João Jönk, Guilherme Nazareth e Gui Alvarenga, fundadores da Trela (Trela/Divulgação)
A Trela, startup mineira de compras coletivas que conecta produtores de alimentos a compradores, anunciou nesta terça-feira, 8, um investimento de US$ 25 milhões em uma rodada série A liderada pelo SoftBank Latin America. O investimento também contou com os fundos Kaszek, General Catalyst, Y Combinator e Pierpaolo Barbieri.
A startup fundada em 2020 em Nova Lima, Minas Gerais, pelos empreendedores Guilherme Nazareth, Guilherme Alvarenga e João Jönk, busca facilitar — e baratear — a compra de produtos de mercearia por moradores de condomínios através de grupos no WhatsApp criados e gerenciados pela própria empresa.
A ideia é que os grupos de compras sejam formados para moradores de um condomínio em comum, que passam a receber informativos sobre promoções e também têm acesso a produtos mais baratos, já que não há intermediários na compra e o frete gratuito e custeado pelos próprios varejistas. Além de Nova Lima, a Trela também já tem condomínios cadastrados nas cidades de Belo Horizonte e São Paulo.
“Com a pandemia, buscamos investir em algum mercado grande e fragmentado, mas também em ascensão. Por isso, o varejo alimentar foi a escolha correta”, diz Nazareth, cofundador e CEO da Trela.
Na prática, o que a Trela propõe é a solução para um problema comum ao consumidor habituado ao digital: o excesso de custos diluídos no carrinho de compras, incluindo o frete alto. Para Nazareth, essas despesas são ainda mais comuns entre os estabelecimentos de pequeno porte, com menor acesso a canais de distribuição que facilitem a exposição e entrega de produtos em larga escala.
Na ponta, a ausência de intermediários resulta em preços 20% a 60% menores do que os varejistas tradicionais, segundo a empresa. Desde que passou a funcionar, em janeiro de 2021, a Trela vem crescendo em ritmo acelerado — segundo Nazareth, cerca de 45% ao mês desde abril do ano passado.
Ao oferecer facilidades como frete grátis e produtos mais baratos, a Trela também quer mostrar certo protagonismo no comércio social, que busca praticar preços de compra mais justos e, ao mesmo tempo, empoderar pequenos comerciantes. “Miramos os 50 milhões de brasileiros das classes A e B que precisam de opções mais justas no dia a dia e também o varejista que, até o momento, era acostumado a vender apenas no atacado”, diz. “Agora ele tem um canal de escoamento a mais”.
Em março de 2021, a Trela captou R$ 16 milhões em uma rodada com Kaszek Ventures e General Catalyst, também envolvidos na série A.
Os dois investimentos recentes na Trela endossam o potencial das empresas dedicadas às compras coletivas no Brasil. Em dezembro do ano passado, a Facily, também de social commerce, tornou-se um unicórnio após captação de US$ 135 milhões.
Na mesma toada, o crescimento da startup de Nova Lima acompanha a escalada de uma outra tendência: a de entregas ágeis. Ao reunir todas as entregas em um único envio, os comerciantes podem agilizar a logística e reduzir o tempo de espera de clientes.
Ainda assim, Nazareth afirma que a startup não tem planos de disputar pela agilidade no delivery. “Nossa ideia não é ser a entrega mais rápida, mas ter a melhor qualidade e experiência de maior valor agregado. “Temos uma teoria de que as empresas disputam pela agilidade por esse ser o detalhe mais fácil de entender e resolver no processo de entrega. Ouvir o consumidor é bem mais difícil", diz.
Com o novo capital, a Trela mira a chegada em pelo menos cinco novas cidades em 2022, além de crescer cerca de 80 vezes - a empresa não divulga números de faturamento. “Nosso objetivo é ser a melhor plataforma de compras em grupo do Brasil. Para isso, estamos com um plano ambicioso de expansão no país para consolidar a marca e aumentar a nossa base de clientes”, diz o CEO.
O aporte também vai ajudar a reforçar o time. Atualmente, a empresa conta com 33 funcionários, e deve ter de 80 a 100 integrantes até o final do ano.