PME

5 empreendedores que atacam os problemas das grandes cidades

A história de cinco pequenas e médias empresas que estão ajudando a enfrentar os problemas do crescimento das metrópoles

Luiza Campos, da Venativ: "O respeito ao meio ambiente deve ser um exercício de cidadania, não uma obrigação". (Marcelo Correa)

Luiza Campos, da Venativ: "O respeito ao meio ambiente deve ser um exercício de cidadania, não uma obrigação". (Marcelo Correa)

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Da Redação

Publicado em 29 de dezembro de 2013 às 16h23.

São Paulo - A vida nas cidades, onde moram 84% dos brasileiros, retrata quanto o país evoluiu nas últimas décadas — e, ao mesmo tempo, quanto ainda há por fazer. Entre 1991 e 2010, o Brasil melhorou quase 50% no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal da ONU, que mede indicadores socioeconômicos dos municípios. Saímos da categoria "desenvolvimento muito baixo" para "alto desenvolvimento".

Mas os serviços ainda são deficientes. Cerca de 40% das casas não têm acesso a coleta de esgoto. Mais da metade das cidades despeja seus resíduos em lixões a céu aberto, o que dissemina doenças e contamina o solo. O tempo gasto no trânsito cresceu 20% de 2003 a 2010 nas grandes cidades.

Só em São Paulo, o custo anual dos congestionamentos chega a 40 bilhões de reais. A infraestrutura, sobretudo nas metrópoles, cresce aquém da demanda. O papel dos empreendedores brasileiros para transformar metrópoles apinhadas de problemas estruturais em cidades eficientes tem sido determinante.

É o que mostra esta reportagem, a nona da série Sou Empreendedor — Meu Sonho Move o Brasil, sobre como pequenos e médios negócios são necessários para melhorar o país. 

Os cinco empreendedores que aparecem nas próximas páginas estão à frente de empresas emergentes que crescem ao fornecer soluções para desafios que impactam positivamente na qualidade de vida da população.

Entre os problemas atacados estão a falta de planejamento em mobilidade urbana, as deficiências no saneamento básico e a pouca quantidade de áreas verdes para o lazer.

A paulista TC Urbes, por exemplo, desenvolve projetos para a construção de ciclovias, pistas para pedestres e bicicletários. A Ecotelhado, de Porto Alegre, instala terraços verdes em coberturas de edifícios e residências, que ajudam a combater o superaquecimento. 


No Rio de Janeiro, a Venativ faz a gestão do lixo de escritórios e indústrias, implantando coleta seletiva, reciclagem e destinando adequadamente o que sobra da produção. A Ecosynth, de São Paulo, criou uma substância que reduz a quantidade de resíduos do esgoto tratado nas próprias empresas, o que ajuda a desafogar a rede de coleta dos municípios. 

Por fim, a paulista Benedito Abbud Arquitetura e Paisagística desenvolve projetos de revitalização de áreas degradadas para a construção de praças e parques públicos. Conheça suas histórias. 

Novos caminhos para a cidade

Sérgio dos Reis, de 54 anos, sócio do fundo de investimento Set, tomou recentemente uma decisão importante — fazer o trajeto de 2 quilômetros de casa para o trabalho de bicicleta, todos os dias. "Eu só usava a bicicleta para passear em parques nos fins de semana", afirma Reis.

Ele ganhou coragem para deixar o carro na garagem depois da construção de uma ciclovia na avenida Brigadeiro Faria Lima, zona oeste de São Paulo, próxima a seu escritório. "Não chego mais ao trabalho estressado por causa do trânsito e diminuí em aproximadamente 1.000 reais por mês os gastos com gasolina e estacionamento", afirma.

Recentemente, ele presenciou uma cena inusitada. Ao preparar a bicicleta para sair de casa, observou da calçada o vice-presidente Michel Temer, que é seu vizinho, passando com uma comitiva formada por quatro carros, todos com a sirene ligada. "Ultrapassei a comitiva pedalando, cheguei ao escritório e depois vi pela janela os carros oficiais passando devagarzinho, ainda presos no trânsito, mesmo com sirene e tudo", diz.

