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Startup Yellow também tem um plano para tornar o trânsito de SP mais verde

Criada por ex-CEO da Caloi e fundadores da 99, startup de mobilidade urbana estreia modelo inédito de compartilhamento de bikes (dockless) na cidade

Da esq. para a dir: Ariel Lambrecht, Renato Freitas e Eduardo Musa, da Yellow.  (Yellow/Divulgação)

Da esq. para a dir: Ariel Lambrecht, Renato Freitas e Eduardo Musa, da Yellow. (Yellow/Divulgação)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 11 de agosto de 2018 às 08h37.

Última atualização em 26 de outubro de 2018 às 11h36.

São Paulo – Nada é tão atraente para um empreendedor quanto um problema complexo de ser resolvido. O caos da mobilidade urbana na maior cidade do Brasil é um desses quebra-cabeças que tem mobilizado novos negócios, como os aplicativos de transporte e serviços de carro e bicicletas compartilhados.

De olho no potencial de meios alternativos que facilitem o ir e vir nos centros urbanos, o ex-CEO da Caloi, Eduardo Musa, e os fundadores da 99 (vendida para a Didi Chuxing) Ariel Lambrecht e Renato Freitas criaram, em 2017, a Yellow, startup de mobilidade urbana que estreou no começo do mês na cidade de São Paulo um sistema de compartilhamento de bicicletas conhecido por dockless.

Popularizado na China, o sistema não depende de uma estação fixa para alugar a magrela (como é o caso do Bike Sampa, patrocinado pelo Itaú Unibanco e o Ciclo Sampa, apoiado pela Bradesco Saúde). As bikes da Yellow – que, como o nome em inglês sugere, são amarelinhas – podem ser retiradas e devolvidas em qualquer lugar, pois não têm ponto fixo, e são liberadas por aplicativo de celular via QR Code.

O projeto piloto distribuiu ao todo 500 bicicletas rastreadas por GPS no centro expandido da capital, a maior parte nas regiões da Faria Lima e Vila Olímpia, que concentram comércios e serviços financeiros e por onde passam diariamente cerca de 1,5 milhão de pessoas.

Com capital inicial de US$ 50 milhões, a startup tem a meta de chegar a 100 mil unidades já em 2019, com foco nas chamadas “primeira e última milha” das viagens urbanas, aquele trecho entre o endereço de trabalho de uma pessoa e o ponto de ônibus ou a estação de trem e metrô mais próxima, que pelas pesquisas da startup gira em torno de 800 metros.

Mas por que pedalar se dá para caminhar? Na visão dos criadores da Yellow, a resposta é simples: porque é fácil, barato e rápido. “Ao custo de R$ 1 por cada 15 minutos de uso, a nossa bicicleta é uma opção para complementar ou otimizar os deslocamentos diários e integrar diferentes meios de transporte”, diz o cofundador da Yellow Eduardo Musa ao site EXAME.

Ao terminar o percurso pela ciclofaixa, ciclovia ou pelas ruas da cidade, basta estacionar a magrela em qualquer lugar onde seja permitido o estacionamento de veículos e que não atrapalhe o fluxo, e trancar manualmente o cadeado inteligente localizado na roda traseira. Para evitar baderna -- comuns nas cidades chinesas onde operam sistemas semelhantes -- Musa adianta que está dialogando com a prefeitura paulista para transformar vagas de carros em pontos de estacionamento de bikes (uma vaga pode abrigar até 10 magrelas).

A princípio, o modelo de negócios da startup se baseia no serviço de aluguel apenas. “Mas estamos abertos. Existem parcerias que podem ser feitas, empresas que podem fornecer viagens como forma de patrocínio, por exemplo”, diz Musa.

Em tom entusiasmado, o empreendedor também destaca outras possibilidades, como o uso de bilhete único para alugar a bicicleta (“o que depende do poder público”) e a possibilidade de um usuário do serviço realizar eventuais deliveries, um esquema que a empresa de compartilhamento Mobike pôs em prática na China após ter sido comprada pela Meituan, uma das gigantes chinesas de serviços online conhecida por seus apps de entregas.

O que vier daqui para frente é ganho, assegura Musa. Sem divulgar números (“são dados muito estratégicos”), o empreendedor se diz surpreso com a “incrível adoção que o sistema está tendo” em pouco mais de uma semana de operação. “Nos primeiros dias, mesmo sob chuva, atingimos números de uso que não esperávamos conseguir em menos de um ano. E quando abriu o sol, triplicou o uso diário”, comenta.

“O que entendemos a partir disso é que a população tinha uma carência muito grande. Claro que lançamos numa região que tem estrutura cicloviária montada mas, no fundo, isso mostra que o Brasil tem uma cultura de bicicleta forte”, avalia o ex-CEO da Caloi.

(Yellow/Divulgação)

Patinetes elétricos

Além das bikes dockless, a Yellow também estreia em São Paulo um projeto piloto com patinetes elétricas, uma alternativa que tem ganhado adeptos em cidades com mobilidade urbana mais avançada, como Miami, Los Angeles e San Francisco, nos Estados Unidos. O filão é liderado pela Bird,  startup avaliada em mais de US$ 1 bilhão.

Por aqui, de saída, a Yellow vai disponibilizar seus patinetes (importados da China) no Pátio Malzoni, prédio comercial de alto padrão na avenida Brigadeiro Faria Lima, centro financeiro de São Paulo. “Como não temos uma regulamentação clara para patinetes, vamos começar em locais privados, lançamos um piloto no edifício que reúne empresas como Google e BTG Pactual”, diz Musa.

A princípio, a estação de patinetes será de uso exclusivo das pessoas que trabalham no prédio e que, segundo a startup, possuem perfil de “early adopters”, termo usado para descrever aqueles que têm maior disposição para adotar novas tecnologias. O custo de aluguel de um patinete ainda é uma incógnita. Musa explica que estuda um modelo de preço para os patinetes que seja atrativo para os usuários e que esse período de experimentação é fundamental para determinar a cobrança.

Até o final de 2018, a projeção é ter 1.000 unidades disponíveis em esquemas semelhantes na cidade. Se a cultura do patinete também vai pegar por aqui, é esperar para ver.

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