André Gusmão, Rodrigo Grundig e Tito Gusmão, sócios da Warren: fintech recebeu um aporte de 22,3 milhões de dólares em julho de 2020 (Ricardo Jaeger/Exame)
Carolina Ingizza
Publicado em 12 de agosto de 2020 às 11h10.
Última atualização em 12 de agosto de 2020 às 18h25.
O mercado de venture capital seguiu ativo em julho. Levantamento feito pela empresa de inovação Distrito sobre o ecossistema brasileiro de startups mostra que as empresas fundadas no país receberam um total de 87 milhões de reais, distribuídos em 37 rodadas de investimento, ao longo do último mês.
O total é 81% menor que os 462 milhões de dólares recebidos no mesmo mês em 2019, mas é 117% maior que julho de 2018. Segundo Gustavo Geirun, cofundador do Distrito, o aporte de 400 milhões de dólares recebido pela fintech Nubank em julho do ano passado causa essa diferença nos números. A rodada série F do Nubank concentrou 86% do volume investido naquele mês.
"Foi um investimento fora da curva e, se o considerarmos à parte, percebemos que o montante total de aportes realizados em julho de 2020 apresenta um número relevante e saudável para o ecossistema de startups do mercado brasileiro”, afirmou Geirun.
No acumulado, as startups brasileiras já somam 997 milhões de reais, em um total de 222 rodadas. Na comparação com o mesmo período de 2019, há uma queda de 49% no total investido. Apesar disso, o número de cheques realizados até julho deste ano já é o maior da história do país.
O levantamento aponta que as principais rodadas de julho foram as séries B da gestoras de investimento Warren e Magnetis. No dia 9, a Warren, fundada em 2017 em Porto Alegre, anunciou ter recebido 22,3 milhões de dólares em uma rodada liderada pelo fundo americano fundo americano QED Investors (Nubank, Loft).
No final do mês, a concorrente Magnetis também divulgou ter recebido 11 milhões de dólares em uma rodada liderada pelo fundo Repoint eventures (Creditas, Gympass) e com participação da Vostok Emerging Finance. Criada em 2015, a gestora ficou conhecida por montar carteiras de investimento administradas por robôs.
Além delas, o Distrito destaca também o aporte série A recebido pela Solfácil, startup que financia projetos de energia solar. O aporte de 4 milhões de dólares foi liderado pelo fundo americano Valor Capital Group (Stone, Gympass).
Ainda que os investimentos não tenham sido interrompidos, muitas startups precisaram recorrer a fusões e aquisições para se fortalecer durante a crise causada pelo coronavírus. 2020 já é o ano com mais eventos do tipo na história do mercado brasileiro: ao todo, foram 63. O número é 80% maior que o do mesmo período do ano passado, quando somente 35 acordos assim aconteceram. Só em julho deste ano, foram 18.
De acordo com Gierun, as fusões e aquisições devem se intensificar ao longo do segundo semestre. “A pandemia acelerou o processo de digitalização da economia e alterou o comportamento das pessoas. Isso gerou oportunidades enormes. As grandes empresas entenderam que inovar e ser digital é mandatório e, portanto, deverão buscar a aquisição de startups", diz o sócio da Distrito.
O especialista também aposta em um movimento forte de fusões e aquisições entre as próprias empresas de tecnologia com objetivo de consolidar mercado ou oferecer uma jornada mais completa aos seus clientes.