Investimentos em startups: brasileiras captam US$ 484,4 milhões em julho (oxygen/Getty Images)
Depois de registrarem o melhor semestre da história para investimentos, as startups brasileiras seguem acumulando bons números. Durante o mês de julho, essas empresas captaram, juntas, mais de 484 milhões de dólares em investimentos, em um volume 35% superior ao mesmo período do ano passado. Os dados são do mais recente relatório Inside Venture Capital, do hub de inovação aberta Distrito.
Apesar de ser menor do que o volume captado em junho (2 bilhões de dólares), os 484,4 milhões de dólares movimentados em 44 rodadas ao longo do mês de julho não são necessariamente um problema para o mercado de venture capital brasileiro.
Segundo Gustavo Geriun, cofundador do Distrito, a queda é consequência direta da ausência de mega rodadas, que impulsionaram o desempenho histórico dos aportes em startups no mês de junho. Um exemplo está no aporte recebido pelo Nubank em junho, de 750 milhões de dólares.
Diferente do mês anterior, as fintechs perderam a liderança entre as empresas com maior volume de investimentos recebidos. Dessa vez, a primeira posição ficou com as retailtechs, do varejo, que captaram 191,6 milhões de dólares, frente aos 174,8 milhões recebidos pelas startups de finanças.
Entre as rodadas mais significativas do mês está o aporte recebido pela Daki, em uma rodada de 170 milhões de dólares liderada pela Tiger Global. "Acreditamos que isso é um movimento de intensificação da disputa pelo mercado de e-commerce entrega rápida ao lado de gigantes como Rappi e iFood”, diz Geriun.
Em seguida está a fintech Blu, que recebeu um aporte de 58,6 milhões de dólares em uma rodada de investimentos Série B liderada pela Warburg Pincus. O relatório também destaca os aportes envolvendo as startups Will.Bank, Cobli e a proptech EmCasa.
Geriun destaca que o crescente número de investimentos nas fintechs -- que vão além das empresas do setor -- mostra que ainda há espaço para inovação no setor, com chances infinitas para startups que desejam criar novas soluções. “Isso é um sinônimo de transformação constante entre o mercado financeiro do Brasil”, diz.
Em número de rodadas, porém, as fintechs ainda ocupam o primeiro lugar: foram 14 deals em julho, que somam 174,8 milhões de dólares movimentados pelo setor. Já as retailtechs tiveram 5 rodadas, num total de 191,6 milhões de dólares.
Repetindo o cenário visto em junho, as edtechs também tiveram um número superior de rodadas quando comparado aos demais setores. Foram 6 deals, que totalizaram 13,8 milhões de dólares captados.
No acumulado do ano, as startups de real estate, do setor imobiliário, ocupam o segundo lugar da lista, logo atrás das fintechs, com 851,4 milhões de dólares e 2,6 bilhões de dólares recebidos, respectivamente.
Assim como nos investimentos, o mercado de fusões e aquisições continua aquecido. No mês de julho, foram feitas 18 novas operações de M&A, e os dois principais segmentos de venture capital (finanças e varejo) também têm o maior destaque no número de fusões e aquisições realizadas. “Esses dois setores estão puxando a inovação e tecnologia no Brasil”, diz.
O destaque do mês está na compra das startups de venda de automóveis Volanty e também da Minuto Seguros pela fintech Creditas. O valor das duas transações não foi divulgado, mas as aquisições representam a grande consolidação do setor financeiro em busca de dominância multisetorial, avalia Geriun. “As grandes razões para essa maturidade do mercado de M&A está no processo de transformação digital nas grandes empresas e na liquidez das big techs no Brasil”, diz.
Outros exemplos citados no relatório são a aquisição da Credpago pela Loft e do brechó online Repassa, comprado pela Renner.
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