A faixa exclusiva para ciclistas foi projetada pela TC Urbes, empresa paulista que faz projetos de mobilidade urbana com ênfase na construção de ciclovias, calçadas para pedestres e bicicletários. A obra foi concluída em 2012, por encomenda da prefeitura de São Paulo.

"Dez anos atrás, uma empresa como a TC Urbes seria economicamente inviável", afirma Ricardo Corrêa, de 35 anos, que fundou o negócio em 2007. "Só agora começa a existir no Brasil uma demanda para integrar as bicicletas ao planejamento viário."

E não está se falando de passeios no parque. Há três anos, São Paulo contava com apenas 5 quilômetros de ciclofaixas. Hoje, os pedaços de chão reservados às bicicletas alcançam 108 quilômetros. As receitas da TC Urbes devem ser de 500.000 reais neste ano, o triplo de 2010.

Os clientes são governos municipais e estaduais e empresas de urbanismo e transporte. Corrêa é um ativista da bicicleta. Ele tem uma Urbana, modelo que ele próprio inventou. "É meu principal meio de transporte", diz.


Até no dia de seu casamento, a Urbana substituiu o tradicional percurso de carro. "Fui de bicicleta para a igreja e saí carregando minha noiva na garupa", afirma Corrêa. Ele sabe que a bicicleta, sozinha, não consegue desatar o nó causado pelo trânsito, sobretudo nas grandes cidades.

"Durante a negociação dos projetos, tento conscientizar os governantes de que diferentes tipos de transporte devem estar conectados para atender diferentes demandas urbanas."

O primeiro passo, segundo ele, é integrar a infraestrutura cicloviária ao transporte público já existente, criando bicicletários em pontos espalhados pela cidade. "Assim, parte dos deslocamentos pode ser feita de bicicleta", diz Corrêa.

O difícil é colocar esse tipo de plano em prática. "As companhias de metrô, trem, ônibus e vias para carros no Brasil trabalham separadas e não acompanham o crescimento das cidades", diz Marcos Kiyoto, arquiteto e urbanista especializado em transporte sobre trilhos. "O resultado são carros, ônibus, táxis e ciclistas brigando por espaço nas ruas. Aí, não adianta buzinar."

O reflexo mais nefasto para a população é o tempo gasto em trajetos simples. Um morador de São Paulo, Salvador e Recife, por exemplo, demora 1 hora e 22 minutos por dia, em média, para ir e voltar do trabalho. Quem usa o transporte público sofre ainda com a espera e a superlotação.

Na capital paulista, uma pessoa perde, em média, 25% do tempo total do trajeto apenas aguardando a condução, segundo uma pesquisa da empresa israelense Moovit. No caso do metrô de São Paulo, a demanda pelo serviço em horários de maior movimento é muito superior à oferta.

A COMET, associação que reúne empresas de metrô de diversos países, recomenda no máximo seis passageiros por metro quadrado para uma viagem minimamente confortável. O índice médio na capital paulista é de oito passageiros (e 11 nos horários de pico). 


Na ponta do lápis, o custo com os congestionamentos só em São Paulo chega a 40 bilhões de reais por ano — o equivalente a 1% do PIB brasileiro em 2012, perdido principalmente com a improdutividade e os efeitos nocivos da poluição, segundo um estudo da Fundação Getulio Vargas.

"O Brasil investe sistematicamente mais dinheiro em infraestrutura para os carros, que transportam a minoria das pessoas, do que no transporte público", afirma Kiyoto. "Uma combinação de alternativas de transporte é muito mais interessante para uma cidade do que grandes projetos de infraestrutura que privilegiem um único meio de locomoção." 

O valor da boa vontade

Todos os dias, antes de sair para o trabalho, o financista Cláudio Vieira Carvalho, de 59 anos, tem uma tarefa importante — retirar o lixo de casa e despejá-lo nas lixeiras coloridas de seu condomínio, na zona sul do Rio de Janeiro. "Há três anos implantamos no prédio a coleta seletiva", diz Carvalho.

Foi ele mesmo que propôs a ideia em uma das reuniões de condomínio, após participar de um treinamento de conscientização ambiental na empresa onde trabalha, a fabricante de cosméticos L’Oréal. "Aprendi a separar os materiais recicláveis dos resíduos orgânicos, como restos de comida e podas de plantas."

