Amigo Edu: a empresa criou durante a pandemia uma solução online de vestibulares que foi usada por instituições como FGV, Grupo Laureate e Belas Artes (Amigo Edu/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 30 de outubro de 2020 às 06h00.
Última atualização em 30 de outubro de 2020 às 08h02.
Da crise, uma startup brasileira recém-criada tirou sua maior oportunidade de negócio. A Amigo Edu, empresa de educação lançada em janeiro de 2020, chegou ao mercado com a proposta de ser uma ferramenta de descontos para conectar alunos a universidades particulares, como um “Booking” do ensino superior.
Com a pandemia, a companhia percebeu que as faculdades iriam precisar de ferramentas confiáveis para fazer seus vestibulares online. Assim, passou a desenvolver um produto na área. Sua solução própria, lançada em abril, já foi usada na aplicação de 250.000 provas em 26 universidades em todo o país, entre elas a Fundação Getúlio Vargas e a Belas Artes.
Agora, a startup dá um passo além e lança uma prova maior, chamada de Exame Nacional do Amigo Edu (Enae). A ideia é que os alunos tenham uma chance de fazer um simulado online gratuito e possam utilizar a nota da prova para pleitear descontos nas matrículas das universidades parceiras da startup. A estimativa é realizar 50.000 provas do ENAE no dia 9 de janeiro de 2021.
De acordo com Beto Dantas, presidente e fundador da startup, o Enae foi pensado para suprir um vácuo na iniciativa privada com o adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que deve ter os resultados divulgados só em março do ano que vem.
As faculdades que usam o resultado do Enem para o seu sistema de bolsa ficariam com uma demanda represada de novas matrículas até o começo de abril. O Enae surge então como alternativa para medir o desempenho dos candidatos. “Se o aluno foi muito bem no Enae, conseguimos apresentá-lo para as universidades que ele teria interesse em cursar e pedir uma bolsa”, diz o fundador.
A Amigo Edu é resultado da visão empreendedora de Beto Dantas. Filho de donos de escolas em Alfenas, em Minas Gerais, o empreendedor trabalhou em todas as frentes de educação até decidir criar uma empresa de ensino remoto em 2005. Anos mais tarde, decidiu vir para São Paulo e criar um projeto que conseguisse ajudar estudantes que não podem pagar pelo ensino superior, a Anjo Educador.
Em 2020, o projeto se transformou em empresa, a Amigo Edu, e recebeu 4 milhões de reais de investidores-anjo. A startup se propõe a conectar potenciais estudantes com universidades. Para isso, oferece uma série de descontos de parceiros como Magazine Luiza, Renner e Uber Eats.
O aluno precisa pagar uma taxa de 250 reais para se inscrever na plataforma. A partir disso, consegue economizar na matrícula da faculdade e também nas compras pelo clube de benefícios. A empresa também oferece uma conta digital gratuita e cursos de gestão para todos os 500.000 estudantes registrados na sua plataforma.
A partir de novembro, com a chegada do PIX, a empresa quer criar mais uma frente de receita, a Edux. Por uma interface desenvolvida pela startup, os alunos poderão pagar as mensalidades da faculdade via transferência instantânea, o que ajudaria as instituições de ensino a economizar no custo de emissão de boletos de pagamento. “Já começamos a demonstrar a universidades parceiras como o sistema vai funcionar”, diz Dantas.
Somando o faturamento das unidades de descontos, vestibular online e PIX, a Amigo Edu projeta terminar 2020 com faturamento de 10 milhões. Em 2021, a meta é ganhar escala no negócio e buscar uma nova rodada de investimento.