Javier Arroyo: empreendedor fundou a companhia em 2009 ao lado do amigo Daniel González (Smartick/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 1 de março de 2021 às 11h30.
Última atualização em 4 de março de 2021 às 10h02.
Depois de entrar em mais de 185 países, a startup espanhola Smartick chega ao Brasil para tentar ajudar crianças e adolescentes a melhorar suas habilidades em matemática. A companhia, fundada em 2009 pelos amigos Daniel González de Vega e Javier Arroyo, usa inteligência artificial para criar aulas online personalizadas de apenas 15 minutos por dia.
Os empreendedores, graduados pela Universidade de Stanford e pela Harvard Business School, se conheceram trabalhando na consultoria multinacional Accenture. Ambos tinham o desejo de empreender e deixaram os cargos executivos para criar diferentes negócios nas áreas de tecnologia e esporte. Mas foi só em 2009, quando Arroyo teve o primeiro filho, que a educação básica passou a ser um ponto de interesse da dupla.
Estudando o mercado, os sócios perceberam uma oportunidade: os índices de performance em matemática dos países europeus e americanos eram substancialmente menores que os dos asiáticos. Desde então, eles trabalham para desenvolver ferramentas digitais que possam ajudar crianças e jovens a aprender a disciplina mais facilmente.
A metodologia da startup é toda baseada na personalização do conteúdo para cada estudante. Com testes iniciais, a inteligência artificial da empresa consegue identificar os pontos fortes e fracos dos alunos. A partir desses resultados, o programa passa a desenvolver as habilidades que precisam de reforço. “Não há nenhum material pré-pronto, impresso. Cada exercício online que é apresentado é feito com base no desempenho do aluno na questão anterior”, diz Arroyo.
Desde que a Smartick começou, há 11 anos atrás, mais de 500.000 estudantes já usaram a plataforma. O negócio opera no azul desde 2013 e não tem nenhum investidor institucional. A única fonte externa de dinheiro do negócio veio em 2017, quando a companhia ganhou um prêmio de 1,3 milhão de euros no programa Horizon 2020, da União Europeia, para investir na sua expansão internacional.
Hoje, a empresa tem forte atuação nos Estados Unidos, México, Peru, Colômbia, Chile, Espanha, Reino Unido e África do Sul. A pandemia ajudou o negócio a crescer. Segundo Arroyo, ao lado do Duolingo e Google Class Room, o aplicativo da Smartick foi o mais baixado na área de educação na América Latina e Espanha durante os primeiros meses de quarentena. Em 2020, a startup dobrou o tamanho da sua operação.
Agora, em 2021, o Brasil é uma das grandes apostas da empresa. Como o país está entre as 20 piores colocações do ranking de matemática, ciências e leitura do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), há muito mercado para a startup explorar. Por aqui, a assinatura mensal do serviço custa cerca de 150 reais por mês.
A meta da empresa é chegar a 150.000 estudantes no Brasil em cinco anos. “O nosso maior competidor é o Kumon, que tem uma marca estabelecida e resultados ótimos. Mas na Espanha, conseguimos superar em 50% o número de estudantes deles em sete anos. Nosso desafio vai ser replicar o feito no mercado brasileiro”, diz o cofundador.
Enquanto acelera a expansão internacional, a Smartick também abre novas áreas de atuação. No último ano, eles lançaram um programa de leitura e interpretação de texto para o mercado espanhol. Agora, estão levando o produto para a América Latina e esperam, em um ano e meio, colocar no ar uma versão em português.
O plano da empresa é ser a principal ferramenta global de reforço escolar dos estudantes no Ensino Fundamental. “Se os alunos dominarem leitura e matemática até os 14 anos, vão ser muito bem sucedidos no Ensino Médio e Superior”, afirma Arroyo.