Um dado que lhe chamou a atenção nas palestras é que cada pessoa no mundo gera, em média, meia tonelada de sujeira por ano, o equivalente a 40 pneus de carro descartados na natureza. 

As aulas na L’Oréal são organizadas por uma equipe com engenheiros ambientais e biotecnólogos da carioca Venativ, empresa que deve faturar 14 milhões de reais neste ano ajudando indústrias a lidar adequadamente com o lixo gerado em suas instalações.

"O maior desafio do meu negócio é sensibilizar os funcionários das empresas a ter responsabilidade ambiental, não como uma imposição, mas como exercício de cidadania", afirma Luiza Campos, de 56 anos, dona da Venativ. 


Ex-executiva da área de sustentabilidade da fabricante de bebidas Ambev, Luiza fundou a Venativ em 1994, quando notou a dificuldade das empresas para implantar a coleta seletiva e fazer o descarte correto do lixo. No caso da L’Oréal, a fábrica precisava dar um destino específico a cada tipo de resíduo, como embalagens, plásticos, líquidos com soluções químicas e cremes.

"Antes, tínhamos de incinerar os produtos não aprovados em testes de qualidade com o plástico e o papelão misturados", diz Gerald Vincent, diretor de meio ambiente, saúde e segurança da L’Oréal para a América Latina. "Com a ajuda da Venativ, instalamos uma estrutura de reciclagem dentro da empresa e instituímos metas que os funcionários precisam cumprir para reduzir o impacto ambiental", afirma Vincent.

Os empregados que atingem os objetivos propostos ganham prêmios, como viagens e produtos para casa. De acordo com Luiza, os funcionários são exaustivamente lembrados de que não há espaço para deslizes nos procedimentos da fábrica que venham gerar ainda mais resíduos.

"Precisa existir um uso mais eficiente de materiais", diz ela. Os especialistas costumam ressaltar que o grande obstáculo para reduzir a geração de lixo é conseguir uma mudança de comportamento.

"A sustentabilidade urbana depende também de uma mudança individual de valores", afirma Victor Bicca Neto, presidente do Cempre, associação mantida por empresas como Coca-Cola, Nestlé e P&G para incentivar a reciclagem. "No dia a dia, sem perceber, causamos inúmeros prejuízos. Compramos além do necessário, entupimos o lixo, esbanjamos água, luz, comida e combustível."

Em 2010, o país regularizou o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, um conjunto de leis que impõe normas rígidas para coleta seletiva, destinação e reciclagem de resíduos, além de abolição dos lixões a céu aberto, substituídos por aterros sanitários. 

"O plano determinou que as empresas sejam responsáveis pelo descarte adequado dos produtos fabricados por elas, após o uso pelo consumidor", diz Neto.

Ainda há muito a avançar. Apenas 14% dos municípios têm estrutura de coleta seletiva do lixo, um passo importante para evitar que materiais recicláveis "emporcalhem" a natureza. 


"As cidades mais avançadas nesse quesito são as que estão conseguindo fscalizar as empresas legalmente responsáveis por seus próprios resíduos, promover a formalização do trabalho dos catadores de rua, regularizar cooperativas de reciclagem e implantar aterros sanitários", afirma Neto. 

Blindagem contra o calor

O negócio do engenheiro-agrônomo João Manuel Feijó, de 58 anos, é transformar em verde o lado cinza da cidade. Feijó é sócio da empresa gaúcha Ecotelhado, que desenvolve terraços verdes — jardins suspensos instalados em coberturas de edifícios para amenizar a temperatura interna.

As receitas da empresa, que devem chegar a 6 milhões de reais neste ano — 50% mais do que em 2012 —, vêm de contratos com grandes construtoras, como Odebrecht e WTorre , escritórios de arquitetura e consumidor final. Feijó fundou a empresa em 2005, na cidade de Porto Alegre, com o engenheiro civil Paulo Renato Guimarães, de 56 anos.

Os dois eram sócios de uma incorporadora especializada em construir edifícios ecológicos. "Foi assim que passei a me interessar cada vez mais por tecnologias verdes", afirma Feijó. "Os jardins suspensos eram comuns em países como Noruega e Alemanha, mas o método e as plantas usadas na Europa não podiam ser replicados no Brasil por causa de nosso clima".

