Giovanni Salvador, João Zanocelo, André Abreu e Eduardo Koller, fundadores da BossaBox: startup foi criada em 2017 para terceirizar o processo de desenvolvimento de produtos digitais para grandes empresas (BossaBox/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 3 de novembro de 2020 às 12h30.
Última atualização em 3 de novembro de 2020 às 18h53.
Foi ainda na faculdade que os amigos André Abreu, Eduardo Koller, Giovanni Salvador e João Zanocelo decidiram começar um negócio para mudar como as empresas constroem produtos de tecnologia. Juntos, em 2017, eles criaram a BossaBox, uma startup que usa o modelo de marketplace — popularizado por empresas como Uber e Airbnb — para conectar profissionais autônomos de tecnologia com grandes companhias como Omo, Neoenergia e Hering.
Nesta terça-feira, 3, a BossaBox anuncia ter recebido um aporte de 8 milhões de reais liderado pela Astella Investimentos, que também investe nas startups Kenoby e Resultados Digitais. A rodada de captação semente teve também a participação da Redpoint eventures (Gympass, Creditas), que já havia aportado 1,6 milhão de reais na companhia em 2019.
“Encontramos no time de fundadores a energia e conhecimento necessários para levar a BossaBox para o próximo estágio de maturidade e escalabilidade”, diz Marcelo Sato, sócio da Astella.
A startup se beneficiou da onda de transformação digital que aconteceu no mercado corporativo ao longo de 2020, impulsionada pela pandemia do novo coronavírus. O faturamento da startup deve triplicar este ano, batendo a marca de 11 milhões de reais. O investimento acontece para ajudar a empresa a aprimorar seu produto e processo de aquisição de clientes. A expectativa dos sócios é terminar 2021 com receita de 35 milhões de reais.
“Estamos contratando bastante e buscando mais diversidade. Nosso objetivo é passar de 25 para 50 colaboradores até o final de 2021, quando devemos fazer nossa rodada de captação série A”, diz André Abreu, presidente da startup.
Grandes empresas, como bancos e varejistas, estão acostumadas a terceirizar algumas etapas do seu processo de transformação digital para empresas especializadas em desenvolvimento de produtos de tecnologia. Nesses casos, a companhia contratada, que tem uma equipe própria de tecnologia, se responsabiliza pela execução completa do projeto.
A proposta da BossaBox é diferente. Assim como o Uber não tem motoristas contratos, a startup não tem uma equipe própria de desenvolvimento. Em sua plataforma, ela reúne desenvolvedores, gerentes de projeto e designers que trabalham de forma autônoma. Quando uma empresa cliente precisa de um projeto, a startup forma equipes com esses profissionais (chamadas de squads, no jargão do mercado) e os conecta com a companhia cliente, garantindo que as duas partes receberão o que foi acordado.
Os squads fazem parte de um modelo de gestão que ganhou popularidade nas duas últimas décadas: a metodologia ágil. Em vez de o trabalho ser organizado de forma clássica — equipes diferentes atuando apartadas com pouca interação entre si até um produto ficar pronto —, a ideia da metodologia ágil é que times multidisciplinares encontrem respostas rapidamente. Para isso, é preciso testar com frequência e ir consertando os erros no caminho.
No modelo da BossaBox, os squads terceirizados são geridos pela própria startup. Segundo Abreu, todas as instruções para o projeto ficam com um gerente de conta da BossaBox, que administra a equipe. “Nós propomos a metodologia, capacitamos os profissionais e damos a ferramenta onde o desenvolvimento acontece. Todo o processo é metrificado, então conseguimos ser um árbitro da transação, usando dados para analisar qualquer problema”, diz o fundador.
No marketplace, hoje, há 11.000 profissionais cadastrados. De 2017 até aqui, 20 empresas já usaram a BossaBox para fazer 90 projetos de tecnologia. A startup foca em ter grandes companhias como clientes e monetiza os projetos em um modelo de assinaturas. Dessa forma, consegue pagar os profissionais de tecnologia todos os meses enquanto os produtos estão em desenvolvimento. A faixa de preço das assinaturas varia entre 80.000 e 180.000 reais.
“Para as empresas, a vantagem é ter em dois ou três dias um squad com até 15 pessoas trabalhando no seu produto. Aos profissionais, os benefícios são ter a previsibilidade de renda e a possibilidade de trabalhar da onde quiser e quando preferir”, diz o presidente.
Nos próximos meses, a BossaBox quer colocar automatizar a gestão dos projetos de tecnologia e investir em cursos para os profissionais autônomos que estão cadastrados na plataforma. “Nem todos os 11.000 vão ter oportunidades de trabalho no curto prazo, por isso queremos criar uma oferta de produto que os capacite para o futuro do trabalho”, diz Abreu.