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Startup que melhora visita de técnicos conquista cofundador da Movile

A Produttivo leva tecnologia para atividades em campo, como inspeções e manutenções. Com três anos, a empresa já atraiu clientes como Burger King e Nextel

Anderson Andreatta e Victor Serta, da Produttivo: negócio captou seu primeiro aporte de investidores (Produttivo/Divulgação)

Anderson Andreatta e Victor Serta, da Produttivo: negócio captou seu primeiro aporte de investidores (Produttivo/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 28 de fevereiro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 28 de fevereiro de 2019 às 06h00.

Receber e avaliar técnicos em uma atividade em campo, seja para arrumar o sinal da internet ou para verificar requisitos sanitários em uma lanchonete, é uma rotina que mudou pouco nos últimos anos. Para a startup Produttivo, há aí uma grande oportunidade de trazer eficiência a um setor tradicional e com grandes chances de rentabilização.

Sua solução de gestão de atividades de campo por meio do computador e do celular atraiu investidores de peso, como o cofundador da gigante de tecnologia Movile Fábio Póvoa, e clientes de grande porte, como a rede de fast food Burger King e a operadora de telefonia Nextel. A Produttivo atende 200 clientes e pretende quintuplicar sua base nos próximos dois anos.

Oportunidade de mercado

A ideia da Produttivo veio do negócio anterior dos empreendedores Victor Serta e Anderson Andreatta. Em sua consultoria de software para pequenas e médias empresas, perceberam a demanda por melhorar a gestão e o controle dos serviços em campo. “Cada empresa precisava desenvolver uma solução própria, um investimento financeiramente inviável”, afirma Serta.

De acordo com estimativas da própria Produttivo, o mercado nacional de soluções para inspeção e manutenção é de 900 milhões de reais, com base no número de empresas prestadoras de serviço que realizam instalações e manutenções. Globalmente, a consultoria MarketsandMarkets estima um mercado de 2,56 bilhões de dólares.

Cerca de 95% dos clientes da Produttivo nunca haviam usado uma tecnologia para melhorar a gestão das atividades em campo antes. “O técnico ia ao local, tirava fotos com o celular dele, fazia anotações em qualquer papel e levava tudo isso ao escritório da empresa. A companhia tinha o retrabalho de formalizar tais informações. Só então o cliente ficava sabendo do resultado da atividade em campo.”

Os empreendedores passaram seis meses desenvolvendo e validando o software, lançado em 2016. A empresa cliente da startup cadastra o roteiro de trabalho de seus técnicos na plataforma e escolhe a melhor forma de reportar cada inspeção, manutenção ou geração de laudos -- assinaturas, fotos, listas de checagem de etapas, números, QR Codes ou textos, por exemplo.

As exigências podem ser acessadas pelo técnico no momento da inspeção ou manutenção por um aplicativo para os sistemas operacionais Android e iOS. Esse acompanhamento em tempo real gera a confecção de relatórios técnicos já digitalizados a partir das informações marcadas pelo técnico. Além de ser uma prova do serviço realizado, o relatório dá informações como as principais falhas durante atividades em campo e permite às empresas repensar seus processos.

“Nossos clientes podem olhar mais para os indicadores e menos para os técnicos. Acabou o hábito de ficar ligando toda hora para saber como anda a inspeção. O trabalho desses técnicos também fica mais fácil pelo aplicativo, o que permite que eles atendam mais clientes e tenham mais produtividade”, afirma Serta. Segundo a startup, o uso do software corta pela metade o tempo e o dinheiro gastos pelas empresas com relatórios relacionados a inspeções e manutenções.

Por ser um software como serviço (ou Saas), a Produttivo possui planos variáveis com o porte dos clientes e cobra uma mensalidade média de 500 reais por mês. O negócio já ajudou a gerenciar mil visitas e possui 200 clientes. A startup foca mais no mercado de pequenas e médias empresas, mas atraiu companhias grandes, como Burger King, Nextel, a telecom Algar e a companhia de hardware Siemens. No caso do Burger King, por exemplo, a Produttivo é usada para controlar melhor as inspeções alimentares e contra incêndios nas lanchonetes.

Investimento de figuras carimbadas

A Produttivo captou um investimento semente de um milhão de reais para acelerar seu crescimento. O capital veio do fundo Smart Money Ventures, criado pelos empreendedores em sistemas móveis Fábio Póvoa, cofundador da Movile, e Cesar Bertini, fundador da MC1 Technologies.

“Vendi minha participação da Movile, mas queria estar próximo do empreendedorismo. Juntei minha experiência e capital para tornar-me um investidor-anjo em 2015”, explica Póvoa. O Smart Money Ventures atua de forma sindicalizada, o que significa que Póvoa e Bertini investem na pessoa física e depois escolhem a dedo coinvestidores da rodada. Geralmente, há de 15 a 20 coinvestidores com um ticket médio de 50 mil reais por aporte individual.

Segundo o cofundador da Movile, a escolha pela Produttivo veio do estudo dos empreendedores, da situação da startup e do conhecimento próprio do investidor sobre o mercado de automação em campo para empresas maiores, tendo trabalhado com clientes como a TecBan, responsável pela rede de caixas automáticos Banco24Horas. “Não há um líder claro nesse mercado para equipes em campo, que realmente precisam de mais produtividade. Vejo um potencial enorme”, diz Póvoa.

“Olhamos para startups com ao menos dois fundadores complementares e com background técnico. Além de ter essa equipe, a Produttivo já tinha atingido seu ponto de equilíbrio e apresentava um ponto de faturamento interessante, sem nenhuma rodada de captação anterior.”

Fábio Póvoa, co-fundador da Movile e do Smart Money Ventures

Fábio Póvoa, co-fundador da Movile e do Smart Money Ventures (Smart Money Ventures/Divulgação)

Em até dois anos, a Produttivo espera quintuplicar o número de empresas clientes, chegando a mil usuários. O investimento semente será usado para um marketing mais robusto, com atração de novos clientes e uma abordagem de aumento de ticket médio, por meio da venda de produtos complementares (upsell).

Outra parte do capital será usada para novas funcionalidades, como implementar equipamentos dotados de internet das coisas (IoT). Um refrigerador de um supermercado, por exemplo, teria um sensor para identificar problemas de temperatura automaticamente. Não seria necessário um funcionário perceber um problema e reportá-lo para a empresa registrar uma inspeção e a Produttivo entrar com seu software. O setor pode ser tradicional, mas a Produttivo e seus investidores querem implementar a rotina das startups.

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