Embora possa parecer apenas um projeto paisagístico, o telhado verde gera implicações positivas para o meio ambiente. "Em meio a tanto asfalto e concreto, os telhados ecológicos representam uma alternativa de reforestamento nas metrópoles", afirma Marcos Casado, diretor do Green Building Council Brasil, entidade responsável por disseminar práticas sustentáveis de construção e certificar edifícios com baixo impacto ambiental.


Segundo dados do IBGE, em cerca de 40% dos domicílios urbanos não há árvores por perto, e o desmatamento é fator agravante em 27% das cidades da Região Sudeste que sofrem com enchentes. "Com o telhado verde, parte da água da chuva é escoada gradualmente ou pode ser armazenada em cisternas para ser reaproveitada para fins não potáveis", diz Casado.

Os terraços também ajudam a amenizar a formação de ilhas de calor — a elevação da temperatura em ambientes urbanos. Uma pesquisa da Universidade Estadual Paulista feita em colaboração com o laboratório Goddard, da agência espacial americana Nasa, aponta que na capital paulista a temperatura pode variar até 14 ºC, na região central, em comparação com a Serra da Cantareira, distantes apenas 20 quilômetros.

"Isso cria um clima desértico, com chuvas em menor frequência e em maior intensidade, causando enchentes", diz Casado. De acordo com uma pesquisa da Universidade de São Paulo com base em dados de 2008, o prejuízo causado por alagamentos na cidade de São Paulo é de 760 milhões de reais ao ano. 

Segundo estimativas da Ecotelhado, mais de 150.000 metros quadrados de coberturas ecológicas já foram instaladas em todo o país. Entre os clientes da empresa estão o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, a fábrica da Coca-Cola, em Curitiba, e o Shopping JK Iguatemi, em São Paulo.

"Nos edifícios que adotam o conceito de construção verde, a preocupação é reduzir os custos com consumo de energia", afirma Casado. De acordo com um estudo do Green Building Council Brasil, a aplicação de telhado verde pode diminuir em 10% o calor interno das construções, que passam a gastar menos com refrigeração artificial.

Foi o que aconteceu na casa da professora Jaqueline Kuhn, de 46 anos, de Porto Alegre. Embora a Região Sul tenha um clima mais ameno
do que no restante do país, no último verão foram registradas temperaturas próximas a 40 ºC, segundo medições do Instituto Nacional de Meteorologia. 

"Meu filho tinha até difculdade para dormir.", diz Jaqueline. Após aplicar o terraço verde em mais da metade da residência, Jaqueline sentiu a sensação térmica cair. A conta de luz baixou 15%. "Não preciso de nenhuma ventilação artificial." A intenção de comprar um novo aparelho de ar-condicionado foi abandonada. "Todos os meus vizinhos têm ar-condicionado, menos a gente", afirma Jaqueline.

Um fator que pode ajudar a vender mais telhados verdes daqui para a frente é o avanço tecnológico usado na cobertura vegetal. O molde que sustenta as plantas é feito de plástico reciclável. O metro quadrado do substrato orgânico, porção de terra onde as raízes são fixadas, pesa 40 quilos — algum tempo atrás a única alternativa pesava até 200 quilos.


"Mesmo que a obra não tenha sido construída para receber o terraço verde, as inovações tecnológicas permitem a aplicação em vários tipos de laje", afirma Casado. Nos últimos anos, algumas prefeituras passaram a oferecer descontos no IPTU para edifícios com terraços verdes. Na capital do Rio de Janeiro e em Guarulhos, cidade da Grande São Paulo, pode haver até 20% de abatimento no imposto. 

Bichinhos que comem a sujeira

O biólogo Eduardo Conchon, de 46 anos, está à frente de um empreendimento cujo desafo é enorme — ajudar as cidades a diminuir o esgoto descartado na natureza sem o tratamento adequado. Conchon fundou, em 2011, a Ecosynth, empresa de São Paulo que desenvolve um produto que reduz a quantidade de resíduos restantes após o tratamento do esgoto. 

"No Brasil, 90% do esgoto é tratado com microorganismos que comem a sujeira", diz Conchon. "Um efeito colateral é que os microorganismos se reproduzem rapidamente e são nocivos à saúde quando descartados em grandes quantidades".

