Equipe da f(x): startup gerou 580 milhões de reais em propostas de financiamento em 2017 (f(x)/Divulgação)
Mariana Fonseca
Publicado em 7 de março de 2018 às 11h00.
Última atualização em 7 de março de 2018 às 11h00.
São Paulo – A f(x), fintech que conecta empresas que buscam crédito a fontes de financiamento, acaba de conquistar um novo aporte. O investimento, no valor de 10 milhões de reais, foi liderado pelo fundo e.Bricks Ventures, que já investiu em negócios como Contabilizei e Guia Bolso.
O marketplace, criado em maio de 2015 pelo empreendedor Dan Cohen, quer tornar o acesso a diversos serviços de crédito empresarial tão fácil quanto dar um match pelo aplicativo de relacionamentos Tinder.
Em 2017, a f(x) gerou 580 milhões de reais em propostas de financiamento. Atualmente, possui 1.500 empresas e 150 credores cadastrados na plataforma. Agora, a fintech quer lançar novos produtos e expandir a área comercial, pelo menos quadruplicando as transações vistas no ano passado.
Cohen conta que começou a pensar sobre abrir o negócio a partir de sua experiência profissional em um banco de médio porte, na área de fundos de crédito.
Segundo o empreendedor, há um universo de financiadoras que os negócios desconhecem. Por outro lado, as instituições financeiras também gastam muito dinheiro em análise de crédito e visitas aos negócios – e a maioria dos empreendimentos acaba trocando de financiador no meio do processo. Segundo Cohen, apenas entre 5 e 10% das visitas que os bancos fazem para negócios que querem financiamento viram, de fato, acordos.
Ou seja, há problemas dos dois lados da negociação por crédito. Em maio de 2015, Cohen fez o primeiro teste de mercado da sua ideia de negócio. Em outubro do mesmo ano, o empreendimento entrou em operação oficialmente.
A F(x) é um marketplace de crédito. As empresas se cadastram e colocam quais suas condições para o financiamento, como valor e prazo de pagamento. O foco da f(x) está em médias e grandes empresas que faturem a partir de 10 milhões de reais por ano.
As instituições cadastradas na plataforma fazem propostas para cada negócio. Cohen afirma que, de cada dez pregões, nove recebem ao menos uma proposta. Os valores pedidos variam de 500 mil até 60 milhões de reais, com finalidades que vão desde capital de giro até garantias de contratos diversos.
Uma vez que o empresário decide por uma das financiadoras, a plataforma emite um certificado de exclusividade de negociação para aquela proposta: ou seja, o empreendedor não poderá negociar com outros bancos ao mesmo tempo. Depois desse certificado, a negociação é feita fora da f(x).
A f(x) se monetiza a partir de duas taxas diferentes. O negócio cobra a primeira taxa em troca do recebimento das propostas, de 0,1% sobre o valor total, como forma de remunerar a tecnologia empregada no processo.
Uma vez que uma das ofertas é aceita e o dinheiro é liberado, uma segunda taxa é cobrada, de 1 a 2% do valor total. Essa nova cobrança abate o valor que a empresa já pagou na primeira taxa.
“A gente trabalha com um teto de taxas, que costuma variar entre 5 e 25 mil reais, a partir de dados como número de matches, receita da empresa e quanto ela pretende captar”, acrescenta Cohen.
Esse é o segundo aporte que a f(x) recebe. A fintech já havia recebido um investimento-anjo no valor de 1,5 milhão de reais. O novo aporte, de 10 milhões de reais, será liberado aos poucos – o que ajuda a f(x) a não ceder tanta participação.
“Em vez de pegar de uma vez, pegaremos em rodadas separadas, nas quais o valuation da empresa deverá ser cada vez maior. Com isso, os valores aportados significam cada vez menos ações cedidas.”
O grande objetivo com o aporte é refinar a versão da f(x) por assinatura mensal. Essa é uma nova forma de monetização, voltada para empresas maiores. A mensalidade irá variar de 1,5 mil reais a 6 mil reais, de acordo com o tamanho da empresa e as funcionalidades aproveitadas.
“Esses negócios já possuem acesso ao mercado financeiro, mas querem usar a plataforma como forma de relacionamento. Eles terão alguns recursos a mais, como operações de câmbio e pedidos de fiança”, explica o empreendedor.
O modelo de assinatura da f(x) está em fase de lançamento para clientes selecionados e deverá ser disponibilizado para todos em até dois meses.
Além de desenvolvimento de produto, o investimento também será usado para ampliar a equipe da empresa, que conta com 30 funcionários, especialmente na área comercial.
Por fim, a f(x) está fazendo uma prova de conceito com Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para disponibilizar a plataforma em repasses de recursos para negócios menores.
“É um projeto mais focado em pequenas e médias empresas, que faturam até 15 milhões de reais por ano, mas também estamos estudando como fazer mais empresas acessarem os repasses do banco”, diz Cohen.
Em 2018, a f(x) pretende pelo menos quadruplicar as transações que gerou em 2017, de 580 milhões de reais. Além de expandir o número de empresas cadastradas, outro fator para atingir o número é fazer com que os negócios utilizem mais recursos de financiamento dentro da plataforma.
“As empresas costumam usar para apenas uma operação de crédito e queremos que elas usem, em média, três tipos. Quem vem em busca de crédito com garantias, por exemplo, poderá também procurar créditos sem garantias, duplicatas, gestão de recebíveis e serviços de câmbio, por exemplo”, diz Cohen.
A expectativa é que o negócio atinja novamente seu ponto de equilíbrio entre receitas e despesas no final deste ano.