Bonecos da Funko: empresa faturou US$ 400 milhões neste ano (House of Geekdom/Flickr)
Mariana Fonseca
Publicado em 26 de novembro de 2016 às 08h00.
Última atualização em 26 de novembro de 2016 às 08h00.
São Paulo – Mesmo que você não conheça a marca Funko, provavelmente já viu um de seus produtos por aí: os mais conhecidos são bonequinhos cabeçudos de personagens como Darth Vader (Star Wars), Elsa (Frozen), Mickey Mouse e Walter White (Breaking Bad).
A proliferação dos brinquedos é evidente: só neste ano, a Funko já faturou 400 milhões de dólares (na cotação atual, cerca de 1,3 bilhão de reais) e vê um crescimento de 50% sobre o ano anterior. São mais de 175 contratos com marcas de sucesso – as mais conhecidas são Disney, HBO, LucasFilm, Marvel e Warner Brothers. Isso coloca à disposição cerca de dez mil personagens (confira todos os produtos aqui).
Brian Mariotti já era dono de uma casa noturna e um colecionador ávido de “action figures” - bonecos para colecionadores. Ele comprou a Funko em 2005 e foi sob seu comando que os bonequinhos cabeçudos surgiram, sob o nome de Pop! Vinyl. Hoje, seu escritório reflete o hábito de colecionar: segundo a Rolling Stone, o local é cheio de brinquedos nas estantes e até mesmo pelo chão. O favorito do empreendedor é um da antiga empresa de desenhos animados Hanna-Barbera.
Mariotti deu conselhos aos empreendedores de primeira viagem em entrevista à Entrepreneur. Seu pensamento é claro: para ter sucesso, é preciso ter paixão pelo que faz.
O primeiro conselho do CEO da Funko é não ter medo de se arriscar em prol de um projeto apaixonante. Pelo contrário: o risco fará com que sua empresa seja única no mercado.
“O ingrediente secreto da Funko é que fazemos produtos estilizados, enquanto a maioria da indústria faz modelos padronizados”, diz Mariotti ao veículo. “Eles querem fazer o Tony Stark [Homem de Ferro] se parecer exatamente como a Tony Stark visto em um boneco realista ou um busto. A Funko foi em uma direção completamente oposta.”
Ser único ao agarrar oportunidades mostra que você realmente é fã do que se propõe a fazer. Isso faz com que sua empresa tenha autenticidade aos olhos dos consumidores.
“Ter a habilidade de fazer com que nossos clientes não saibam o que vamos lançar é a chave”, afirma o empreendedor. “É realmente importante manter a base de fãs especulando e poder assumir que nem todo produto será um sucesso de vendas. Nós não temos medo de fazer algo que amamos só pelo divertimento.”
Mariotti diz que a Funko só consegue saber quais os produtos que seus consumidores mais querem porque o próprio time é feito de “geeks”, incluindo o próprio dono.
“Nós absorvemos cultura pop de forma alarmante”, conta o CEO. “Somos uma empresa muito aberta e horizontal, onde as pessoas podem compartilhar ideias – e muitas delas acabam virando produtos. É importante empoderar seus funcionários e ter certeza de que você está contratando pessoas que vivem e respiram o que você faz.”
Segundo a Entrepreneur, 90% do público da Funko era masculino antes do lançamentos da linha de bonequinhos cabeçudos. A situação mudou: as mulheres já representam 51% das vendas da companhia.
Se o empreendimento tivesse ignorado esse movimento e continuado a falar apenas com homens, não teria crescido como cresceu. Mariotti recomenda não descartar um segmento da população só porque ele não estava no radar da indústria em que você se insere.
“Um bom exemplo é a personagem Rey, de Star Wars. Uma empresa de brinquedos como a Hasbro nem a colocou no seu primeiro lote de ‘action figures’, mas nós colocamos cinco ou seis modelos da Rey quando o filme foi lançado”, explica o empreendedor. “Acreditamos nela, acreditamos no seu papel e acreditamos que mulheres gostam tanto de cultura pop quanto os homens. A cultura pop atrai todos. Esse virou nosso manifesto.”
Quando Mariotti era recém-chegado à Funko, em 2005, tomou como prioridade formar parcerias com estúdios e marcas. Para ele, foi importante estabelecer desde cedo que “nós respeitamos as propriedades deles de forma séria, nós nos esforçamos ao máximo, nós não pegamos atalhos, e quando nós falamos a alguém que vamos negociar um licenciamento, nós realmente faremos produtos”.
“Nós nos provamos de novo e de novo e, com isso, conseguimos novas oportunidades”, diz o CEO. “Você nunca sabe onde e quando irá cruzar com as mesmas pessoas da sua indústria, então faça o que é certo desde o começo.”