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Startup que já mediou 150 mil caronas corporativas capta aporte milionário

O Bynd conecta funcionários da mesma empresa e com trajetos similares para compartilhar automóveis. Agora, expandirá sua solução

Carona: o aplicativo Bynd atende funcionários de 17 grandes empresas (Stockbyte/Thinkstock)

Carona: o aplicativo Bynd atende funcionários de 17 grandes empresas (Stockbyte/Thinkstock)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 20 de setembro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 20 de setembro de 2019 às 13h49.

As caronas por meio de aplicativos estão começando a acelerar no Brasil, diante do crescimento de startups como a BlaBlaCar. Um mercado em expansão gera negócios de nicho. É o caso do Bynd, um aplicativo de mobilidade urbana que defende que o grande diferencial para caronas se tornarem rotina é uma mistura de conveniência e segurança.

O Bynd nasceu há três anos para mediar caronas corporativas, unindo motoristas e passageiros com trajetos similares e tendo o e-mail corporativo como medida de verificação de identidade. De lá para cá, a empresa mediou 150 mil caronas. Agora, captou um investimento de 1,2 milhão de reais para colocar novas funcionalidades em seu aplicativo e chegar a 280 mil caronas corporativas até o final do próximo ano.

Compartilhamento de carros

O aplicativo Bynd foi fundado pelo engenheiro Abraão Barros e pelos economistas Gustavo Gracitelli e Leonardo Libório. Gracitelli, que trabalhava no mercado financeiro, viajou 72 mil quilômetros com quatro amigos (incluindo o futuro sócio Leonardo Libório) durante 13 meses, indo da cidade de São Paulo até o Alasca (Estados Unidos) e depois para o Ushuaia (Argentina). Ao todo, foram 19 países explorados. “Vi como o compartilhamento era uma boa experiência, seja pelo contato ou pela redução de custos. Desde então, ver tantos carros ocupados por apenas uma pessoa passou a me incomodar”, diz o cofundador.

Gustavo Gracitelli (CEO), Leonardo Liborio (COO) e Abraão Lacerda (CTO), do Bynd

Gustavo Gracitelli (CEO), Leonardo Liborio (COO) e Abraão Lacerda (CTO), do Bynd (Bynd/Divulgação)

Apenas na cidade de São Paulo, os motoristas gastam quase três horas diárias no trânsito, sem contar os gastos financeiros com os automóveis e a emissão de poluentes. O Bynd tem como objetivo dar uso aos assentos livres nos automóveis que circulam na cidade, conectando motoristas e passageiros através de redes seguras -- as corporativas.

Após o contato da empresa com a Bynd, os funcionários baixam o aplicativo e se cadastram com seus e-mails corporativos. No app, colocam informações sobre onde moram, que horas saem de casa e seus horários de trabalho. No caso dos motoristas, é preciso informar o dia de rodízio e se irão da empresa para a própria residência ou para outro destino, como uma universidade.

O Bynd realiza um match automático entre motoristas e passageiros ideais. O tempo máximo de desvio entre os destinos deve ser de 10 minutos, para não inviabilizar as caronas corporativas. 

O compartilhamento dos custos ainda é feito de maneira informal entre os funcionários. Para estimular o uso do Bynd nas empresas, o aplicativo possui recursos de gamificação. Os usuários acumulam pontos no uso do app, depois convertidos para programas de fidelidade como Livelo e Multiplus. Quem dá carona para uma pessoa cinco vezes na semana por seis meses acumula cinco mil pontos. Quanto mais eficiente, mais pontos: caso o carro esteja cheio, o mesmo valor é acumulado em apenas um mês e meio.

Aplicativo do Bynd

Aplicativo do Bynd (Bynd/Divulgação)

Equity crowdfunding para expandir caronas corporativas

Em 2016, o Bynd recebeu 200 mil reais em uma aceleração da Oxigênio, do grupo Porto Seguro. A startup acabou de captar um novo aporte por meio da plataforma de equity crowdfunding Eqseed. Em troca de 18% de participação, o Bynd recebeu 1,2 milhão de reais de 106 investidores. Além do novo investimento, a startup passa neste semestre por uma aceleração da Artemisia, focada em negócios sociais, na Estação Hack (espaço de empreendedorismo da rede social Facebook).

O Bynd colocará novas funcionalidades no aplicativo diante do aporte e da nova aceleração. Um dos novos recursos é uma plataforma de pagamentos. Cadastrando contas bancárias e cartões de crédito, um funcionário pode dar gorjetas fixas (como três, cinco ou dez reais) ao motorista. Outro objetivo com os recursos é aumentar a captação de clientes e o número de caronas.

Equipe da startup Bynd

Equipe da startup Bynd (Marco Torelli/Bynd/Divulgação)

 

O Bynd atende hoje 17 empresas com 250 ou mais funcionários, como Bradesco e Coca-Cola. No segundo semestre de 2020, espera expandir a solução para empresas menores. Os usuários poderão dar carona não apenas para colegas de empresa, mas para funcionários de negócios próximos.

O objetivo é ir de 150 mil caronas para 280 mil caronas até o final de 2020, chegando a 40 empresas atendidas. Para o Bynd continuar crescendo, será fundamental convencer os funcionários brasileiros de que as caronas não são apenas para amigos e familiares.

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