Marcus Rodrigues, Lucas Moreno e Elio Santos Jr., fundadores da ElloX: tecnologia para modernizar portos (Hugo Hora/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 7 de fevereiro de 2022 às 10h55.
Última atualização em 7 de fevereiro de 2022 às 11h59.
Resolver os impasses globais de logística de cargas por meio da tecnologia. Essa é a missão da ElloX, startup fundada em Santos, em 2018, que acaba de receber um aporte de R$ 3 milhões da KPTL. Uma das principais gestoras de investimento em venture capital do país, a KPTL encerra o ciclo de investimentos do Fundo Criatec 3, totalizando 36 empresas investidas dos mais variados setores.
A pandemia virou de ponta cabeça o comércio exterior. A partir de 2020 o fluxo global de cargas e contêineres encontrou impasses e gargalos como nunca se viu. Com isso, o valor dos serviços de frete disparou, impactando toda a cadeia produtiva e os preços para o consumidor final. A ElloX atua justamente para solucionar esse problema.
Trata-se de um Software as a Service (Saas) que auxilia exportadores e importadores na gestão das operações logísticas necessários para sua atividade. O objetivo com o investimento é investir no novo negócio de Freight Broker Digital, como são chamadas as soluções online para orçamento de frete marítimo, contratação de despacho aduaneiro.
No sistema da ElloX, a apresentação dos preços dos serviços funciona em tempo real, sendo que hoje o mercado demora, geralmente, até quatro dias para retornar aos clientes.
“A logística marítima ainda é muito ineficiente em diversos aspectos. O time da ElloX, com seu profundo conhecimento do funcionamento dos portos, está criando tecnologias que vão transformar o modo como esse setor opera”, diz Renato Pavan, Head de investimentos da KPTL.
“Ouvimos relatos de alguns dos maiores exportadores brasileiros nos contando sobre a troca de milhares de e-mails por dia para conduzir suas operações. Com o software da ElloX, tudo isso ocorre com muito mais organização e inteligência em cima dos dados”, diz Pavan.
O economista Lucas Moreno, CEO e cofundador da ElloX, passou seis anos dirigindo o terminal de exportação no maior Porto da América Latina e observou muitas ineficiências do dia a dia para exportar e importar cargas. “Isso se dava tanto na gestão das tarefas como na contratação dos fornecedores necessários para realizá-las. São processos até hoje feitos de maneira manual, com troca de dezenas de e-mails e controles em planilhas”, explica.
Para otimizar esses processos, ele se juntou a Elio dos Santos e Marcus Rodrigues, que juntos possuem décadas de experiência no setor, e juntos resolveram criar uma experiência digital na cadeia logística de cargas. Entre os cerca de 20 clientes estão grandes empresas exportadoras do agronegócio, como CJ Selecta, ADM do Brasil e Amaggi.
A startup lucra com processos de despacho aduaneiro, além da intermediação do frete marítimo e cross-selling do próprio despacho. De acordo com Lucas Moreno, é um mercado que movimenta US$ 7 trilhões por ano no mundo, sendo US$ 80 bilhões apenas no Brasil. Um dos principais benchmarks da companhia é a americana Flexport, que captou US$ 1 bilhão em sua última rodada de investimento liderada pelo SoftBank, em 2019.
Em outubro passado, a ElloX realizou em Santos uma operação incomum que vale ser registrada. Analisando dados internos, diante do cenário de falta de contêineres no Brasil e de altos custos de frete marítimo em contêiner, a companhia conseguiu viabilizar um tipo de operação chamada “Breakbulk”.
Assim, embarcou 7.000 toneladas de PVC — que normalmente deveriam ser enviadas em contêineres — em navios que são usuais para as cargas a granel, como soja, milho, trigo, farelo, minério de ferro.
Desta forma, com a solução viabilizada pela ElloX, este navio deixou de utilizar 280 contêineres. Foi uma alternativa diante do caos e mais cargas tendem a migrar para este tipo de operação, gerando assim uma redução na pressão de demanda por frete marítimo em contêiner e trazer os preços para níveis normais.
“Esperamos ser uma plataforma única para empresas exportadoras e importadoras acompanharem todas as etapas de sua cadeia logística internacional, em qualquer modal a ser usado e controlar seus fornecedores. Além disso, seremos um shopping logístico em que o nosso cliente possa acessar os demais fornecedores do mercado, avaliando preços em tempo real”, diz o CEO Lucas Moreno.
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