. Ainda pouco conhecidos no Brasil, os doces estão virando moda nos Estados Unidos e na Europa e trazem novas oportunidades de negócio para os empreendedores.

Criado nos Estados Unidos, o nome significa “oba!”, interjeição de alegria dos maridos ao verem o bolinho na marmita do trabalho. Mistura de bolo e biscoito, a massa é tradicionalmente recheada com butter cream, um creme de manteiga que agrada bastante aos americanos mas faz os brasileiros torcerem o nariz.

Esses sanduíches doces estão dividindo espaço com cupackes e bombons em docerias americanas e inglesas a ponto de se acreditar que o whoopie é o novo sucessor dos cupakes. “O cupcake está morto. Longa vida ao whoopie”, diz a manchete do jornal britâncio The Times Sun. A reportagem acrescenta ainda que eles invadiram as confeitarias mais chiques de Londres e ganham cada vez mais espaço.

A nova onda é justificada em parte pela famosa doceria Magnolia Bakery, de Nova York, ter incluído o whoopie no cardápio há dois anos atrás. Para o The New York Times, não interessa muito se ele é uma torta, um biscoito ou um bolo, mas que está vivendo um momento especial. Em algumas confeitarias nova-iorquinas, a iguaria chega a custar 50 dólares a dúzia.

Aqui no Brasil, uma das pioneiras na produção do sanduíche-bolo é a chef e dona da La Vie en Douce, Carole Crema. Desde outubro, ela vende os whoopies em três sabores na doceria.

“Como as pessoas estão sempre atrás de mim para coisas novas, eu fui para Boston, vi muitos desses lá e achei que dava um samba bom por aqui”, conta. Ela vende 500 whoopies por mês, a preços que vão de R$ 4 a R$ 4,80. “É uma boa venda, mas garanto que ele não bate os cupcakes”, diz.

A proprietária da loja especializada em cupcakes Wondercakes, Paula Kenan, reforça essa ideia. “O whoopie é mais uma maneira de comer um pedaço de bolo”, define. Para ela, os sanduíches devem apenas incrementar as vitrines das docerias.

“Da mesma forma que os cupcakes não mataram os bolos tradicionais, a nova moda não deve abalar a fama dos cupcakes”, explica. “Tem espaço para todo mundo que faz um produto bom com matéria-prima de qualidade”, complementa.

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Não fatura só quem vende os docinhos. A cake-designer Paula Gradícola já oferece um curso de whoopies. “Incluí o curso na grade pois trata-se de um doce que está chegando no Brasil com tudo. Além disso, é fácil de fazer, as opçōes de sabores e recheios são enormes e podem ser servidos em qualquer evento”, conta Paula, que também faz os sanduíches sob encomenda, por R$ 6 a unidade. “Hoje, no entanto, a procura é mais pelos cursos”, diz. Uma aula não sai por menos de R$ 315.

Carole alerta que não basta copiar as versões americanas. “É preciso ter esse cuidado de fazer uma adaptação para o paladar brasileiro, que não aceita butter cream mas adora brigadeiro”, conta.

Para ela, é possível que o docinho siga a trilha do cupcake, mas dificilmente vai desbancar o novo quitute preferido no país. “É gostoso e novidade, o que tem ajudado essas novas modas é exatamente essa ânsia das pessoas por coisas novas, por experimentar”, afirma Carole.