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Startup de venda de carros Carflix recebe investimento de R$ 15 milhões

Rodada série A foi liderada pelo BV; empresa planeja utilizar o capital para investir em tecnologia e iniciar expansão para outras cidades

Fabio Pinto, presidente da Carflix: empresa vendeu 500 carros no segundo semestre de 2019 (Carflix/Divulgação)

Fabio Pinto, presidente da Carflix: empresa vendeu 500 carros no segundo semestre de 2019 (Carflix/Divulgação)

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Carolina Ingizza

Publicado em 30 de junho de 2020 às 06h00.

Última atualização em 30 de junho de 2020 às 18h00.

A startup Carflix, que intermedeia venda de carros usados, acaba de receber um investimento de 15 milhões de reais em plena pandemia. A rodada série A, aberta no final de 2019 e finalizada na semana passada, foi liderada pelo banco BV. Até então, a empresa havia levantado 2 milhões de reais em uma rodada seed no começo de 2019, liderada pelo fundo BR Startups, gerido pela MSW Capital.

Segundo o fundador e presidente Fábio Pinto, a empresa irá utilizar o capital para fortalecer o modelo de negócio e a infraestrutura tecnológica, assim como iniciar sua expansão para outras regiões do país. Hoje a startup analisa a possibilidade de entrar em Campinas, Curitiba e Brasília. “O negócio de carros usados pede que você esteja em mais de um lugar, é difícil vender um veículo usado de Salvador a São Paulo”, diz o sócio.

Para o BV, o investimento faz parte de um processo de acompanhar a mudança de comportamento dos consumidores e o processo de digitalização crescente, acelerado pela pandemia.

“Tem consumidores que querem comprar e vender diretamente para outros consumidores — isso é natural em um ciclo de transformação. Nós queremos entender melhor como essa situação se comporta e alavancar negócios nessa frente”, afirma Guilherme Horn, diretor de estratégia digital e inovação do banco BV.

Expectativas para 2021

A empresa cresceu 530% em faturamento ao longo de 2019. Só no segundo semestre de 2019, foram vendidos 500 automóveis. Em 2020, por conta da crise, não será possível repetir o mesmo patamar de crescimento. A startup tinha 23 funcionários em março, mas precisou reduzir o time a 15 pessoas por conta da queda na demanda durante o período de isolamento social. 

A expectativa dos sócios é que, no segundo semestre deste ano, com a reabertura da econômica, aconteça uma recuperação gradual do que foi perdido, para que, em 2021, seja possível crescer como em 2019. 

O novo investimento deve facilitar o processo de retomada. A Carflix planeja colocar no mercado em breve um software de vistoria de carros, o que possibilitaria escalar ainda mais o modelo de negócio. “O cliente precisaria tirar as fotos do carro e a gente faria a análise de maneira remota, usando inteligência artificial”, diz Pinto. 

História da empresa

Antes de criar a Carflix, os empreendedores Alan Ladeia e Fabio Pinto trabalharam respectivamente com vendas e operações em uma rede de concessionárias. “Nós víamos o problema que era vender um carro usado, com uma assimetria de informações entre concessionária e dono do veículo e entre o dono do veículo e o comprador final”, afirma Pinto.

O ano de fabricação, quilômetros rodados e estado geral do automóvel podem influenciar no preço de venda, sem que muitos donos entendam como ele foi definido — os proprietários perdem de 20 a 30% do valor do automóvel na transação com a concessionária, diz o empreendedor. 

No caso de anúncios online, os compradores não sabem se o veículo passou anteriormente por consertos e os dois lados da equação temem encontros inseguros e fraudes, sejam nos documentos ou nos pagamentos. Para tentar minimizar os problemas de quem compra ou vende, os empreendedores criaram a Carflix no começo de 2018. 

Como funciona

O dono do veículo entra no site, cadastra o automóvel e reserva um dia de inspeção, que pode ser a domicílio ou em algum dos três centros de inspeção da startup na Grande São Paulo. 

O carro passa por uma checagem documental, que vai do financeiro à ocorrência de sinistros, e uma checagem física, com mais de 150 itens avaliados. É preciso ter até oito anos de fabricação e até 150 mil quilômetros rodados. Cerca de 20% dos veículos são reprovados nessa fase.

Caso seja aprovado, a Carflix tira fotos e sobe anúncios em diferentes portais de compra e venda de carros seminovos e usados. A startup filtra compradores, oferece financiamentos em parcerias com bancos, faz uma segunda checagem na hora da venda e cuida da passagem de titularidade e do fluxo de pagamentos. A Carflix dá um ano de garantia ao automóvel após a finalização da compra e cobra 5,9% do dono do automóvel caso a venda seja bem-sucedida. 

O mercado de usados e seminovos é grande: em 2019, foram comercializados 14.592.691 veículos usados no Brasil. Além da Carflix, existe também a startup Instacarro, que faz uma espécie de leilão online com o carro dos clientes e consegue vendê-los em até uma hora. Outra empresa que atua no segmento é a Volanty, que compra veículos e os revende em sua plataforma digital. 

“É um mercado grande e fragmentado, em que a venda direta entre consumidores não é prioridade. Temos chance de agregar valor”, diz o presidente da Carflix.

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