Fila para entrevista de emprego: diferencial da plataforma da startup Revelo é inverter o processo de contratação (Wand_Prapan/Thinkstock)
Mariana Fonseca
Publicado em 20 de outubro de 2017 às 14h23.
Última atualização em 20 de outubro de 2017 às 14h43.
São Paulo – A startup brasileira Revelo tem por missão democratizar a contratação dos melhores talentos – usando, para isso, a tecnologia. Nesta semana, o negócio ganhou um reforço para cumprir o prometido: um aporte no valor de 4,6 milhões de dólares (na cotação atual, cerca de 14 milhões de reais).
O investimento série A foi liderado pelo fundo de venture capital Valor Capital Group, conhecido por aportar em diversas startups brasileiras, como Guia Bolso e Pipefy. O marketplace australiano de contratações Seek também é um dos investidores. Com o aporte, a Revelo quer melhorar três frentes dentro da empresa e conquistar mais clientes grandes.
A Revelo, antes conhecida como Contratado.ME, foi criada em 2014. Na época, pouco se falava no Brasil sobre o segmento de HR Techs: negócios que têm por missão levar tecnologia para o setor de recursos humanos.
Os sócios Lachlan de Crespigny e Lucas Mendes moravam nos Estados Unidos e perceberam como havia a oportunidade de resolver os problemas brasileiros na área de recrutamento de talentos.
“A gente buscava possíveis aplicações de tecnologia no Brasil, vendo os problemas que ele tinha. Entrevistamos dezenas de fundadores de empresas e percebemos que a dificuldade era encontrar os melhores talentos”, conta Mendes. “As HR Techs ainda não tinham desembarcado, e vimos nisso uma grande oportunidade: afinal, o Brasil é o quinto maior mercado de recrutamento e seleção do mundo.”
O diferencial da plataforma da Revelo é inverter o processo de contratação: no lugar de as empresas postarem suas vagas e profissionais se candidatarem, a startup criou um marketplace de profissionais.
O candidato se inscreve e, então, passa por um processo seletivo contínuo. Por meio de inteligência artificial e machine learning, a Revelo coleta diversas informações sobre o candidato. Depois, o usuário passa por testes das habilidades que ele alegou possui. As questões vão de fáceis a difíceis, avaliando até qual ponto o candidato consegue chegar.
A cada 20 candidaturas feitas na Revelo, apenas 1 usuário permanece na plataforma. Apenas essa elite de 5% dos inscritos é, então, colocada à disposição das empresas. Elas podem aplicar seus filtros – por exemplo, procurar um programador que saiba Python e aceite uma faixa salarial específica.
Mendes afirma que o fato de os candidatos já estarem pré-selecionados, divididos por competências e prontos para trabalhar reduz em muito o tempo dos processos seletivos: enquanto com uma consultoria de recursos humanos ele pode levar dois meses, na Revelo levaria duas semanas.
Hoje, a Revelo atende mais de 1.500 empresas. Entre os clientes estão desde startups até grandes negócios, como 99, B2W, Cielo, Grupo Pão de Açúcar, Hospital Albert Einstein, Itaú Unibanco, Kroton e Natura.
“Temos uma série de clientes que são pequenas e médias empresas, pois elas também possuem a necessidade de atrair talentos, com a diferença de não possuírem o orçamento para contratar uma consultoria de RH. Assim, temos como democratizar o acesso aos melhores profissionais”, explica Mendes.
O novo aporte de 14 milhões de reais tem como objetivo aprimorar três áreas da startup, explica Mendes. Primeiro, reforçar os esforços comerciais no atendimento às grandes empresas.
“Nossa equipe está de olho nas 500 maiores empresas do Brasil, que são as que mais têm a ganhar com um RH eficiente, objetivo e tecnológico.”
Depois, a Revelo quer sofisticar a equipe de desenvolvimento de produto, melhorando os algoritmos de seleção. Por fim, as carreiras atendidas serão expandidas: a startup atenderá não apenas profissionais de tecnologia, mas áreas como administração, design e marketing.
Com as medidas, a Revelo planeja triplicar de tamanho em 2018, aprofundando sua atuação nas cidades já atendidas, como Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro.
A startup não abriu o faturamento, pelo contrato de confidencialidade previsto no investimento, e diz ter o crescimento como meta. “A gente poderia ter atingido o break even, e já chegamos a atingi-lo no passado, mas esse não é o nosso foco no momento. Queremos transformar o mercado e, para isso, o investimento é importante”, conclui Mendes.