Crédito: Jandaraci Araújo, subsecretária de empreendedorismo micro e pequenas empresas do estado de São Paulo, dá dicas do que fazer na hora de procurar um banco (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Carolina Ingizza
Publicado em 15 de outubro de 2020 às 08h00.
As micro e pequenas empresas foram fortemente impactadas pela crise causada pelo coronavírus. Sem dinheiro em caixa para manter seus negócios temporariamente fechados, os empreendedores adiaram pagamentos e tomaram dívidas. Agora, com a retomada das atividades econômicas, muitas dessas empresas buscam crédito para poder recomeçar.
Apesar da procura alta, nem todas as empresas são atendidas pelos bancos. De acordo com o Sebrae, 51% das micro e pequenas empresas buscaram crédito desde que a pandemia começou, sendo que somente 22% das que solicitaram conseguiram acesso ao dinheiro. Entre os motivos listados para não obtenção do crédito, o principal é negativação do CPF, no caso dos Microempreendedores Individuais, ou da empresa no CADIN/Serasa.
O programa mais bem-sucedido da pandemia até agora foi o Pronampe (Programa de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte). Por meio dele, 32,3 milhões de reais foram emprestados a micro e pequenas empresas brasileiras. Mas a procura foi tão grande que o dinheiro rapidamente se esgotou nos bancos. Agora, há outras linhas disponíveis em instituições financeiras tradicionais e em fintechs.
Se sua empresa pretende buscar crédito no mercado, separamos algumas dicas elaboradas por Jandaraci Araújo, subsecretária de empreendedorismo micro e pequenas empresas do estado de São Paulo e diretora do Banco do Povo Paulista.
Veja abaixo as recomendações da especialista:
O primeiro passo na hora de tomar crédito é procurar o banco com o qual sua empresa ou você têm relacionamento. Para Araújo, essa deve ser sempre a primeira opção, pois evita ter que apresentar uma série de documentos que são exigidos para iniciar uma conta em outra instituição financeira. Mas isso não significa ignorar as outras instituições: ela recomenda saber as condições de outros bancos para poder negociar com o gerente.
Em algumas linhas disponibilizadas para pequenas empresas na crise, como o Pronampe, é necessário apresentar a última declaração de imposto para que o gerente calcule quanto pode ser emprestado. Nessa linha, o limite é até 30% do faturamento de 2019. Por isso, é importante que antes de pedir o crédito a empresa tenha em mãos as alterações societárias e declarações de impostos regularizadas.
Os bancos também irão querer saber como estão as finanças do negócio. Assim, é importante que os empreendedores mantenham uma planilha simples demonstrando as receitas e custos fixos da micro ou pequena empresa. Em caso de dificuldade, Araújo recomenda procurar ajudar de um especialista em finanças ou contador.
Com o controle financeiro em dia, o empreendedor pode verificar seu fluxo de caixa mensal e aí decidir se tem condições ou não de pegar um empréstimo. O objetivo é evitar uma dívida com parcela alta que não conseguirá ser paga todos os meses.
A depender do valor que cada empresa quer conseguir de crédito, será necessário apresentar garantias. Para agilizar o processo, os empreendedores podem fazer um levantamento prévio de que tipo de bens podem oferecer na hora de contratar o crédito. O FAMPE (Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas), do Sebrae, pode ser uma alternativa para as micro e pequenas empresas que não possuem garantias reais, já que ele garante até 80% do empréstimo.
Antes de ir ao banco, é importante também verificar o CNPJ da empresa para verificar se existe alguma restrição ao crédito. Mas só isso não basta. Segundo Araújo, o CPF dos sócios ou do proprietário também precisa estar sem restrições para a aprovação no banco.