Netflix: recompensas na Stash começam com 0,125 por cento dos gastos (Getty Images/VIP)
Mariana Fonseca
Publicado em 15 de março de 2019 às 11h00.
Última atualização em 8 de maio de 2019 às 13h22.
Se você estiver procurando um novo cartão de crédito ou débito, notará rapidamente que existem muitas, mas muitas, opções. O da Uber Technologies possibilita a entrega gratuita de alimentos; o da Amazon inclui um vale-presente; o da Ikea parece ser feito de madeira.
Do ponto de vista das operadoras de cartão, o melhor é ter uma oferta única o bastante para se destacar em um enorme conjunto de opções. A mais recente empresa a tentar é a Stash Financial. A startup de investimentos e finanças pessoais com sede em Nova York planeja anunciar nesta terça-feira um novo recurso de "fundo de ações" nos cartões de débito da Stash.
A proposta: na próxima vez que você comprar na Amazon, pagar a conta da Netflix ou fizer mercado na Kroger, em vez de receber dinheiro de volta, você ganhará frações de ações da empresa.
As recompensas começam com 0,125 por cento dos gastos, menos do que alguns outros cartões de crédito que devolvem dinheiro, embora a companhia tenha afirmado que essa taxa pode chegar a até 5 por cento, dependendo de ofertas e promoções. Para compras em, digamos, um restaurante local que não é negociado na bolsa, os clientes ganharão ações em um fundo negociado em bolsa relacionado.
A Stash também planeja anunciar nesta terça-feira que fechou uma nova rodada de financiamento de US$ 65 milhões, e boa parte dela será destinada a produtos adicionais como este cartão.
A startup entra assim em um grupo crescente de empresas de tecnologia financeira que estão se envolvendo em serviços mais parecidos com o de bancos. A Stash fará uma parceria com o banco Green Dot. A companhia espera gerar lucro com as taxas de transação e direcionar as pessoas para seus outros produtos de investimento.
A concorrência, claro, é acirrada - e não apenas por causa de nomes como PayPal Holdings, Visa e American Express. Nesta semana, meus colegas informaram que o Goldman Sachs Group e a Apple selecionaram uma empresa de processamento de pagamentos para ajudar em sua parceria planejada de cartão de crédito. A reação tímida dos analistas a essa dupla, apesar do enorme porte das empresas, pode ser um sinal do quanto esse espaço ficou disputado.
"Nada no lançamento da Apple leva a crer que ele será particularmente bem-sucedido", disse Lisa Ellis, analista da MoffettNathanson, à Bloomberg. Ellis ressalta que, quando duas grandes empresas lançam um cartão de marca conjunta, normalmente ele vem recheado de recompensas.
A Apple não é famosa por conceder descontos, por isso é difícil imaginar o que exatamente vai chamar a atenção dos consumidores, especialmente porque adicionar um novo cartão de crédito ou cancelar outro cartão de crédito para obter esse são ações que afetam a pontuação de crédito de um indivíduo.
A Stash tentará fazer algumas coisas de outro modo. Por um lado, a companhia está anunciando um cartão de débito, então as compras provavelmente serão menores e não afetarão as pontuações dos usuários. E as recompensas em ações, ao contrário das milhas das empresas aéreas, são menos propensas a induzir compras adicionais, ressalta a empresa. A ideia da Stash - promover a contenção financeira para aumentar os gastos em seus cartões - talvez esteja tão na contramão que conseguirá chamar a atenção.