Shawee e Rocketseat: empresas atuam juntas em eventos para desenvolvedores brasileiros desde 2018 (Rocketseat/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 4 de novembro de 2020 às 09h00.
Última atualização em 5 de novembro de 2020 às 11h38.
Unir forças para crescer dentro do ecossistema de desenvolvedores brasileiros. Essa foi a estratégia por trás da fusão das startups Shawee, especializada em hackathons, e da Rocketseat, escola de programação. As empresas, parceiras desde 2018, anunciam a fusão nesta quarta-feira, 4, em um bom momento para os negócios. No final de outubro, a Shawee foi coroada Startup do Ano na premiação brasileira Startup Awards, realizada pela Associação Brasileira de Startups (ABStartups).
Juntas, as empresas querem contribuir para a formação de mais 100.000 novos programadores no Brasil até o final de 2023. Até hoje, as duas startups já atingiram pelo menos 500.000 profissionais no Brasil.
Os modelos de negócio são complementares. A Rocketseat foi criada em 2017 por três programadores, Cleiton Souza, Diego Fernandes e Robson Marques, que perceberam um descompasso no mercado de inovação.
Dados da Brasscom estimavam um déficit de 264.000 profissionais de tecnologia até 2024 no Brasil, mas o trio conhecia uma série de programadores que não conseguiam um emprego. A empresa foi criada então para ser uma ponte entre os dois lados, capacitando os profissionais em bootcamps online em que os alunos aprendem de forma prática as habilidades desejadas pelo mercado de trabalho.
A Shawee trabalha também com programadores, mas em outra ponta. A startup, criada em 2017 por Rodrigo Terron e Abraão Sena, se especializou em aproximar empresas do mercado de inovação com hackathons — eventos em que programadores e designers são desafiados a construir novos produtos de tecnologia em troca de um prêmio. Atualmente, a empresa já soma mais de 400 projetos executados para marcas como Globo, Itaú e Mercado Livre em doze países.
Até 2019, a Shawee organizava eventos presenciais, mas reformulou seu negócio para atuar de forma 100% digital no começo do ano — decisão que se mostrou acertada com a chegada da pandemia do novo coronavírus.
Este ano, a empresa projetava faturar 2,8 milhões de reais, mas já chegou na casa dos 3 milhões em outubro — resultado superior ao de 2019. Como os eventos online são mais baratos que os presenciais, a margem de lucro aumentou. Já a Rocketseat, que cresceu 1.100% em 2019, projeta um faturamento 70% maior em 2020.
“Na Shawee, precisávamos de uma rodada de investimento ou de uma nova parceria para escalar a operação. Quando conversamos com a Rocketseat, percebemos que poderíamos levar os hackathons para dentro da metodologia de ensino”, diz Terron.
Agora, com a fusão, os sócios da Shawee serão diretores da Rocketseat, que mantém a marca. Unindo os funcionários, a nova empresa soma 72 pessoas. Como modelo de negócio, ela se propõe a formar 100.000 profissionais e a fazer a sua conexão com o mercado de trabalho. “Não basta formar, temos que nos responsabilizar pela empregabilidade”, diz Robson Marques.
A fusão das startups confirma uma tendência de 2020. O ano já bateu o recorde de fusões e aquisições no mercado de inovação brasileiro. Foram mais de 100 transações do tipo até setembro, contra 63 em 2019.
A operação entre a Shawee e a Rocketseat não é a primeira do mercado de educação em tecnologia. Em julho, a escola de programação Trybe comprou a Codenation para construir um modelo que também une formação com conexões ao mercado de trabalho.
Em um momento em que a transformação digital dos negócios se torna central, é natural que haja um corrida para formar os profissionais que tornam o desenvolvimento de tecnologia possível.