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Startup faz parceria com Ipiranga e mira ser "Amazon das peças" no Brasil

O Canal da Peça acumula aportes de capital de 29 milhões de reais desde 2013 e está buscando 10 milhões de dólares junto a fundos de private equity

Ipiranga: acordo envolve criação de mercado online de insumos que são usados pelos clientes empresariais da distribuidora (Lia Lubambo/Site Exame)

Ipiranga: acordo envolve criação de mercado online de insumos que são usados pelos clientes empresariais da distribuidora (Lia Lubambo/Site Exame)

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Reuters

Publicado em 3 de agosto de 2018 às 16h33.

São Paulo - O Canal da Peça acertou uma parceria com a Ipiranga em um projeto que reforçará os negócios da segunda maior distribuidora de combustíveis do país junto a clientes empresariais e ampliará a abrangência da companhia de tecnologia criada em 2012, afirmou o presidente-executivo da startup, Vinicius Dias.

O acordo envolve a criação de um mercado online de insumos que são comumente usados pelos clientes empresariais da Ipiranga, não apenas óleo diesel e outros combustíveis, mas peças de reposição e outros produtos para veículos e equipamentos.

O Canal da Peça acumula aportes de capital de 29 milhões de reais desde 2013 e está buscando 10 milhões de dólares junto a fundos de private equity para uma nova rodada de investimentos neste ano que prevê expansão de seu quadro de funcionários de cerca de 100 para 250 pessoas na cidade de São Paulo. Entre os investidores atuais estão o fundador do site comparador de preços Buscapé, Romero Rodrigues.

Segundo Dias, a parceria com a Ipiranga, do grupo Ultrapar, tem potencial total de vendas de 2,7 bilhões de reais e entrou em operação há cerca de dois meses. A distribuidora de combustível procurou o Canal da Peça há cerca de um ano e meio buscando um parceiro de tecnologia para ampliar suas vendas aos clientes empresariais, disse o executivo.

"Eles (Ipiranga) vendem diesel e querem colocar todo o resto na plataforma", disse Dias, que antes de ajudar na fundação do Canal da Peça trabalhou em fundo de hedge do Goldman Sachs em São Paulo.

Procurada, a Ipiranga não pode comentar o assunto até a publicação do texto.

O Canal da Peça é remunerado cobrando taxas sobre cada venda de produto feita em sua plataforma. O valor varia de 1 a 20 por cento por transação, disse Dias. No caso do projeto com a Ipiranga, a taxa cobrada "é a menor", afirmou o executivo, sem dar detalhes. Além do percentual, o Canal da Peça também cobra pelo trabalho de montagem de sistema de marketplace.

Dias não esconde a inspiração no modelo de negócios da norte-americana Amazon.com. "Mas em vez de começarmos com livros, como eles fizeram, começamos com peças." A vantagem é que assim como livros, que possuem o código identificador ISBN, peças de diferentes fabricantes também têm códigos padronizados que facilitam a tarefa de catalogação e disponibilização em sistemas de comércio eletrônico.

Em 2017, o Canal da Peça movimentou 600 milhões de reais em sua plataforma, crescimento de três vezes ante os três anos anteriores. A companhia faturou 6 milhões de reais no ano passado e a expectativa para 2018 é atingir os 20 milhões de reais, disse Dias. O fluxo de visitantes é de 400 mil por mês.

O crescimento tem sido apoiado em parte pela ausência de grandes investimentos em novas capacidades produtivas no país, em meio à lentidão da economia nacional, o que fomenta a procura por peças de reposição para trabalhos de manutenção de equipamentos e veículos, afirmou o executivo.

"As pessoas param de comprar máquinas e veículos novos e passam a fazer mais manutenção. No varejo norte-americano, por exemplo, as empresas distribuidoras de peças triplicaram de valor durante a crise de 2008", disse Dias.

O mercado brasileiro de veículos tem este ano um primeiro ano mais intenso de crescimento de vendas após quatro anos de quedas e um 2017 que terminou com leve expansão. Segundo Dias, esse crescimento tem um efeito de "demanda contratada futura de peças".

Questionado sobre os planos futuros do Canal da Peça, dado o histórico do executivo no mercado financeiro, Dias fez um paralelo com as empresas argentinas de tecnologia Decolar.com e Mercado Livre, que são listadas em bolsas nos EUA.

"Tirando a PagSeguro, não tem uma empresa brasileira de tecnologia listada em Nova York que valha 1 bilhão de dólares. Temos obrigação de marcar um ponto ali. Está dois a um para os argentinos", brincou Dias, citando a companhia de meios de pagamento que listou ações nos EUA no começo deste ano.

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