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Concorrente, um sujeitinho chato

É bom para o mercado, é bom para obrigar a gente a melhorar. Mas vamos falar a verdade: concorrente é um cara intrometido que fica no seu pé


	Concorrentes podem ser irritantes para o empreendedor
 (Stock.XCHNG)

Concorrentes podem ser irritantes para o empreendedor (Stock.XCHNG)

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Da Redação

Publicado em 19 de agosto de 2012 às 09h00.

São Paulo - Dizem que concorrência é a melhor coisa que existe, pois obriga todo mundo a melhorar sempre. Dizem ainda que é bom para a economia e por aí vai. Pode até ser, mas faltou dizer uma coisa: concorrente é chato. 

O concorrente te segue,  te copia. O concorrente fica de butuca - tão logo comece a promoção na sua empresa, a dele também entrará em liquidação. (Do ponto de vista dele, claro, o chato que faz  tudo isso é você.) 

Não são as grandes companhias que me preocupam. Contra essas, pequenos e médios negócios, como os nossos, têm a vantagem da agilidade. São empresas do mesmo porte da minha que me deixam louco. Eu corro, corro, corro e, quando olho para trás, não vejo ninguém - o sujeito está do meu lado. Acelero. De repente, o cara passa à minha frente. 

O concorrente está em todo canto e aparece nas horas mais inconvenientes. Só falta pular de dentro da gaveta, como naquele desenho do Pica-Pau. Uma vez, levei dois clientes até Joinville, em Santa Catarina, para mostrar uma máquina que eles queriam comprar da minha empresa. Na volta, resolvemos pernoitar em Curitiba. Foi tudo decidido na última hora e acabamos tendo de ficar os três no mesmo apartamento. 

Às 6 da manhã, tocou o celular do meu cliente. Ele dormia profundamente, de roncar. Como talvez fosse uma emergência, resolvi atender. Era um concorrente tentando vender um produto similar. "Bom dia, Marcos. É o Flavio, tudo bem?", disse ele. "Bom dia, Flavio. Aqui é o Sidney, seu concorrente", respondi. Ele ainda perguntou se eu podia chamar o Marcos. "Não, ele está dormindo", disse, e desliguei. Concorrente é ou não é chato? 

Apesar da chatice, prefiro que exista competição. Certa vez, participei de uma feira na Argentina em que somente eu tinha um determinado equipamento. No início, aquilo parecia uma maravilha. Não demorou muito para eu perceber que era péssimo. Na falta de parâmetro, os clientes achavam minha máquina muito cara. No segundo dia, um concorrente apareceu com um aparelho similar e tudo ficou mais fácil.

Cada um tem um jeito de lidar com seu concorrente. O meu é simples: eu não lido com ele. Acho terrível a ideia de me relacionar com alguém com quem vou disputar alguma coisa. Muitos vivem almoçando com seus competidores. O.k., também acho importante saber o que os outros estão fazendo. Mas tem gente que leva isso tão a sério que sabe mais do concorrente do que da própria empresa. 

Alguns se encontram para analisar o mercado. Parecem duas onças conversando sobre a zebra ali na frente, como se ambos não estivessem interessados na mesma caça. Eu conheço o discurso de que o mercado é grande, que tem espaço para todo mundo. Mas acho que a cada dia há mais onças e cada vez menos zebras.

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