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Veto de Uber leva moradores da Brasilândia a criar alternativa

Segundo a empresa, serviço do aplicativo não chega a regiões "com desafios de segurança pública"

Brasilândia: moradores decidiram criar a Ubra, que atua na comunidade onde a gigante norte-americana não chega (Avelino Regicida / Creative Commons/Flickr)

Brasilândia: moradores decidiram criar a Ubra, que atua na comunidade onde a gigante norte-americana não chega (Avelino Regicida / Creative Commons/Flickr)

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Da Redação

Publicado em 16 de março de 2017 às 10h00.

Última atualização em 16 de março de 2017 às 17h31.

Enquanto os serviços prestados pelo Uber têm deixado usuários insatisfeitos por uma série de motivações (precarização dos carros e a variação às vezes exorbitante de preço, por exemplo), outra parcela da população, moradora de favelas e comunidades, sofre com um problema ainda maior: inexistência do serviço em seus bairros.

Pensando em oferecer uma alternativa para este público que dois moradores da Brasilândia, bairro periférico de São Paulo, decidiram criar a Ubra, que atua na comunidade onde a gigante norte-americana não chega.

De acordo com reportagem da BBC, “quem tenta pedir um carro num desses bairros vê o recado saltar na tela: "Infelizmente, a Uber não está disponível na sua área no momento".

A empresa informou que isso ocorre nas regiões "com desafios de segurança pública". Independente disso, a grande demanda de passageiros no extremo norte da capital inspirou o tatuador Emerson Lima, de 40 anos, e o motorista Alvimar da Silva, de 48, a criarem a Ubra: União da Brasilândia.

Sobre a empresa

A Ubra foi criada há aproximadamente 20 dias e conta atualmente com seis motoristas, mas já tem planos de ampliar sua frota (não a área de cobertura) nas próximas semanas.

O sistema é simples: por meio de um telefone fixo e um celular com WhatsApp, os pedidos de corridas são recebidos, enquanto os motoristas aguardam o chamado em uma sala de espera.

O serviço aceita cartões de crédito e débito e dinheiro como forma de pagamento. O sistema de cálculo é bem mais rudimentar que o do Uber. O preço da corrida é determinado apenas pela distância medida entre os pontos de partida e chegada no Google Maps.

Os preços praticados pela Ubra, segundo o que contam os criadores à BBC, são semelhantes aos do Uber. O quilômetro rodado sai por R$ 2,00, contra R$ 1,80 do Uber, que cobra ainda uma taxa municipal.

Serviço tem demandas específicas

De acordo com Alvimar, o serviço de qualidade é ferramenta para conquistar uma clientela fiel: “Oferecemos um serviço de qualidade para fidelizar os passageiros. Só permitimos carros em ótimas condições e com ar condicionado. Além disso, os motoristas são todos de confiança. Só nossos amigos do bairro”, conta Alvimar à reportagem da BBC.

“Nós temos um papel a cumprir na quebrada. É um trabalho social, não é só cobrar o (preço) que deu. Eu levo mulher em presídio, transporto deficiente físico e idoso para fazer consulta. Muitas vezes, cobro menos”, relata o motorista.

Por enquanto, serviço circula ilegalmente

Apesar de a Secretaria Municipal de Transportes declarar o “interesse em aumentar o número de empresas que operam na cidade, sobretudo em locais onde o sistema viário ainda é pouco aproveitado pelo transporte individual de passageiros”, a administração ressaltou que a empresa ainda não foi credenciada no Conselho Municipal de Uso do Viário (CMUV) e não pode transportar passageiros, estando sujeita à fiscalização, assim como seus motoristas, que podem receber multas e ter seus veículos apreendidos.

Este conteúdo foi originalmente publicado no site da AdNews.

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