Ricardo Joseph e Ian Bonde, fundadores da ViBe Saúde: plataforma de atenção primária digital já soma mais de 500.000 downloads (ViBe Saúde/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 15 de janeiro de 2021 às 18h30.
Última atualização em 15 de janeiro de 2021 às 18h39.
A startup ViBe Saúde, especializada em telemedicina, anunciou ter recebido um aporte de 54 milhões de reais em sua série A nesta semana. O investimento veio da gestora sueca Webrock Ventures, que investe exclusivamente no mercado brasileiro. Em fevereiro de 2020, ela já havia aportado 12 milhões de reais na healthtech.
Fundada em 2018 por Ian Bonde e Ricardo Joseph, a ViBe passou os primeiros anos do negócio focada em uma estratégia de vendas corporativas, para empresas como a Qualicorp. Como o Brasil não permitia a telemedicina de maneira ampla ainda, a empresa inicialmente se dedicou ao monitoramento de doenças crônicas e a serviços de psicoterapia online.
No começo de 2020, ao receber o primeiro aporte da Webrock, a startup fechou uma parceria com a Doktor.se, uma healthtech sueca de telemedicina que já levantou mais de 90 milhões de dólares em investimento.
Usando a tecnologia e experiência da parceira, a startup brasileira montou uma solução própria de atendimento remoto focando na atenção primária à saúde das classes C e D. Por lá, os clientes podem fazer uma triagem com enfermeiros, se consultar com clínicos-gerais e médicos da família, fazer sessões com psicólogos e com nutricionistas.
Em menos de um ano de lançamento, a plataforma já foi baixada mais de 500.000 vezes e realiza, em média, 30.000 consultas por mês.
A startup adota um modelo freemium, popular na indústria de jogos. Quem tiver o aplicativo baixado pode fazer até cinco consultas gratuitas por ano. Para ir além do limite, o cliente precisa pagar uma assinatura que varia entre 50 e 60 reais por mês. Com a estratégia e o investimento em marketing, a meta é chegar a 5 milhões de downloads e 1,5 milhão de consultas até o final do ano.
“Muito antes da pandemia, em países como a Suécia e os Estados Unidos, a telemedicina já era realidade. O Brasil não tem esse player ainda, então por aqui o mercado ainda é muito focado no B2B [vendas para empresas], por isso acreditamos que a ViBe possa ocupar um espaço relevante como uma solução para consumidores finais”, diz Vitor Moreira, sócio da Webrock Ventures.
Com a nova rodada, a empresa irá fazer investimentos em marketing e contratar mais profissionais de saúde (atualmente o quadro clínico tem 50 pessoas) para conseguir aumentar o número de consultas feitas por mês.
“Já oferecemos receitas médicas eletrônicas, em uma parceria com a startup Memed, e temos programas de descontos em medicamentos. Agora, estamos começando a agregar laboratórios para poder oferecer descontos também em exames”, diz o cofundador Ian Bonde.
Em paralelo ao serviço de telemedicina, a ViBe segue com seu trabalho para o segmento corporativo, onde atende cerca de 100.000 pessoas. Em outubro, a startup fechou uma parceria com a D’Or Consultoria, da Rede D'Or São Luiz, para oferecer seu app de atendimento primário aos pacientes deles. Assim, ela também pode oferecer aos seus clientes finais acesso com desconto à rede de médicos e hospitais do grupo D’Or — complementando seu serviço de atenção primária.
A longo prazo, a empresa espera ser uma plataforma com mais de 20 milhões de usuários no país. Um volume alto de clientes possibilitará que, além das receitas recorrentes de assinatura, a startup tenha outras fontes de faturamento, como um e-commerce de medicamentos ou portal de conteúdo sobre saúde. Mas até lá, outras rodadas de captação serão necessárias.