Home office: saiba fugir das armadilhas para seu negócio prosperar (Thinkstock/Thinkstock)
Mariana Desidério
Publicado em 15 de março de 2018 às 06h00.
Última atualização em 15 de março de 2018 às 06h00.
São Paulo – Abrir o próprio negócio não é tarefa fácil – é necessário ter disciplina, estabelecer processos e controlar as finanças dia a dia. E se você decide tocar a empresa em sua própria casa, a importância dessas tarefas se multiplica. Afinal, é muito fácil perder o foco ou misturar as contas quando se trabalha da mesa de jantar.
“É necessário ter a cultura de uma empresa dentro de casa. O gerenciamento de um negócio em casa é tão sério quanto o de uma empresa de 300 milhões de reais”, afirma Renato Kuyumjian, fundador da Quinta Valentina, rede que vende calçados e trabalha com o modelo home office.
Porém, se o empreendedor consegue contornar as dificuldades do home office, ter um empreendimento em casa pode ser muito vantajoso. Em especial no início do negócio, a economia com aluguel, transporte e tempo até o local de trabalho é uma grande ajuda para crescer mais rápido.
Para ajudá-lo a usufruir do bônus de empreender em casa sem cair nas armadilhas que essa modalidade pode trazer, o site EXAME ouviu especialistas sobre como agir para tirar o melhor proveito do home office. Veja a seguir:
Quem trabalha em casa precisa tomar cuidado para não se habituar a trabalhar de pijama deitado no sofá. Para que isso não aconteça, é importante estabelecer uma rotina como se você fosse sair para o escritório. De preferência, tenha um espaço destinado apenas ao trabalho, como um quarto, ou apenas uma escrivaninha.
“Não é porque a pessoa vai trabalhar home office que ela não vai ter a rotina de negócio. As gente fala para as franqueadas: abre a porta de casa, sai e entra de novo. O empreendedor precisa agir como se tivesse saído de casa para trabalhar”, afirma Kuyumjian, da Quinta Valentina.
Uma dificuldade comum para quem empreende em casa é o horário do expediente. Se não estabelecer um limite para si mesmo, o empreendedor corre o risco tanto de trabalhar de menos, e perder o foco com as atividades da casa, quanto de trabalhar demais, ficando sobrecarregado. Nenhuma das duas opções é saudável.
Para manter a disciplina neste aspecto, o consultor do Sebrae Fabio Costa de Souza recomenda que o empreendedor tenha uma conversa séria com seus familiares. “Muita gente acha que, por estar em casa, você está disponível para outras tarefas, e não é assim”.
Outra dica é estabelecer metas para cada dia de trabalho. “Defina objetivos. Proponha-se a ligar para três clientes e fazer dois orçamentos num dia, por exemplo”. Isso ajuda a ter uma ideia do andamento real do trabalho, já que muitas vezes trabalhar muitas horas não significa ser produtivo.
Se você é uma pessoa que gosta de se comunicar, é possível que tenha dificuldade em trabalhar em home office, que tende a ser um modelo mais solitário.
Neste caso, Souza recomenda buscar um espaço de coworking. “Hoje existem muitas opções de espaços colaborativos. Eles são uma alternativa para o empreendedor encontrar pessoas, ter novos contatos, respirar. Ficar muito sozinho é um problema, tem gente que não se adapta”, recomenda.
Uma grande dificuldade de quem empreende é separar as contas entre pessoa física e pessoa jurídica. No home office, essa dificuldade se agrava, já que a conta de luz é a mesma para as duas, assim como diversas despesas.
Porém, não caia no erro de não considerar esses gastos na contabilidade do negócio – isso é fundamental para saber se você de fato está tendo lucro. “Orientamos as franqueadas a comparar quanto gastavam com telefone antes da franquia e quanto gastam agora. É preciso fazer isso com todas as contas para mensurar seus custos”, orienta o franqueador Kuyumjian.
Se você trabalha com produtos, mesmo que seu estoque seja na garagem de casa é necessário fazer um controle profissional desses itens. No caso da Quinta Valentina, as franqueadas usam um sistema que as ajuda a gerir o estoque, lançar vendas e fazer o inventário dos itens disponíveis. Quem vai trabalhar com produtos deve buscar sistemas que auxiliem nesse processo.
“Existe uma cultura de tratar o home office como se fosse um trabalho informal, mas é preciso fazer o gerenciamento como se fosse uma empresa de porte maior”, aconselha o franqueador.