O produto da Ecosynth é um pó que inibe a proliferação desses bichinhos e deve ser jogado na água durante a limpeza. Entre seus clientes estão companhias como Ambev e Tecnicor (fornecedora de tecidos para Nike e Puma) e a fabricante de medicamentos Phibro Animal Health.

Nem todas as empresas têm esse cuidado — boa parte do esgoto gerado nas fábricas é lançada na rede de coleta do município, que se encarrega do tratamento (quando ele existe). Em 2013, a Ecosynth deve faturar 800.000 reais, 30% mais do que no ano passado. 

O tipo de produto que a Ecosynth desenvolve é importante para que as empresas atinjam suas metas de saneamento. Uma resolução do Ministério do Meio Ambiente estabelece que até 2014 as indústrias deverão tratar seus resíduos na fonte, seguindo regras definidas de acordo com o grau de poluição e o volume de efuentes.

"Hoje, o custo dos equipamentos para estações compactas de tratamento é 50% mais baixo comparado ao que existia há dez anos",
diz Édison Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil, que monitora o saneamento no país.


Apesar dessas iniciativas, ainda há muito a ser feito em relação à infraestrutura urbana. Segundo dados do governo, menos da metade dos brasileiros tem acesso à rede de coleta de esgoto, e apenas um terço do volume coletado recebe tratamento. Não é só a natureza que sente os efeitos.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 88% das mortes por diarreia no mundo são causadas por más condições de higiene. Por outro lado, cada 1 real que um município gasta com saneamento gera uma economia de 4 reais em internações.

"Nenhuma cidade estará hábil a ganhar o respeito de seus moradores, a atrair investimentos ou a manter a prosperidade das indústrias, se deixar de investir no cuidado com a saúde", diz Carlos. "E tudo começa no gerenciamento de seus próprios resíduos."

O verde que nasce das cinzas

A distração nas manhãs do administrador Jayme Piza, de 59 anos, e de sua mulher, Fátima Roco, de 59, é caminhar pelas ruas do bairro de Pinheiros, onde moram, na capital paulista. Num desses passeios, o casal foi parar na praça Victor Civita, em uma apresentação de música clássica.

"Havia uma orquestra enorme no palco, com maestro e tudo", diz Fátima. Além de música erudita, a praça oferece shows de rock e MPB, aulas de ioga e tai chi chuan para idosos e de educação ambiental para crianças. É comum as escolas levarem seus alunos para aprender sobre o cultivo de plantas e a importância de preservar os recursos naturais.

"Virou um ponto de encontro para os moradores e estudantes da região", diz Piza. Nem sempre foi assim. Há cerca de 60 anos, funcionou no lugar uma usina de incineração de lixo. Resíduos residenciais e hospitalares eram queimados ali, poluindo o ar e o solo.

A iniciativa de revitalizar a área surgiu em 2001, num convênio entre a prefeitura de São Paulo e a Editora Abril (que publica Exame PME) para construir um espaço de convivência.

Desde 2007, o espaço é mantido por uma organização civil de interesse público formada por empresas como o banco Itaú e a siderúrgica Gerdau. O paulista Benedito Abbud, de 63 anos, fundador do escritório de arquitetura que leva seu nome, foi o responsável por revitalizar a vegetação da praça.

"A área era tão contaminada que os pássaros que comiam os frutos das árvores acabavam morrendo", diz Abbud. Após estudos, a solução encontrada por ele foi plantar ervas medicinais, cana de açúcar e mudas de algodão. Foi instalada também uma tecnologia de irrigação que armazena a água da chuva em reservatórios subterrâneos.

Nos dias mais secos, fibras de coco levam a água até as raízes das plantas. O interesse de Abbud por espaços de convivência surgiu na década de 70. "Com o crescimento da violência, a cidade estava se cercando de grades", diz Abbud. "Vi uma oportunidade para transformar os espaços das cidades em ambientes mais confortáveis."

 As receitas de Benedito Abbud, que devem ser de 2,4 milhões de reais em 2013, vêm de contratos com condomínios e obras em parques e praças geridos por governos ou entidades privadas.

 As cidades brasileiras carecem de áreas verdes para o lazer. A Organização Mundial da Saúde recomenda a média de 12 metros quadrados por habitante. Nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, são pouco mais de 2 metros por pessoa. 

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